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23º ENCONTRO DE RI DEBATE A DIGITALIZAÇÃO DO MERCADO & O IMPACTO ESG PARA OS RIS

Em 2022, o IBRI celebra 25 anos. É uma conquista. Estamos bastante contentes, pois é um ano de comemorações”, disse Geraldo Soares, Presidente do Conselho de Administração do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) e Superintendente de RI do Itaú Unibanco, na abertura da 23ª edição do Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, evento promovido anualmente pelo IBRI e pela ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas).

O evento foi realizado nos dias 27 e 28 de junho de 2022, no WTC Events Center, em São Paulo, podendo, também, ser acompanhado pela internet e contando com a participação de mais de 500 pessoas.

Ao lado do presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Marcelo Barbosa, Geraldo Soares agradeceu a parceria do Instituto com a autarquia e destacou as discussões com o regulador de temas que afetam a vida do profissional de RI. “Melhoramos vários pontos da regulamentação e isso vai ajudar em mais eficiência e eficácia das informações prestadas”, apontou. Soares lembrou do compromisso do presidente da CVM em diminuir o custo de observância. “Parabéns, isso contribuiu para termos um mercado de capitais melhor”, enfatizou.

O Presidente do Conselho de Administração do IBRI fez menção aos convênios do IBRI com outras entidades do mercado como a B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), ABRASCA, ABVCAP (Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital), APIMEC Brasil (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil), dentre outras, ressaltando que essas parcerias objetivam melhorar o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro.

“Realizamos uma reestruturação muito grande da entidade e estamos preparados para alçar vôos mais altos. Este ano, o Encontro de RI vai ser muito interessante, pois teremos debates sobre temas como ESG e a digitalização do mercado”, adiantou Soares. No que diz respeito a ESG (sigla em inglês para Environmental, Social and Governance, ou em português, Ambiental, Social e Governança), Geraldo Soares informou que atualmente os reguladores estão focados no tema e, com isso, os próximos anos trarão enormes desafios para a área de Relações com Investidores, especialmente na padronização dessas informações.

O Presidente do Conselho Diretor da ABRASCA e CEO da Cosan, Luis Henrique Guimarães, deu as boas-vindas aos participantes e destacou: “este evento foi feito com muito capricho pelas equipes da ABRASCA e do IBRI de forma a ter um aspecto muito importante na área de tecnologia e de sustentabilidade”.

Com o fim do seu mandato na CVM, Marcelo Barbosa fez um balanço de sua gestão e disse estar bastante satisfeito com o resultado do trabalho feito em prol da redução dos custos de observância. “O melhor exemplo veio na Resolução 59/2021, que trata do Formulário de Referência. Quem for trabalhar no próximo Formulário para o ano de 2023 vai perceber o quão mais enxuto esse documento estará. É um avanço extremamente relevante”, declarou.

Outra mudança significativa do Formulário de Referência apontada por Marcelo Barbosa foi a incorporação de informações da agenda ESG. “Essas informações mais detalhadas fazem parte de uma temática que é fundamental e o mercado não aceita não conhecer. É uma questão de manter a nossa competitividade frente a outros mercados”, esclareceu.

Do ponto de vista do profissional de RI, o presidente da CVM acredita que quanto mais informações relevantes sobre essa agenda ESG estiverem disponíveis de forma padronizada no Formulário de Referência mais fácil será o trabalho da equipe de RI de uma empresa emissora, para quando receber uma consulta do mercado. “Ao invés de responder uma a uma, pode simplesmente direcionar para o anexo novo do Formulário de Referência”, acrescentou.

Barbosa fez menção à padronização dessas informações e a criação do ISSB (International Sustainability Standards Board) e explicou: “é uma entidade irmã do IASB (International Accounting Standards Board) e vai trabalhar exatamente na construção desses padrões de disclosure na área de sustentabilidade. Já existem consultas ativas nessa área, ou seja, a convergência está vindo e isso vai facilitar bastante o trabalho”, destacou.

Marcelo Barbosa também falou sobre a digitalização do mercado e afirmou que a CVM acompanha com muita atenção os influenciadores digitais. Segundo ele, vários estão fazendo um trabalho de divulgação de informações do mercado de capitais e valores mobiliários e “isso é positivo, pois vai no âmago da pouca cultura de investimento que temos no Brasil”. No entanto, ele frisou que cabe uma atuação mais assertiva do regulador quando o influenciador desempenha alguma função que depende de autorização da CVM para ser exercida.

