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IBRI E DELOITTE DEBATEM COMO O RI PODE ATUAR PARA REFORÇAR O VALOR DE COMPANHIAS

“O papel das Relações com Investidores e Preservação de Valor” foi o tema do evento promovido pelo IBRI e pela Deloitte, no seminário realizado no dia 25 de novembro de 2015, em São Paulo.

Ricardo Florence, membro do Conselho de Administração do IBRI, agradeceu a oportunidade de abordar aspectos relacionados ao trabalho do profissional de Relações com Investidores e o resultado na preservação de valor da companhia.

Florence destacou, também, o objetivo do evento de debater o processo de avaliação de empresas e o uso de um ou mais métodos fundamentados na teoria econômica e financeira. As técnicas de avaliação são diferentes e fazem parte da decisão de investimento. Tomar a decisão de investir combina avaliação e perspectivas da empresa junto com ambiente macroeconômico e setorial. A avaliação depende de uma síntese de pontos de vista que compõem a visão coletiva de mercado, enfatizou.

No painel “Introdução aos conceitos de valor, direcionadores de valor e as lacunas de valor (“value gap”), a análise dos múltiplos de mercado e sua referência para o valuation”, Lara Fenolio, diretora da área de Debt Advisory na Deloitte Brasil, disse que a avaliação é mais do que uma conta. “O relatório de análise considera o negócio em si, mas também é reflexo de uma interação com o mercado”, descreveu. Uma das técnicas de avaliação é o fluxo de caixa descontado, que soma “os fluxos de caixa livre esperados, descontados a uma taxa adequada”, observou.

Outra avaliação pode ser por múltiplos, que precifica um ativo de acordo com ativos "comparáveis" entre companhias abertas ou transações M&A (Mergers and Acquisitions, ou seja, de fusões e aquisições). Entre a visão da administração e a do acionista pode haver uma lacuna de valor (ou seja,“gap” de avaliação), afirmou Lara Fenolio.

“Pesquisa da Deloitte mostra que quase 70% de todos os RIs respondentes acreditam que há um gap entre o valor percebido pela administração da empresa e pelo mercado em 2015”, afirma Bruce Mescher, sócio da área de Auditoria da Deloitte. “Para 50%, esse gap é grande. Dentro da empresa, o responsável por minimizar, mitigar esse gap é o profissional de Relações com Investidores em 70% dos casos”, declarou.

No painel “As perspectivas e expectativas dos investidores (buy side, sell side e agência de rating)”, Rafael Guedes, Managing Director da Fitch Ratings, lembrou que o rating (classificação de riscos) é uma opinião sobre a capacidade de pagamento que uma empresa tem ao emitir uma dívida. "Com a profissionalização dos mercados, o departamento financeiro deixa de responder pela empresa dando lugar ao RI", frisou. Segundo Rafael Guedes, o profissional de Relações com Investidores tem acesso aos públicos estratégicos da empresa, possibilitando uma visão completa da companhia.

Roberto Reis, Head of Equities do Santander Asset Management, afirmou que sua equipe faz a análise própria das companhias e utiliza, também, informações de quase todas as corretoras e analistas sell side. Para Roberto Reis, os melhores profissionais de Relações com Investidores são aqueles que falam sobre os maus e bons momentos da empresa, sem tender para o otimismo ou pessimismo, ou seja, demonstrando transparência.

Felipe Hirai, Estrategista de Ações do Bank of America Merrill Lynch Global Research, enfatizou que a relação mais duradoura com os profissionais de Relações com Investidores é quando há diálogo com os analistas. "Somos fonte de informação. Discutimos cenários, eventos, situação que a empresa está vivendo. Podemos debater o que estamos observando no mercado e depois recomendar a compra, venda ou manutenção dos papéis em carteira”, destacou.

"Os profissionais de Relações com Investidores devem procurar responder a perguntas do mercado. Se a informação não está completa será mais difícil reduzir a diferença de avaliação dos executivos da companhia e a dos analistas do mercado", observou Isabelle Dassier, gerente sênior da área de Auditoria da Deloitte, no painel “Como melhorar o alinhamento entre perspectivas de valor e o respectivo valor da companhia no mercado – alguns exemplos das melhores práticas”.

Renata Oliva Battiferro, diretora adjunta do IBRI São Paulo, enfatizou que “saber passar o feedback de mercado para o management é fundamental e ajuda no percurso da companhia”. Bruce Mescher enfatizou que o RI cria valor intrínseco - com alinhamento de valor da companhia e de mercado - ao gerenciar expectativas da companhia e dos públicos estratégicos.

No painel “Exploração dos direcionadores de valor”, Bruce Mescher, sócio de Auditoria da Deloitte, mencionou a importância do RI na criação de valor para a empresa, visto que a confiança é reflexo de seu trabalho. Ele comentou os resultados da pesquisa “A governança corporativa e Relações com Investidores – criação de valor em uma nova era de engajamento” realizada pelo IBRI/Deloitte e ressaltou que há forte reconhecimento da importância de governança corporativa e sua relação com a criação de valor.

A importância da Governança
Pesquisa da Deloitte registrou “forte desejo por um engajamento mais direto entre investidores e o Conselho de Administração, de acordo com quase 70% dos respondentes – dado em linha com a tendência global”, observou Bruce Mescher.

Em uma nova era de engajamento com acionistas, os profissionais de Relações com Investidores e os membros dos Conselhos de Administração podem ajudar a identificar potenciais vulnerabilidades, percepções negativas ou monitorar práticas de governança. “A evolução da governança no Brasil está ampliando o acesso e as formas de influência dos acionistas sobre os Conselhos, o que traz uma nova dinâmica para a atuação do profissional de Relações com Investidores”, destacou Mescher.

Diego Barreto, membro do Conselho de Administração do IBRI, e Daniela Bretthauer, coordenadora da Comissão de Desenvolvimento Institucional do IBRI, participaram do painel “Desafios do RI na criação e preservação de valor”. Para Daniela Bretthauer, um dos maiores desafios como RI, no momento, é fazer os analistas enxergarem o valor justo da companhia ao realizarem as avaliações de investimentos. Ela lembrou outro desafio do profissional de RI que é saber transitar dentro da empresa e também conviver com pessoas de diferentes perfis profissionais.

Diego Barreto apresentou para debate, também, no evento, outro desafio do profissional de RI, que é como conduzir as discussões sobre guidance (projeções) da empresa. Para manter o time bem motivado, Barreto comentou que é preciso controle emocional e manter as expectativas bem ajustadas.


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