Em Pauta

NOVA VERSUS VELHA ECONOMIA: A HORA DA GRANDE ACELERAÇÃO

A primeira vez que se empregou publicamente a expressão “Nova Economia” foi em maio de 1983, na revista Time Magazine em artigo de Charles P. Alexander denominado The New Economy, para descrever a substituição da lógica de fabricação manufatureira por outra, que é o fornecimento de produtos e serviços associados ao desenvolvimento de tecnologia, formado por empresas com modelos de negócio digitais – aquele em que existe uma convergência de múltiplas inovações tecnológicas, potencializadas pela conectividade. Quando a pandemia chegou, o conceito de Nova Economia já estava presente na sociedade empresarial brasileira há pelo menos uma década, mas não era algo muito difundido. Presente em startups e fintechs, grandes corporações, em geral, vem utilizando o termo para embelezar seus discursos disruptivos, mas sem muita prática nos seus planos de negócios.

A crise e o medo dos empresários de verem suas companhias sucumbirem garantiu um grande salto neste conceito, situação que o economista Ricardo Amorim chama de “a grande aceleração”, onde empresas e consumidores voltaram o olhar para as novas tecnologias e inseriram nas suas empresas estratégias de inovação.

“Então tudo aquilo que já existia no Brasil, mas era mal regulamentado, como delivery, home office, telemedicina, passou a fazer parte do cotidiano das companhias. O presente foi transformado, mas o pós-pandemia será ainda muito diferente do que esperamos, graças a essa aceleração tecnológica. É só olhar ao redor, toda semana surge um novo unicórnio (startups avaliadas em mais de R$ 1 bilhão)”, exemplifica Amorim.

Ele cita diversos fatores que propiciaram este cenário, o primeiro é o amadurecimento de tecnologias como blockchain, inteligência artificial, realidade virtual, realidade aumentada, 5G, veículos elétricos e computação quântica.

Além disso, as empresas brasileiras passaram a implementar tecnologia e inovação nas suas rotinas, internet, aplicativos, nuvem, etc... propiciaram processos mais simples que facilitaram a geração de novas ideias, a sua execução e a transformação em produtos ou serviços. “Surgiram novos modelos de negócio pela disponibilidade de capital e novas tecnologias”, diz. Este foi o começo de um processo de aceleração da Nova Economia no Brasil.

O capital também contribuiu. Segundo Amorim, o país estava bastante atrasado no financiamento à inovação, mas com a pandemia e as taxas de juros no seu menor patamar histórico, de 2% ao ano, um fluxo de recursos foi gerado desde investimento anjo, venture capital até financiamento de startups e inovação, o que potencializou ainda mais o crescimento do ecossistema da nova economia.

DNA de empreendedor do futuro
Longe de ser uma forma de classificar startups e fintechs, o conceito da Nova Economia também se tornou mais abrangente. Neste cenário, em que todo mundo se viu forçado a digitalizar seu negócio, usar delivery ou implementar o home office, engana-se quem acredita que já pode ser classificado como o empreendedor da nova era.

Diego Barreto, CFO do ifood e autor do livro “Nova Economia – Entenda por que o perfil empreendedor está engolindo o empresário tradicional brasileiro”, explica que empresas que são consideradas da Nova Economia são aquelas capazes de compreender a convergência de múltiplas tecnologias e as inserir nos próprios negócios. Isso, em consequência, muda radicalmente o padrão das organizações, o nível de produtividade dos colaboradores e tem um impacto benéfico para a sociedade.

Adriano Silva, fundador do projeto Draft, aponta que existem 4 DNAs do empreendedor da Nova Economia: o empreendedor criativo, que trabalha motivado pelo propósito; o empreendedor de impacto social, que busca solucionar uma dor da sociedade; empreendedor de escala ou de startup, focado no crescimento exponencial e lucro; e o intraempreendedor, aquele que não precisa de um novo CNPJ para empreender e consegue fazer isso dentro de uma grande empresa. 

Embora este conceito dos 4 DNAs tenha surgido em 2014, Silva enxerga que ele continua válido até hoje, foram 5 mil empresas perfiladas pelo Draft sob estes critérios. Isso porque na Nova Economia a tradição conta pouco e vivemos um momento em que companhias que achavam ter o mercado garantido, perceberam que nada é certeza na hora de fazer negócios.

Na visão de Ricardo Amorim, a pandemia propiciou a convergência de todos esses DNAs, que estão cada vez mais misturados nas empresas da Nova Economia. “O mercado de trabalho mudou e a separação ficou inviável”, defende.

Um exemplo disso seria o ESG (Environmental, Social and Governance) tendência que vem ganhando espaço nas empresas e nos investimentos. Para Amorim a maior parte das companhias da Nova Economia já nasce com objetivos alinhados a estes pilares: ambiental, social e de governança que vão muito além dos lucros.