Ao final de sua palestra, Marcelo Barbosa agradeceu o convite para participar do evento e enfatizou: “temos potencial para fazer um mercado de capitais no Brasil muito forte e seguro”.

Painel 1: O investidor pessoa física & mundo digital
Moderado por Rodrigo Maia, Diretor-Presidente do IBRI, o primeiro painel do evento propôs o debate sobre “O investidor pessoa física & mundo digital” e contou com as apresentações de Betina Roxo, Head de Canais Digitais da XP Inc; Gabriela Joubert, Head of Research do Banco Inter; e Vinícius Brancher, Superintendente de Negócios Pessoa Física da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão).

Vinícius Brancher fez uma análise da evolução da posição de pessoas físicas na B3 e ressaltou que o número desses investidores na negociação da Bolsa aumentou consideravelmente nos últimos anos. “Desde 2020, a média de investidores que fazem ao menos um negócio no mês está acima de 1 milhão. Esses investidores são responsáveis por 16% do volume de negociação na B3”, apontou.

Na opinião de Brancher, são vários os motivos que fizeram chegar nesse patamar de negócios do varejo, sendo o mais evidente a busca por investimentos mais rentáveis. “O segundo ponto é a experiência digital com a maioria das ordens de negócio do investidor de varejo da B3 pelas plataformas digitais”, esclareceu.

Para chegar a esse patamar muita coisa mudou, como explicou Gabriela Joubert. Segundo ela, no ano de 2007, o investidor pessoa física investia por indicação de alguém, ou seja, “todo mundo estava ali mesmo sem saber o porquê estava ali”. No entanto, atualmente a pessoa física voltou com força e com mais informações disponíveis para ajudar na hora da tomada de decisão de investimento. “Inclusive existem pessoas sérias trazendo boas informações para o público do varejo”, pontuou.

Ainda há o desafio de educar financeiramente o investidor, como Gabriela Joubert ressaltou. “Precisa ter um planejamento e a tecnologia nos ajuda muito”, acrescentou. Para Betina Roxo, educação é a palavra-chave e é preciso aprender a navegar em um mundo cada vez mais repleto de informações.

“Educação hoje passou a ser um ativo para RIs, empresas e investidores”, destacou. De acordo com a executiva da XP Inc, 80% das pessoas buscam informações na internet por meio das redes sociais e cada vez mais surgem novas redes sociais, por isso “temos que estar prontos para qualquer mudança”, complementou Betina Roxo.

Rodrigo Maia enfatizou que o RI de ontem tem que saber de temas como compliance e governança, “mas o RI de hoje precisa saber se adaptar a novas tecnologias”.

Painel 2: ESG
“Vamos tratar neste painel da realidade e da prática da temática ESG, bem como o que temos visto a respeito da burocratização”, anunciou Renata Oliva Battiferro, Vice-Presidente do Conselho de Administração do IBRI, no início do painel 2: “ESG”. O debate contou com a presença de Cenira Nunes , Gerente Geral de Meio Ambiente da Gerdau; Oscar Paulino, Gerente Geral de Sustentabilidade da São Martinho; Rogério Poppe, Managing Director and Senior Portfolio Manager da ARX Investimentos; e Ross Kaufman, Sócio do escritório Greenberg Traurig.

Renata Oliva Battiferro explicou que a sigla ESG tem ocupado grande espaço na vida das empresas, dos RIs e dos investidores. “É um tema que sempre existiu, mas ganhou nova roupagem”, comentou. Segundo ela, é sabido que a companhia é mais valorizada pelo mercado quando estrutura dentro de casa essas siglas. “O mercado financeiro enxerga segurança naquelas empresas que se comprometem com o tema”, observou.

Para Oscar Paulino, os produtos devem ser utilizados com racionalidade. Segundo ele, a geração mais nova está antenada na temática ESG e se a empresa não se preocupar com isso não vai conseguir reter talentos.

“Não é mais uma opção. Se uma empresa precisar de financiamento cada vez mais irá tropeçar nos princípios ESG”, declarou Ross Kaufman.

