DERIVATIVOS & GOVERNANÇA QUAL O PAPEL DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS PERDAS COM DERIVATIVOS DAS EMPRESAS NÃO-FINANCEIRAS NA CRISE?
por RODRIGO ZEIDAN
Meio trihão de dólares – U$ 500.000.000.000,00 - essa foi a quantia estimada por Randal Dodd do FMI em 2009 (“Exotic Derivatives Losses in Emerging Markets: Questions of Suitability, Concerns for Stability”) da perda das empresas não-financeiras com transações em derivativos após o início da crise financeira no final de 2007. No Brasil os casos emblemáticos foram os da Aracruz, Sadia e Votorantim, embora dados recentes do Banco Central revelem que as perdas foram de mais de R$ 30 bilhões em dezenas de empresas de capital aberto e fechado. No mundo as perdas se espalharam por todos os continentes, com empresas da Índia, Indonésia, Polônia, China, Coréia do Sul, entre outros países.
Existe uma explicação simples, mas insuficiente, para explicar essas perdas; as empresas estavam simplesmente se protegendo, através de estratégias de hedge, das variações de câmbio ou, em alguns casos, do preço do petróleo. Nesse caso, as perdas das empresas seriam apenas perdas contábeis e seriam compensadas pelo aumento da receita operacional. Assim, uma empresa exportadora ganharia, operacionalmente, com um aumento na taxa de câmbio, mas perderia nos contratos com derivativos. Essa explicação, embora atraente, não serve para explicar a maioria dos casos, dado que a reação do mercado acionário ao anúncio da perda, para muitas empresas, foi brutal, com casos como o da Citic Pacific, de Honk Kong, cujas ações despencaram 70% em 3 dias, ou da Aracruz, cuja ação saiu de R$ 12,00 antes da crise para R$1,40 em novembro de 2008.
Continua...