Outro fator que evoluiu foi o intraempreendedorismo. Se antes era utilizado para motivar o funcionário para empreender dentro da empresa, agora ele se tornou uma oportunidade de gerar novas unidades de negócio. “É como se as empresas fossem incubadoras”, aponta.

É por estes motivos que ser parte da Nova Economia, vai muito além de digitalizar seu negócio ou empresa. No final, o conceito tem mais a ver com uma mudança de pensamento e comportamento no universo dos negócios.

Para Arthur Igreja, especialista em inovação e negócios, empresas da Nova Economia reúnem três características marcantes. A primeira é a capacidade de usufruir e implementar nos seus negócios as tecnologias disponíveis que surgiram após o ano 2000. A segunda característica, é poder adaptar toda essa tecnologia para revolucionar os serviços, atendendo os consumidores de um jeito novo e entendendo suas dores.

Por último, Igreja lembra que empresas da Nova Economia podem dar lugar a novos setores ou reinventar os existentes por meio da inovação. Um exemplo de transformação de um setor é a plataforma Contabilizei, que recriou o conceito de contabilidade, deixando para atrás a necessidade de procurar um escritório presencialmente. “Agora o consumidor pode usufruir dos serviços de contabilidade a partir de qualquer lugar”, diz.

“É importante esclarecer que empresas da Nova Economia, não necessariamente são empresas novas ou recém-chegadas ao mercado. Até mesmo uma companhia com 64 anos de história como a Magazine Luiza pode ser considerada da Nova Economia”, diz.

Para Anderson Godz, investidor de startups e fundador da Gonew.Co, não existe mais uma separação entre companhias tradicionais e empresas inovadoras, todas precisam fazer parte da Nova Economia para sobreviver. “A Magazine Luiza foi um player que abriu a cabeça, saiu do varejo tradicional para usufruir da digitalização na sua evolução”, explica.

É claro que essa transformação não ocorre da noite para o dia, segundo Bruno Pinheiro, CEO da Be Academy, migrar de um negócio tradicional para um inovador custa caro e leva tempo. “A reinvenção dói”, afirma.

Ele cita seis passos, conhecidos como os 6Ds das organizações exponenciais que podem ajudar na jornada: digitalização, para entender e atender melhor as dores dos clientes; decepção, que comprova que os resultados no digital levam tempo e precisam de validação até achar a medida certa; disrupção, para evitar ser engolido pelos novos concorrentes.

Há ainda a desmaterialização, que significa desapegar do espaço físico e criar negócios via plataformas, como GetNinjas ou Airbnb, e a desmonetização, a qual gera a necessidade de baratear seu produto ou serviço para concorrer com o mercado. Por último, a democratização permite que todos os clientes tenham acesso aos seus produtos ou serviços, principalmente no universo digital.

Inovar ou morrer
Para sobreviver, toda empresa do mercado tradicional precisará migrar em algum momento para a Nova Economia. “É preciso mudar o pensamento dos empresários, aponta, Rodrigo Bürgers, sócio da Play Studio, consultoria de inovação e venture building.

O reconhecimento desta necessidade geralmente ocorre de duas formas: quando o empresário conhece novos modelos e ecossistemas de negócios, seja viajando ou estudando novos formatos. Ou quando a empresa sente na pele a presença de novos concorrentes e o desaparecimento de companhias conhecidas do mercado. Nessa hora é inovar ou morrer.

Quando o problema é identificado, há três pilares que devem ser seguidos, segundo Bürgers. O primeiro é a mudança de mentalidade da companhia, seguido da adoção de uma estratégia para definir qual será o papel da inovação dentro do negócio, quais competências a companhia possui para realizar a migração à Nova Economia e o que ainda precisa ser melhorado.

O terceiro pilar são as pessoas, processos e ferramentas. A companhia precisará capacitar seus colaboradores e entregar formas de tirar a inovação do papel. “Mindset, estratégia, pessoas e ferramentas, gerenciar bem estes pilares é o que ajuda uma empresa tradicional a entrar na Nova Economia”, aponta Bürgers.

Em relação as estratégias, estas podem ser diversas, de hackathons até fusões e aquisições, mas sempre alinhadas com os objetivos reais da empresa.

Os hackathons e a criação de espaços de coworking são os primeiros degraus da jornada, utilizados pelas companhias para atrair startups na solução pontual de problemas ou aproximar os funcionários de um ecossistema de inovação.

Segundo Bürgers, é uma forma de se conectar com um novo público, com o intuito de transformar a cultura da empresa, criando um ambiente mais inovador. “No entanto, os resultados destas estratégias são menores”, adverte.

Para aquelas companhias que buscam soluções consistentes no médio e longo prazo, Bürgers destaca outras opções. “Suponhamos que a companhia tem um problema e gostaria de construir uma solução desde zero, esta tem a opção de comprar uma startup para incorporar como uma nova unidade de negócios”, diz.