Ao ser questionada sobre quais são os principais riscos ESG dentro das companhias, Cenira Nunes citou um grande desafio: “entender que tínhamos que trabalhar com áreas diferentes (Ambiental, Social e Governança), mas que se complementam”.

Rogério Poppe afirmou que a questão ambiental é mais crítica. “Por exemplo, a poluição era também bem forte na década de 1990 e muitas das informações que o ESG exige hoje não estavam disponíveis e era preciso ir procurar as empresas e os RIs para solicitá-las”, recordou. Do ponto de vista de uma gestora de fundos, ele enfatizou que a temática é bastante positiva e, inclusive, aumenta a transparência.

Painel 3: A Transformação digital nas empresas e o RI do futuro
A pandemia acelerou o processo de transformação digital nas empresas e este é um tema debatido com cada vez mais frequência dentro das organizações. Sabendo que o RI também deve se adaptar a essa mudança de cenário, o painel 3 do evento propôs o debate do tema “A Transformação digital nas empresas e o RI do futuro”.

Eduardo Galvão, Membro do Conselho de Administração do IBRI e Head de RI da CI&T, moderou o painel que contou com as apresentações de Melissa Angelini, IR Officer da Procaps Group; Rodrigo Araújo Alves, CFO e RI da Petrobras; e Diego Barreto, Vice-Presidente Financeiro e de Estratégia do iFood e autor do livro “Nova Economia”.

 “Não acreditamos em transformação digital. O que deveria acontecer é uma adaptação ao uso de ferramentas, ou seja, deveria ocorrer nas empresas um processo natural de utilização de ferramentas, conceitos e metodologia para melhorar a produtividade”, afirmou Diego Barreto no início do painel. Ele contou que o iFood é uma empresa nativa digital, mas quando ela nasceu ainda não existia a Inteligência Artificial de forma comercial e acessível como é hoje.

Rodrigo Araújo Alves comentou que a indústria de óleo e gás foi bastante resistente à transformação digital ao longo do tempo. “Em 2016, incorporamos a transformação digital como um dos habilitadores do futuro da companhia no plano estratégico pela primeira vez”, relatou. “Atualmente, a quantidade de inovação embutida no negócio de óleo e gás é muito grande. E isso também é transformação digital”, afirmou.

Melissa Angelini observou que, algumas vezes, a companhia não é tão tecnológica ou acredita que não tem muito a apresentar para o acionista sobre o tema. “Mas nós como profissionais de Relações com Investidores temos que encontrar o gancho e mostrar para o acionista. Muitas vezes não temos a transformação digital em si, mas temos algumas inovações que também são interessantes”, acrescentou.

Eduardo Galvão indagou quais problemas o profissional de RI gostaria de resolver utilizando a tecnologia. Rodrigo Araújo observou que as Assembleias digitais são um grande desafio para a Petrobras, uma vez que ocorrem diferentes opções de voto em uma mesma Assembleia como voto múltiplo, voto em separado, mudança de proposição, entre outros assuntos. “Este é um desafio para os provedores de Tecnologia da Informação: fazer uma assembleia que tem de tudo um pouco”, destacou.

Para Melissa Angelini, a partir de agora o lado estratégico dos profissionais de Relações com Investidores ficará mais evidente, ou seja, demandas do dia a dia podem ser realizadas com o auxílio da tecnologia, o que fará com o que o profissional de RI tenha mais tempo para analisar a informação e comunicá-la da melhor maneira para o seu público.

“Para definir as prioridades precisamos de coragem. Nós precisamos priorizar as coisas e, para isso, é preciso de informação em tempo real”, concluiu Diego Barreto.

Painel 4: Tecnologia e data science - A evolução do RI digital
O painel 4 do evento debateu “Tecnologia e data science - a evolução do RI digital” e contou com a moderação de Rafael Sasso, Coordenador da Comissão de Inovação Corporativa da ABRASCA. As apresentações foram realizadas por Roberto Attuch Jr, Fundador e CEO da OHMResearch; Felipe Pontes, Head de Educação Financeira do TC (Traders Club); Ana Paula Marques dos Reis, Sócia do escritório BMA Advogados; José Alexandre Cavalcanti Vasco, Superintendente de Proteção e Orientação aos Investidores da CVM (Comissão de Valores Mobiliários); e José Huizar Moreno, CEO da 2H Software.

