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Enfoque

PARA DESENVOLVER O MERCADO DE AÇÕES NO BRASIL É FUNDAMENTAL FORMAR INVESTIDORES CONSCIENTES!

Educação envolve os processos de ensinar e aprender. Isso ocorre em qualquer sociedade, pressupondo que tenha um caráter permanente e seja transferida e aperfeiçoada entre gerações, sendo essencial à convivência e adequação dos indivíduos à sociedade ou grupo que pertençam.

Em seu site o Banco Central do Brasil define educação financeira como "o processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram sua compreensão dos conceitos e produtos financeiros. Com informação, formação e orientação claras, as pessoas adquirem os valores e as competências necessárias para se tornarem conscientes das oportunidades e dos riscos a eles associados e, então, façam escolhas bem embasadas, saibam onde procurar ajuda e adotem ações que melhorem o seu bem-estar. Assim, a Educação Financeira é um processo que contribui, de modo consistente, para a formação de indivíduos e sociedades responsáveis, comprometidas com o futuro". O mesmo site diz ainda que: "o melhor desempenho de cada cidadão em sua vida financeira contribui para o melhor desempenho da economia brasileira".

Por sua vez, a CVM formou, com o apoio da Abrasca, Anbima, Ancord, Apimec, Bovespa, IBGC e IBRI - o Comitê Consultivo de Educação que tem por objetivo principal: “promover e apoiar projetos educacionais que contribuam para a melhora dos padrões de educação financeira da população brasileira". Entre as iniciativas do Comitê está o Programa Top de Treinamento de Professores, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento de "multiplicadores" junto às instituições de nível superior, e o Prêmio Imprensa, que objetiva reconhecer o papel da mídia nas decisões de investimento.

Tudo isso, inclusive as iniciativas de diversos participantes e agentes do mercado, reflete uma importante preocupação direcionada a promover e desenvolver a educação financeira dos brasileiros. Infelizmente, apesar de altamente importantes, esses esforços pouco ou nada tem contribuído para formar e consolidar um verdadeiro mercado de ações em nosso país, especialmente considerando a sua dimensão geográfica, a sua população e, em particular, a sua economia.

A realidade é que a ausência de uma cultura de investimento em ações no Brasil, refletida no fato dos depósitos em cadernetas de poupança e as aplicações em renda fixa serem as principais opções de "investir", exclui a maioria dos brasileiros do processo de participação no desenvolvimento das empresas e no crescimento do país. Se considerarmos apenas os 26 milhões de pessoas físicas que declararam imposto de renda no ano passado, o número de investidores cadastrados na Bovespa representa meros 2% dos contribuintes. Certamente, essa reduzida participação de investidores de médio e longo prazos gera enormes distorções na liquidez e na determinação dos preços das ações. Num país com a dimensão e a população do Brasil, apesar de contar com uma bolsa de valores que se posiciona entre as maiores do mundo mas que é virtualmente "dominada" por um relativamente pequeno grupo de investidores institucionais e/ou estrangeiros, é evidente a necessidade de um amplo e abrangente programa de educação e conscientização sobre o real papel do mercado de ações.

A formação de uma sólida cultura entre as pessoas nas diversas áreas é essencial, começando nos próprios ambientes familiares e evoluindo constantemente nas escolas, no trabalho e no convívio na sociedade. Recentemente vimos no Brasil a implantação de inúmeras "novas culturas", que antes não existiam: Lei Seca; Proibição de Fumar em Locais Fechados; entre tantas outras. A implantação de uma cultura de investimento também requer um processo permanente de disciplina, que deveria ser orientada à todos os brasileiros, independentemente da sua formação ou do seu nível de renda.

Apesar de alguns considerarem uma meta impossível de ser atingida num prazo relativamente curto, a realização de um Programa de Formação de Investidores Conscientes poderá surpreender, especialmente se aproveitarmos a vitoriosa experiência do mercado norte-americano, através dos clubes "educacionais" de investimento.

Artigo de RONALDO A. DA FROTA NOGUEIRA (1938-2017),
publicado em Março de 2014 na Revista RI no. 181.


Continua...