No entanto, esta é uma estratégia de longo prazo, enquanto um hackathon pode levar meses, a aquisição de uma startup é um investimento duradouro e por este motivo só pode ser feito por companhias com elevado grau de maturidade.

Para as empresas que não são familiarizadas com processos de M&A, existe ainda uma terceira via: criar uma solução dentro da própria empresa, também conhecido como venture building, onde companhias criam unidades do zero, destinadas exclusivamente a resolver esta dor do mercado. Muitas recebem ajuda de consultorias especializadas como a Play Studio, que monta estratégias, implementa e cria um negócio alinhado com a nova economia e modelos inovadores de governança.

Bürgers explica que também é possível investir em várias startups para poder usufruir de um portfólio completo de soluções, por meio de fundos.

Para Bruno Pina, chefe de inovação e corporate venture do Distrito, as startups vivem o melhor momento da história para serem enxergadas por grandes companhias. Ele explica que no passado, a maioria delas seguia uma história de crescimento que poderia concluir em um IPO ou serem compradas por alguma empresa. Hoje existem novas possibilidades, como criar uma relação consistente com as grandes companhias brasileiras na migração para a Nova Economia.

Os números não mentem. Este tipo de mercado anda bastante aquecido, segundo um levantamento do Distrito, no primeiro semestre de 2021 foram feitos 339 aportes em startups por grandes companhias. No ano de 2020, foram 256.

Outro destaque foi o número de fusões e aquisições entre empresas da Velha Economia e startups. Até junho deste ano ocorreram 113 operações de M&A, enquanto em 2020 foram 170.

Pina cita ainda que até julho, segundo levantamento do Distrito, 830 startups tinham soluções de ESG no Brasil, desta forma ao serem adquiridas, poderiam ajudar as grandes corporações a solucionar problemas de forma mais sustentável e socialmente responsável. 

A conexão com estas startups pode ocorrer em múltiplos formatos. Se a companhia tem um problema pontual que não afeta diretamente seu modelo de negócios, pode contratar uma startup como fornecedor para resolver este conflito, economizando tempo.

Se o problema é interno, faz parte do negócio principal da empresa, mas pode repercutir no longo prazo, Pina cita o corporate venture capital como uma opção. Desta forma, a empresa investe dinheiro e tempo na transformação de uma startup, para usufruir destas soluções de tecnologia e estratégia no futuro.

Quando o assunto é o curto prazo, que requer uma solução imediata, as companhias podem recorrer a M&A, com a compra de startups, para acelerar seus negócios e resolver uma dor do consumidor existente.

Cases de Sucesso 
No Brasil, diversas companhias que passaram por este processo de migração da Velha à Nova economia coexistem hoje como cases de sucesso, para mostrar que o caminho é possível.

Entre as de capital aberto, Bürgers da Play Studio cita a MRV (MRVE3), uma construtora que conseguiu sair do mercado tradicional por meio da digitalização. “Desde o processo de compra do apartamento, decoração, escolha da planta e até uso do condomínio, tudo pode ser feito de forma online gerando valor para o usuário”, explica. Já no capital fechado, ele lembra da Nestlé, que criou o projeto “Vem de Bolo”, para estreitar relação com boleiras e doceiras artesanais.

A Nestlé inovou com a criação de um marketplace que conecta 160 boleiras e mais de 12 mil consumidores. Segundo Bürgers esta foi a forma que a companhia encontrou para se relacionar com o público. “Além de gerar receita, a Nestlé tem um entendimento melhor de quem é a boleira, os produtos que ela usa e como atender melhor as necessidades dela”, avalia.

Para o Distrito, uma das companhias que está em processo de transição para a Nova Economia, mas está conseguindo implementar as estratégias com sucesso é a Via (VVAR3). Segundo Pina, a varejista possui uma equipe conectada com inovação aberta e startups. Em abril, anunciou um fundo de corporate venture de R$ 200 milhões para investir em startups que possam auxiliar ela neste processo de transformação.

Outro exemplo é a Marisa (AMAR3), uma companhia com fortes conexões com startups e que abraçou a mudança cultural para se tornar “a empresa das mulheres”.

No cenário de companhias globais, Pina cita a Johnson & Johnson que também trabalha com startups para aprimorar seus negócios.

E sem dúvida, um dos cases de maior sucesso em migração para a Nova Economia é a Magazine Luiza (MGLU3). Uma companhia que saiu do varejo tradicional e tem investido em aquisições de segmentos diversos para potencializar seu modelo de negócios. Recentemente, por exemplo, comprou a Kabum, para fortalecer seu marketplace.

“A Magalu tem produtos comoditizados, que para ter sucesso precisa ganhar a fidelidade dos seus clientes com conteúdo, produtos financeiros e inovação”, afirma Ricardo Amorim, na visão dele este é o melhor exemplo de transformação brasileiro.