 “Como o profissional de Relações com Investidores se posiciona neste mundo pós-pandemia? Para debater este tópico que é quentíssimo sobre tecnologia, data science e para onde vai o conceito do novo RI, ou seja, o RI digital, começa hoje uma discussão que acredito que vai se propagar para todos os congressos daqui para frente”, destacou Rafael Sasso no início do painel.

Roberto Attuch explicou como funciona a OHMResearch, uma plataforma de pesquisa que conta com o trabalho de analistas do mundo inteiro, o que só é possível acontecer por meio da tecnologia. “Dentro da plataforma, há o Fórum de RI, lançado em parceria com o IBRI, sendo um ambiente aberto onde qualquer pessoa do mercado pode se comunicar 24x7 com os profissionais de RI. É fácil e transparente para o investidor buscar informação oficial. A tecnologia mudou muito. Estamos evoluindo como os dados serão tratados”, destacou.

José Huizar Moreno contou o que a 2H Software está fazendo em relação à padronização de dados em XBRL (do inglês Extensible Business Reporting Language) e como o formato de padronização de dados pode ser uma peça importante na transformação do reporting. “Estamos ajudando as companhias a melhorar a maneira como preparam seus armazenamentos de dados. Também estamos ajudando reguladores e Bolsas de Valores a receber e processar esses dados baseados no padrão XBRL, bem como as pessoas que consomem essas informações”, explicou.

Moreno comentou que dentro das companhias existem muitos dados de diferentes naturezas como os financeiros e agora também sobre a temática ESG. “O XBRL realmente ajuda na padronização de todas essas informações e oferece um terreno comum para que todas essas informações convivam juntas”, detalhou. Ele enfatizou que “o padrão XBRL permite a comunicação de uma maneira eficiente do ponto A ao ponto B que pode ser entendida tanto dentro quanto fora da companhia”.

Felipe Pontes teceu comentários sobre a utilização de técnicas e modelos data science pelo RI como ferramenta de trabalho “para ir além das informações que ele reporta”. Ele trouxe um exemplo que vem sendo trabalhado dentro do TC (Traders Club), que “aborda o sentimento da ação, ou seja, como é possível identificar esse sentimento em relação às ações de uma empresa de forma mais objetiva”.

Segundo ele, existem várias maneiras de se fazer essa análise e o que eles fazem no TC é criar carteiras baseadas no Scoop, que é o serviço de notícias exclusivas dentro do TC; no Mover, que é o serviço de inteligência de mercado; o sentimento do Twitter; e um combo que une esses três, “isso para mostrar a efetividade desse tipo de análise”, frisou. Com esse modelo de análise, “o RI pode ficar atento não só ao sentimento da sua ação, mas também das suas concorrentes, além de conseguir gerar insights sobre comunicação mais efetiva e preparação para eventos como teleconferência de resultados”, afirmou.

Ana Paula Marques relatou como foi a realização de uma Assembleia da empresa no Metaverso e disse estar convencida de que esse é o futuro. “O Metaverso é um ambiente imersivo onde você se sente mais presente e tem uma participação maior”, enfatizou.

A Comissão de Valores Mobiliários participou, em 26 de março de 2022, de evento com o objetivo de apresentar a utilização do metaverso para desenvolvimento da educação financeira, além de procurar demonstrar a importância de acompanhar as tendências que surgem no meio tecnológico. José Alexandre Vasco, superintendente da CVM, comentou, também, sobre iniciativas como ter um perfil da autarquia no TikTok. “Depois do TikTok e das provocações da IOSCO (International Organization of Securities Commissions) começamos a pensar no metaverso. Nós e o RI temos que estar onde o investidor está”, concluiu Vasco.

Painel 5: Pesquisa Deloitte/IBRI - Contexto, mensagem e jornada ESG: criação de valor pelos RIs
O IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) e a Deloitte divulgaram os resultados da “Pesquisa Deloitte - IBRI – Contexto, mensagem e jornada ESG: criação de valor pelos RIs” no painel 5, que contou com a participação e moderação de Rodrigo Lopes da Luz, Membro do Conselho de Administração do IBRI; e apresentação de Reinaldo Oliari, Sócio de Audit & Assurance da Deloitte.

