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Opinião

CRISE AQUECE MERCADO DE RELAÇÕES COM INVESTIDORES

Para cada canto que se olhe no Brasil de hoje, a palavra crise aparece. Crise da água, da energia e da economia, sem falar em crise política. Tudo ao mesmo tempo. Mas em muitas áreas temos constatado uma retomada do crescimento verificado em 2011. É o caso dos profissionais de Relações com Investidores, que começaram 2015 com boas perspectivas.

Para se ter uma ideia, crescemos do meio do ano passado para cá 50% na demanda por profissionais de RI. Muitas empresas que ainda não possuem ações no mercado de capitais decidiram buscar Gerentes de RI preparando-se, assim, para um processo de IPO que deve ocorrer num futuro breve. Outras, em razão da entrada do fundo de investimentos, também estão conduzindo um forte processo de profissionalização com contratação de profissionais de Relações com Investidores.

Em outros casos, podemos justificar a troca de cadeiras nesta área em razão da oscilação das ações das companhias abertas. Embora muitas vezes esta oscilação seja decorrente de fatores externos à gestão da companhia ou a maneira como a área de Relações com Investidores apresenta os resultados da companhia nos road shows, em geral a área acaba sendo penalizada e/ ou responsabilizada pela perda do valor das ações, uma vez que cabe a este profissional mostrar ao mercado que, apesar da conjuntura macroeconômica desfavorável, os fundamentos da empresa, sua governança e sua estratégia serão capazes de fazê-la crescer de forma rentável, distribuir dividendos e valorizar seus ativos.

Depois de um longo ciclo de baixa no Ibovespa, é natural que algumas companhias queiram oxigenar seus departamentos de RI, buscando profissionais com novos discursos, argumentos, abordagem ou mais poder de persuasão. E esse troca-troca, por si só, já aquece o mercado executivo.

Considero que o mercado de RI é também um excelente termômetro sobre o futuro da economia. Entre os vários pedidos de busca de profissionais da área que recebemos entre o fim do ano passado e janeiro para ocupar posição de gerente ou diretor, cerca de 50% são de companhias que estão planejando IPO (Inicial Public Offering) para os próximos três anos.

A demanda de RIs por empresas fechadas é um sinal também de que o mercado está amadurecendo e enxergando toda a potencialidade que este profissional tem. Há alguns anos era muito comum surgir a demanda por contratação de RIs às vésperas da abertura de capital, pois este profissional era considerado chave apenas para a comunicação com o mercado. Hoje o RI transformou-se em um elo fundamental na governança da companhia.

Assim, as empresas estão contratando o RI durante a fase de preparação de abertura de capital, considerando que sua experiência é fundamental. É ele que sabe quais os pontos que o mercado valorizará na companhia. É ele que tem o feeling dos investidores, sell side ou buy side, podendo orientar a empresa na estratégia do negócio, no detalhamento de seus riscos e, finalmente, na preparação do prospecto do IPO. Por fim, ele poderá ser o principal crítico da governança corporativa, ajudando a empresa a se aprimorar para chegar ao mercado atendendo aos níveis de transparência que hoje são exigidos.

Os RIs mais desejados são aqueles que entendem muito bem de determinado mercado. Por isso não é difícil ver um analista de investimentos especializado em determinado setor tornando-se RI do segmento que cobria. Isso faz com que o nível de especialização exigido torne esses profissionais bastante especiais. Além de tudo isso ele deve ter habilidade de comunicação e persuasão e imensa preocupação com todos os detalhes de materiais, textos e gráficos das apresentações para investidores. Desnecessário dizer que a fluência em inglês é determinante para a colocação.



Tais Cundari
é vice-presidente da Fesa, consultoria de busca e seleção de altos executivos.
tais@fesa.com.br


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