Nova Economia para pequenos empreendedores
Segundo Diego Barreto, CFO do Ifood, existem algumas diferenças entre o perfil de um empreendedor e de um empresário brasileiro. O empreendedor é aquele que busca oportunidade e soluções, sempre tentando achar novos caminhos, com um instinto aguçado para conseguir chegar até a Nova Economia. Já o perfil empresário está relacionado com gestão, eficiência máxima, perpetuação de modelos existentes.

Conforme avalia Barreto, ambos os perfis possuem valores bons, mas o conflito é a falta de competitividade do brasileiro. “Nós temos muita barreira de entrada para o estrangeiro vir competir e na outra ponta a gente mata o empreendedor que está tentando acontecer aqui dentro”, afirma.

A mudança estaria associada também à modernização do pensamento dos acionistas brasileiros. Afinal, em um contexto em que só as empresas tradicionais habitam e se perpetuam, perdendo o instinto empreendedor por falta de competição, o que levaria novas gerações a empreender?

João Kepler, CEO da Bossa Nova Investimentos, explica que o empresário tradicional geralmente busca recompensas imediatas, lucro e distribuição de dividendos para seus acionistas. Enquanto o empreendedor da Nova Economia, pensa no longo prazo, em como aumentar o valor do seu negócio, distribui menos e reinveste mais. “Eles tiram da empresa o mínimo possível”, diz.

Até na hora de criar uma empresa o processo é um pouco diferente, explica Kepler. Enquanto o empresário provavelmente vai pensar em adquirir um escritório, mesas, cadeiras, uma patente e um CNPJ, que são ativos tangíveis, o empreendedor da Nova Economia vai validar o negócio antes, então provavelmente monte um site, testa o resultado e, somente quando identificar que o negócio vai para frente, abre a empresa.

Recentemente, uma pesquisa do Serasa Experian apontou que 5 em cada 10 empreendedores brasileiros pretendem investir em tecnologia após a pandemia, para fortalecer a venda online e o atendimento remoto.

Embora a digitalização seja importante, Kepler destaca que para empreender na Nova Economia são necessários 3 pilares: praticidade da porta para dentro, tecnologia como meio e não fim, e flexibilidade da porta para fora.

Kepler exemplifica: “Imagine que um empreendedor quer abrir uma padaria, ele precisa entender qual é a necessidade das pessoas. Então, ele decide fazer uma assinatura de pão, porque do lado de dentro há uma praticidade do negócio em fazer pão. Para isso, cria um site para fazer as reservas, usando a tecnologia como meio. Do lado de fora, o consumidor ganha a flexibilidade de ter pão sem sair de casa. Primeiro o empreendedor da Nova Economia testa o protótipo, logo monta o negócio”, afirma.

Ainda neste mesmo exemplo da padaria, Kepler cita que a vontade de muitos empreendedores pode ser criar um próprio sistema de delivery para entregar o pão, mas que fazer isso poderia ser algo caro e que os faria perderem dinheiro. “Neste caso, é mais fácil entrar no iFood e se cadastrar”, diz.

Segundo Kepler, entrar na Nova Economia não é um processo que ocorre de repente, requer de uma nova mentalidade para resolver um problema do consumidor, uma estrutura e um processo de entendimento diferente ao que estávamos acostumados.

Felipe Andrade, sócio-fundador da Domo Invest, gestora de Venture Capital que tem mais de 50 startups no seu portfólio, aponta que existe oportunidade para os empreendedores também na formação de negócios escaláveis, que por natureza são aqueles mais alinhados com o digital e menos dependentes do físico.

Contudo, é importante considerar algumas variáveis, os custos, por exemplo, de uma startup não podem crescer proporcionalmente as receitas e o atendimento ao cliente precisa ser desenhado para alavancagem operacional, aponta Andrade.

Além disso, o modelo de vendas low touch, com pouca interação humana, deve ser pensado sem perder a qualidade para o cliente. Andrade cita que no pós-pandemia existirá o benefício de ter uma base de clientes maior que já conhece a venda online por falta de opções durante a quarentena. “O ambiente para empreender na Nova Economia brasileira é muito favorável para o setor de serviços financeiros, tecnologia no varejo, logística e seguros”, destaca Andrade.

Ele aponta que em alguns destes setores o ambiente regulatório favorável e a mudança no modelo de negócios facilitam ainda mais a entrada de startups, viabilizando a criação de negócios inovadores com tecnologias já existentes.

A Nova Economia no capital aberto
Segundo Victor Bueno, analista da Top Gain, na bolsa brasileira ainda poucas companhias podem ser consideradas expoentes da Nova Economia. Entre as três, que ele destaca nesta situação, com melhor rentabilidade nos últimos 12 meses, de 26 de julho de 2020 até o fechamento de 26 de julho de 2021, Bueno destaca o Banco Inter (BIDI11), que no último ano valorizou 339,91%, enquanto o Ibovespa subiu 23,07% no mesmo período.

