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Educação Financeira

EFICIÊNCIA DE MERCADO

Caro leitor, imagine que você chega a uma cidade desconhecida e, ao procurar um restaurante para jantar, percebe dois estabelecimentos lado a lado. O primeiro está completamente vazio - à exceção do garçom, que fica na porta convidando clientes para entrar. O outro tem uma longa fila de espera. O que você faz: vai ao restaurante vazio ou espera na fila?

Se você resolveu esperar na fila, agiu como um adepto da eficiência dos mercados. Aqueles que esperam acreditam que os clientes que estão na fila já testaram os dois estabelecimentos, conhecem pesquisas ou receberam indicações de terceiros a respeito da qualidade do restaurante movimentado. Enfim, quem decide esperar confia que o movimento é um indicador de que o segundo restaurante compensa, enquanto o primeiro não merece a visita.

Aqueles que acreditam na fila como ordenador das escolhas estão se beneficiando, sem custo, do esforço de clientes que de forma diligente frequentaram os dois ambientes e escolheram aquele mais interessante, merecedor de uma longa fila de espera.

Agora vamos imaginar que todos os clientes apenas acreditem que o número de frequentadores seja um bom orientador das escolhas. Mas pode ser que o primeiro cliente tenha chegado, encontrado dois restaurantes vazios e aleatoriamente entrado em um deles. O segundo cliente pode ter visto o primeiro e suposto que aquele restaurante era melhor. O terceiro, ao ver um estabelecimento com duas pessoas e outro com mesas desocupadas, teria decidido por aquele restaurante. Mais alguns clientes e logo a fila estaria formada a partir de um método de escolha totalmente ineficiente.

ESCOLHAS FINANCEIRAS
Esquecendo a fome, vamos pensar em como ganhamos dinheiro para pagar a conta do restaurante. No mercado financeiro, ao escolher uma ação para investir, o que devemos fazer? Acreditamos que o preço de mercado é a melhor previsão para os preços futuros, como defende o prêmio Nobel de Economia Eugene Fama, ou nos lançamos em custosas pesquisas para avaliar o preço das empresas?

Muitos gestores ativos reclamam que incorrem em elevados custos de pesquisa, que são indevidamente apropriados por aqueles que depois acreditam nas escolhas dos demais. Caso os free riders fossem apenas desavisados turistas em cidades perdidas, talvez o incômodo não se justificasse. Mas aqueles que viajam sem pagar integram a classe de ativos que mais cresce no mundo, os fundos passivos e os ETFs (fundos negociados em bolsa), que atualmente têm um patrimônio somado em mais de um trilhão de dólares.

A má vontade contra os ETFs não é novidade. O primeiro ETF surgiu nos Estados Unidos em 1989, atrelado ao índice S&P 500, e teve a venda suspensa por uma ação da bolsa mercantil de Chicago, a Chicago Mercantile Exchange. Em 1990 um fundo similar foi lançado na bolsa de Toronto, com enorme sucesso. Os americanos logo perceberam o potencial do produto e, em 1993, foi lançado o SPDRs, conhecido como spiders (aranhas). Este é atualmente o maior fundo passivo do mundo.

MERCADO EFICIENTE OU INEFICIENTE?
A crítica aos fundos passivos feita pelos gestores ativos, apesar de aparentemente pertinente, não sustenta uma análise mais aprofundada. Os mercados só podem se tornar eficientes pela mão daqueles que não acreditam que a eficiência exista. Quanto mais agentes duvidarem da eficiência dos mercados, mais eficientes eles se tornarão.


Continua...