“A pesquisa aborda temas voltados ao ESG e padronização, bem como os desafios de comunicação com os investidores. O tema não é novo, só está com nova roupagem. Espero que faça parte do dia a dia das empresas e não seja apenas um greenwashing”, destacou Rodrigo Luz no início da apresentação. O conselheiro do IBRI ressaltou a parceria de 15 anos com a Deloitte de “valor inestimável para o Instituto”.

A pesquisa foi realizada junto a 63 empresas, das quais 73% são listadas em Bolsas de Valores no Brasil ou no exterior e detectou que a pauta ESG é vista como oportunidade de liderança e protagonismo para empresas e profissionais de RI (Relações com Investidores); contudo, somente 37% das organizações têm especialistas no assunto na área de RI e apenas 17% pretendem contratar alguém com esse perfil em 2022.

A pesquisa mostra que 87% das empresas listadas aumentaram o envolvimento e o conhecimento da área de RI nos temas ESG nos últimos 12 meses e discutem questões sociais ou ambientais nas reuniões de Conselho de Administração. Já 60% esperam aumentar o orçamento destinado a ESG para 2022.

A padronização de indicadores ESG é um importante desafio para as organizações, frente às crescentes necessidades regulatórias e de mercado. Também destaca que, com aumento expressivo de investidores pessoa física nos últimos três anos, as empresas pretendem expandir sua comunicação para canais mais abrangentes, como mídias sociais, a fim de alcançar um público cada vez mais pulverizado e diverso.

Segundo a pesquisa, entre as oportunidades para as empresas do País no cenário global atual, 68% indicaram liderança em questões ESG, 56% mencionaram a atração de investidores internacionais e 48% destacaram o ambiente de trabalho híbrido. Para o profissional de RI, a pauta ESG também oferece a oportunidade de maior protagonismo (70%). Os profissionais também identificaram oportunidades de maior governança (65%), amadurecimento da gestão de crises (51%) e adoção de novas tecnologias para acompanhamento do desempenho da empresa (51%).

“A pauta ESG é vista como o grande vetor de oportunidades para as empresas, o que revela que as organizações estão dispostas a abordar esse tema não como um entrave regulatório, mas sim como algo estratégico na direção da geração de valor para o seu negócio. Parcelas importantes de investidores e de consumidores buscam cada vez mais o alinhamento da temática aos objetivos centrais das empresas. Apesar da relevância do assunto, ainda temos um caminho a percorrer: maior entendimento quanto aos impactos sociais e ambientais nas cadeias de produção, estabelecimento de métricas e avanços em termos de padronização e transparência de dados são fatores essenciais para uma melhor comparabilidade, análise e tomada de decisão de investimentos”, afirmou Reinaldo Oliari.

A pesquisa mostra ainda que com o aumento expressivo de pessoas físicas na Bolsa de Valores nos últimos anos e o maior impacto desse grupo no valuation das organizações, 86% das empresas listadas identificaram a necessidade de intensificar novas formas de comunicação adaptadas para esse público.

“Embora os investidores institucionais tenham maior relevância entre os acionistas das organizações, o volume, a capilaridade e a diversidade de investidores pessoa física fazem com que esse grupo seja visto como cada vez mais influente sobre o valor da empresa. A chegada de novos investidores na Bolsa traz uma sinalização importante quanto aos avanços e o fortalecimento do mercado de capitais brasileiro, bem como reflete a mudança geracional de nossa sociedade. Por outro lado, reforça a necessidade das companhias se estruturarem para o atendimento do novo público e o desafio se torna maior ainda para profissionais de Relações com Investidores, pois precisarão ter ferramentas e meios específicos para se comunicarem com o investidor individual sem deixar de lado o institucional. Comunicação segmentada para diferentes públicos é o caminho para redução da assimetria informacional”, declarou Rodrigo Luz.

Para ler a pesquisa na íntegra, acesse o link: https://pesquisas.lp.deloittecomunicacao.com.br/ibri-2022

Painel 6: Investimento em Criptomoedas x Investimento em Ações – tendências
O painel 6 tratou do tema “Investimento em criptomoedas x investimento em ações – tendências” e teve a moderação de João Accioly, Diretor da CVM (Comissão de Valores Mobiliários); e as apresentações ficaram a cargo de José Alexandre Costa de Freitas, CEO da Oliveira Trust; Nicole Dyskant, Head Global da Hashdex; e Julia Franco, Sócia da área de Societário do Cescon Barrieu Advogados.