Bueno lembra que o Inter voltou seus esforços para modernização e tecnologia nos últimos anos, além de ter fortes princípios ESG, que impactaram positivamente a sociedade “O Inter representa a mudança de mentalidade dos bancos, que antes visavam apenas lucro, juros e atualmente tem como foco a conquista do cliente”, avalia. Segundo o analista, o mercado vê positivamente essas inovações tecnológicas voltadas para os clientes.

Além de diversificar seu portfólio, na tentativa de se tornar um super app e não apenas um banco, com marketplace, investimentos e outros serviços, Bueno destaca a estratégia de aquisições do Inter voltadas para inovação e quebrando barreiras no varejo físico. “O Inter está simplificando operações, ganhando participação de mercado, mas ainda tem muito espaço para crescer para se tornar igual ao Bradesco, Itaú ou outros grandes bancos”, explica.

Segundo o analista, esses movimentos de diversificação estão atraindo cada vez mais correntistas e investidores. A prova disso é que o Inter anunciou recentemente que vai sair da B3 para se listar na bolsa americana Nasdaq. “O Inter está em um processo avançado e vai atrás de conquistar também investidores internacionais”, acrescenta.

A segunda companhia com os melhores retornos da Nova Economia nos últimos 12 meses foi a Locaweb (LWSA3), suas ações acumularam alta de 148,04% até o fechamento de 26 de julho. Ela foi a primeira empresa 100% tech a chegar à bolsa no meio da pandemia e iniciar uma tendência de uma série de IPOs neste formato.

Bueno aponta que a companhia cresce exponencialmente em valor de mercado e eficiência operacional, sua base de clientes é diversificada e fidelizada. “É uma empresa muito competitiva, tem parcerias sólidas com desenvolvedores e está gerando muito caixa para aquisição”, aponta. Desde o começo das suas operações, a Locaweb adquiriu 17 companhias, muitas delas startups para potencializar esse DNA inovador.

Na terceira posição entre as mais rentáveis da Nova Economia está a Ambipar (AMBP3), outra companhia com foco elevado em aquisições e a primeira da bolsa voltada ao pilar ambiental, com gestão de resíduos. “A Ambipar segue em uma busca incansável por fortalecer a questão ambiental e expandir seus negócios”, avalia Bueno. No último ano, até o fechamento do dia 26 de julho, as ações acumularam retorno de 51%, no mesmo período o Ibovespa avançou 23,07%.

No cenário americano, as empresas da Nova Economia fazem parte de uma realidade mais abrangente, superando na sua maioria os retornos do índice americano S&P 500. William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities, ressalta que companhias como Microsoft, Oracle, Nvidia, Adobe e Intuit investiram nos últimos 12 meses cerca de US$ 35,2 bilhões em pesquisa, desenvolvimento de novas soluções, novos produtos e infraestrutura tecnológica.

Destas, as que mais investiram foram a Microsoft e a Oracle. Segundo Castro, a Microsoft é a maior empresa de mercado da lista da Nova Economia e seus números comprovam como ela vem usufruindo da inovação para crescer. No último trimestre, a receita da companhia teve um salto de 21%.

Apesar de ser considerada uma das gigantes globais, Castro destaca que ela também vem crescendo em estrutura, com a criação de uma nova unidade de Produtividade e Processos de Negócios, que engloba o pacote software Office, o LinkedIn e Microsoft Dynamics, que ajudou com o crescimento da empresa em 25%. “Microsoft e Amazon são players muito fortes no segmento de computação na nuvem”, aponta.

A Microsoft conseguiu uma receita de US$ 17 bilhões em um único trimestre. Para Castro, o movimento foi impulsionado principalmente pelo crescimento em 50% da Microsoft Azure, uma plataforma focada na execução de aplicativos e serviços em nuvem. “Este ano eles anunciaram a aquisição da Nuance Communications, uma empresa americana que produz softwares de reconhecimento de fala”, comenta.

Castro diz que a Microsoft está mais atual do que nunca, e suas ações refletem este cenário. Desde o início de 2021, elas valorizaram 28%, enquanto o índice americano S&P 500 valorizou 17%.

Outro case da Nova Economia é a Oracle, uma empresa que estava sucumbindo e resolveu reagir. Prova disso é o salto das suas ações em 2021, de 36%. No passado, a empresa era líder de mercado na área de banco de dados e software corporativo, mais conhecido como data center, mas com o surgimento da Nova Economia a Oracle e a IBM se sentiram atacadas pelo segmento de empresas da nuvem. Foi quando a demanda de produtos corporativos da Oracle esfriou bastante e foi necessário expandir suas plataformas para reagir frente a isso. Castro explica que enquanto a concorrente IBM não se saiu muito bem no desafio, a Oracle conseguiu performar bem nessa nova linha de negócios, principalmente após adquirir NetSuite em 2016, empresa americana focada em computação em nuvem.

A partir disso, a Oracle utilizou o conhecimento e experiência que tinha com banco de dados para oferecer um serviço em nuvem muito mais completo do que os concorrentes. Este serviço incluía três pilares: aplicativos, plataforma e infraestrutura. “Enquanto a maioria dos concorrentes da Oracle oferece apenas uma destas soluções eles fornecem o pacote completo, para rodar aplicativos no host da plataforma, fornecendo infraestrutura”, afirma ele.

Castro define a Oracle como o case da gigante da Velha Economia que acordou, desenvolveu novos produtos e serviços e migrou para a Nova Economia, usufruindo da sua experiência de mercado.

Histórias diferentes, mesmo propósito
De um lado um banco tradicional que decidiu se tornar uma fintech e depois um super app, do outro uma empresa que nasceu na Nova Economia, diversos são os exemplos no capital aberto brasileiro de que é possível essa mudança de um modelo de negócios tradicional à um disruptivo.

Helena Caldeira, CFO do Banco Inter, explicou em entrevista à Revista RI que a companhia evoluiu diversas vezes no seu modelo de negócios ao longo do tempo. Em 1994, quando fundado, o Inter era um banco tradicional, com licença de crédito, mas com pouca competitividade frente aos grandes players de mercado, o problema era que o custo de funding do Inter era mais elevado e ao estar com sua receita atrelada a produtos de crédito, poderia ser impactado em mudanças de ciclo econômico. Foi quando o CEO João Vitor Menin propôs em 2015 a ideia de se transformar em um banco digital para o varejo, oferecendo mais valor aos consumidores por preços menores do que os cinco grandes bancos tradicionais. “A inexistência de agências físicas ajudaria o Inter a baratear esse custo, então trabalhamos na ideia de criar um banco digital completo com oferta gratuita para os correntistas”, comenta Helena.

Foi essa disrupção que fez o banco digital Inter chegar a 12 milhões de correntistas. Mas em 2019, acompanhando a evolução dessa Nova Economia surgiu um novo insight, com alta recorrência dos clientes na plataforma do Inter, por que se conformar com ser apenas uma conta corrente com oferta de crédito se seria possível ir além e promover um ambiente de consumo?

Um novo processo de migração começava com foco no cliente e não apenas em produtos financeiros. Foi quando o Inter decidiu deixar de ser apenas um banco digital e se tornar um super aplicativo para simplificar a vida das pessoas. Na sua plataforma misturou serviços financeiros, e-commerce, investimentos e distribuição de produtos e serviços e até mesmo soluções de cashback.

Helena revela que essa migração para a Nova Economia por parte do Inter aconteceu mais de forma orgânica, embora as aquisições também façam parte importante da companhia; em abril eles adquiriram a empresa de realidade virtual IM Design, já antenados em um futuro no qual precisariam se comunicar com o cliente muito além do smartphone.

Embora o mercado de capitais brasileiro esteja evoluindo sobre a recepção de empresas da Nova Economia, o Banco Inter está de malas prontas para a mudança. Segundo Helena, chegou a hora de se deslistar da B3 e abrir capital na bolsa americana Nasdaq. Ela justifica que a motivação foi não ter limitações em relação a novos aumentos de capital da companhia que favoreçam essa curva de crescimento nos próximos anos. O super app Inter quer continuar crescendo exponencialmente, chegando até o final do ano com 16 milhões de correntistas e explorando uma base de clientes dos outros serviços.

“Na Nasdaq os acionistas têm mais direitos de voto, o que favorece essa evolução”, justifica a CFO. O Inter deve trabalhar nessa migração agora no segundo semestre, com a expectativa de concluir o processo entre 6 e 9 meses.

Já a Locaweb nasceu com o DNA da Nova Economia, antes mesmo deste conceito estar presente na sociedade brasileira. Rafael Chamas, CFO da Locaweb, explica que a companhia nasceu em 1998 com a missão de ajudar empresas e pequenos empreendedores a evoluir em um ecossistema digital.

Segundo Chamas, o sucesso da companhia foi baseado em três pilares: identificar tendências tecnológicas que eram disruptivas, investir nelas por meio orgânico e inorgânico e aprender a se comunicar e servir o cliente. Os primeiros degraus dessa jornada consistiram na criação de websites, que na década dos 90 eram o mais próximo de um conceito de digitalização.

Chamas explica que depois veio a Cloud Community, os serviços de software as a service, que além de sites, ofereciam aos consumidores todo tipo de soluções de e-mails padronizados até marketing digital. “Depois implementamos ferramentas de gestão em redes sociais para o empreendedor se comunicar com o cliente, criar a própria loja, aplicativos”, comenta. Foi em 2012, com o boom do e-commerce que a Locaweb adquiriu a Tray, que anos depois se tornaria na maior plataforma de e-commerce para pequenas e médias empresas.