“O Brasil é hoje um dos países com mais receptividade a este novo mundo de criptoativos. Por que você acha que há tanta adoção de investimentos em criptoativos no Brasil em relação ao resto do mundo?”, questionou Accioly a Nicole Dyskant. Na visão da executiva da Hashdex, “a adoção de criptomoedas no Brasil e na América Latina tem relação com a falta de confiança desses países em sua moeda fiduciária”.

“Com o histórico de altas taxas de inflação e o nosso dinheiro desvalorizando, tudo faz com que tenhamos mais apetite para moedas novas e que prometem a valorização dos ativos que estão totalmente descorrelacionados com a nossa moeda fiduciária”, comentou Nicole Dyskant.

Julia Franco abordou as questões regulatórias e ofereceu a visão do mercado a respeito da atuação da CVM. “Foi muito positivo ver a CVM evoluindo nessa regulação do tema, especificamente com relação aos investimentos em fundos de criptoativos”, comentou. Outra vertente que a autarquia vem atuando e também está evoluindo na regulação, como ela citou, é com relação às ofertas, ou como são conhecidos ICO (do inglês Initial Coin Offering), de tokens de uma forma mais abrangente.

“Enxergamos a tokenização de ativos e os investimentos criptomoedas como a terceira via de securitização no Brasil. Passamos por um primeiro movimento via companhias securitizadoras, depois os fundos de investimentos estruturados e agora estamos diante de um momento em que os investimentos em tokens e criptoativos aumentam em progressão geométrica o volume de operações do mercado de capitais brasileiro”, descreveu José Alexandre Costa de Freitas.

Palestra de encerramento
A palestra de encerramento do 23º Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais foi conduzida por Adriana Dupita, economista-chefe da Bloomberg, e moderada por Alexandre Fischer, superintendente de Operações da ABRASCA.

“O mundo está bastante difícil, mas as captações têm que continuar acontecendo e o importante é entender o que condiciona esse cenário para as empresas neste momento”, declarou Adriana Dupita.

Durante a apresentação, a economista-chefe da Bloomberg, discorreu sobre inflação e estagnação econômica ao redor do mundo, o cenário interno com alta de juros e inflação bastante elevada.

No que diz respeito ao quadro internacional, ela mencionou que a economia mundial vinha crescendo numa velocidade bastante razoável, perdendo força com a pandemia da Covid-19. Segundo ela, a economia global terá um crescimento mais modesto e as economias emergentes terão um começo de saída desse momento atual mais difícil.

A economia americana enfrenta desafios por conta da alta da taxa de juros e da perda de poder de compra do consumidor, em consequência da inflação. “Tudo isso se retroalimenta e há uma chance de que tenhamos uma recessão no ano que vem. Não uma recessão brutal, mas um ajuste de rota”, acrescentou.

Para a economista-chefe da Bloomberg, “o Brasil é um país de média vulnerabilidade à reversão de fluxo de capital”.

No cenário eleitoral, os temas relevantes para os investidores, bankers e analistas estão voltados “para a capacidade do governo em pagar a dívida pública e se as empresas conseguirão gerar crescimento para que o valor justo das companhias suba”, concluiu Adriana Dupita.

A 23ª edição do Encontro de Relações com Investidores e Mercado de Capitais foi patrocinada pelas empresas: B3 (Brasil, Bolsa, Balcão); Banco do Brasil; blendON; Bloomberg; BMA; BNY Mellon; Bradesco; Cescon Barrieu; Datev; Deloitte; GreenbergTraurig; Itaú Unibanco; Luz Capital Markets - Printer; MZ; Netshow.me; Oliveira Trust; Petrobras; PRISMA; S&P Global; Stocche Forbes; TheMediaGroup; e Valor Econômico.

Para acompanhar as discussões na íntegra acesse os links: 27 de junho de 2022: https://videos.netshow.me/v/GF1dG3jYG9w e 28 de junho de 2022: https://videos.netshow.me/t/Sz_RYysGOEI

Mais informações: https://encontroderi.com.br/


Continua...