Hoje a jornada de digitalização da companhia é integrada, mas as aquisições desempenharam um papel fundamental nessa evolução. Antes do seu IPO, a Locaweb tinha adquirido 6 companhias: Tray solução de e-commerce comprada em 2012; em 2013 adquiriram a AllIn de marketing digital; em 2016 mais uma plataforma de e-commerce FBits; em 2018 a Yapay uma empresa de meios de pagamento e, em 2019, a KingHost focada em hospedagem de sites e a Delivery Direto, com aplicativos de entrega.

Mesmo após ser a primeira tech brasileira a abrir capital na B3, a jornada de fusões e aquisições não parou por aí, Chamas explica que a Locaweb comprou 11 companhias desde seu IPO e pretende continuar comprando. No ano de 2020, foram adquiridas a Etus, Social Miner, Ideris e Melhor Envio. Já em 2021, a Locaweb comprou a Vindi, CPlug, Dooca Commerce, Credisfera, Samurai, Bling e Bagy.

“A Locaweb não gosta de empilhar receita, compramos soluções que deixem o nosso ecossistema ainda mais forte”, comenta Chamas que se orgulha de ter preservado todos os fundadores das empresas adquiridas na companhia. Após as 17 companhias adquiridas, a Locaweb já tem outras 123 no alvo, 35 sob análise e ainda 1.900 oportunidades de mercado mapeadas.

Primeiro player 100% tech em chegar à B3, o CFO da Locaweb se enche de orgulho de ter sido a companhia pioneira a abrir caminho para outras empresas da Nova Economia fazer IPO. “Às vezes somos procurados como benchmark de como trilhar essa jornada de capital aberto”, comenta. Para ele, o sucesso da oferta pública inicial, desmistificou a ideia de que companhia de tecnologia só teria lugar na Nasdaq, em um mercado ainda sem grandes nomes na área, a Locaweb enxergou uma oportunidade de conquistar a liderança do setor na bolsa.

Com 350 mil clientes ativos, ele revela que a companhia continuará fortalecendo o ecossistema de novas tecnologias, adquirindo novos players, para entregar uma jornada completa ao seu consumidor. “Continuaremos investimento em produtos, marketing digital, influenciadores, comunicação com o cliente”, diz.

Para Chamas, a principal vantagem de o investidor brasileiro comprar ações da Locaweb, uma empresa da Nova Economia é a diversificação, além da oportunidade de acompanhar o crescimento exponencial de um setor que está apenas começando e não representa nem 10% do mercado brasileiro.

ESG na Nova Economia
Quando se fala de ESG, empresas da Nova Economia não podem ficar alheias a isso. No entanto, Fabio Alperowitch, gestor da FAMA Investimentos e um dos pioneiros no debate do ESG no Brasil, esclarece que o desafio é corrigir dois erros comuns de pensamento.

O primeiro é que as pessoas precisam perder o vício de acreditar que Nova Economia e ESG andam de mãos dadas. Ser uma empresa da Nova Economia não significa que é uma companhia com boas práticas a nível ambiental, social ou de governança. “Como essas companhias mais digitais têm um desafio ambiental menor, existe uma compreensão errada de que são empresas ESG. Isso não faz o menor sentido”, avalia.

O segundo erro é que ESG precisa ser enxergado muito além de apenas questões de meio ambiente e clima, pois as ações sociais e de governança também tem um papel importante na temática. “As regras do que são boas práticas não mudam entre empresas da Velha Economia e da Nova”, resume.

Ele cita alguns exemplos de greenwashing na Nova Economia, como uma empresa de e-commerce que não se responsabiliza pelo destino das embalagens. Ou uma empresa de delivery que não tem responde sobre os direitos trabalhistas dos empregadores.

“Esta é uma tendência que precisa ser combatida na Nova Economia. As empresas devem se responsabilizar pelos produtos muito depois deles saírem das lojas”, explica. Seguindo esta lógica, uma empresa de e-commerce que não emite gases estufa acaba propiciando um forte consumo de embalagens para as entregas, que de alguma forma precisam ser descartados.

Alperowitch acredita que assuntos como economia circular, leis trabalhistas, segurança no trabalho, meio ambiente e diversidade, deveriam ser endereçadas também na Nova Economia. “A culpa dessa compreensão errada é quando olhamos para os índices brasileiros de sustentabilidade ou ETFs de ESG recheados de empresas da Nova Economia, muitas delas não são ESG”, destaca.

Olhando para o cenário internacional, outro exemplo de visão errada seria o Facebook, que embora não emita gases estufa, tem muitos erros sobre a proteção de dados, assunto que também faz parte do debate ESG.

Entre as companhias com boas práticas ESG listadas na bolsa brasileira Alperowitch cita: Lojas Renner, Localiza, Fleury, MRV, Weg e Natura.

Quando falamos especificamente do pilar “G” de Governança, Anderson Godz, investidor de startups e fundador da Gonew.Co, aponta que as empresas da Nova Economia têm o desafio de fazer sua governança evoluir com o crescimento da empresa. A maioria dessas companhias está focada em construir um produto, uma solução, muitos fundadores se dedicam a garantir a sobrevivência da empresa, mas coincidentemente muitas encerram suas atividades por conflitos societários. “Não ter uma governança adequada ao tamanho e dinâmica destas empresas dificulta a adoção de boas práticas”, afirma.

Foi por este motivo que Godz decidiu ressignificar o conceito dessa nova governança e dos manuais de boas práticas. No lugar de diversas folhas com regras do que é bom ou ruim, a Gonew.Co decidiu trabalhar com um Board Canvas, uma ferramenta de apenas 1 página onde empreendedores da Nova Economia podem discutir sobre sua governança de forma mais simples.

O documento tem o objetivo de substituir um plano de governança de 20 ou 30 páginas, adequando as práticas realmente importantes para essas empresas jovens, startups, entre outros. “No Board Canvas, a companhia pode alinhar questões societárias, construir um acordo de acionistas, revisar expectativas da empresa, discutir princípios do negócio”, explica Godz. Por meio de três dimensões: o que aceitamos e não aceitamos; o que recebemos e entregamos no negócio; o que queremos e não queremos da empresa, pequenos e novos empresários conseguem debater sobre uma governança mais adequada as suas necessidades.

Renda e não Salário
Ainda no terceiro pilar “S”, do Social, as empresas da Nova Economia enfrentam múltiplos debates, afinal muitas vezes companhias deste universo são vistas como geradoras de renda e não de salário. Diego Barreto do iFood acredita que a Nova Economia permite uma descentralização maior da produção e do empreendimento. Neste contexto, uma pessoa que deixa de trabalhar em uma empresa para ter flexibilidade e procura opções em uma plataforma está atrás de renda e não de salário.

A Nova Economia se torna um propulsor desta realidade, aumentando as chances de brasileiros gerarem algum tipo de renda de forma informal, principalmente em um cenário com 14,8 milhões de desempregados. No entanto, Barreto reconhece que sobre a proteção social dos trabalhadores ainda precisam ser estabelecidas melhorias, e que o estado brasileiro pode caminhar nessa direção, aceitando a evolução da nova economia.

Para Marcela Kasparian, diretora de ESG da Closeer, a Nova Economia pode impulsionar novas fontes de trabalho e renda facilitando as conexões entre companhias e pessoas. “Vemos a necessidade de adequar e modernizar a legislação trabalhista brasileira. A reforma que aconteceu em 2017 conseguiu alterar 120 artigos da CLT que eram bastante fechados e trouxe flexibilização a empresas e trabalhadores, mas ainda existe uma visão muito protecionista”, defende.

Segundo Marcela, o Brasil precisa uma legislação que facilite a competitividade. Ela aponta que a Nova Economia surgiu pelo desejo de transformação das pessoas, em uma sociedade econômica que excluía grande parte da população. “Atualmente 75% da população economicamente ativa do Brasil não tem carteira assinada”, reforça.

Em um país essencialmente informal, as pessoas trabalham com renda e não com salário há muito tempo, oportunidades que empresas da Nova Economia chegaram para fortalecer. “O equilíbrio está no respeito às relações de trabalho e às pessoas, garantindo que elas tenham trabalho, renda e sejam competitivas”, complementa Marcela.

Salário e Produtividade
O economista e professor do Insper, Roberto Dumas aponta que a Nova Economia trouxe à tona o debate da produtividade real do trabalhador brasileiro e a necessidade de uma educação que capacite ele para a competitividade.

Segundo Dumas, para o Brasil produzir mais é preciso mais investimentos em infraestrutura e direcionar corretamente os investimentos do Produto Interno Bruto em educação. Ele aponta que a Nova Economia, com consumidores cada vez mais exigentes e uma evolução tecnológica e digital evidente, deixará os menos instruídos fora deste mercado, surge um novo problema: o desemprego conjuntural.

“Aqueles trabalhadores que eram necessários no modelo físico de 2019, cada vez serão mais substituíveis por essa economia disruptiva”, defende Dumas. Isso porque apenas 53% da população entre 25 e 64 anos tem acesso a uma educação satisfatória.

Dumas também critica o protecionismo brasileiro que torna empresas medíocres, anulando a competição e não fornecendo as pessoas as capacidades necessárias para competir. “A mão de obra brasileira é cara, se considerada a produtividade e a capacidade de ensino dos trabalhadores em relação a outras nações”, conclui.


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