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Diversidade

DIVERSIDADE: COMO O NORTEADOR DE CRIAÇÃO & ESCALA DE COMUNIDADES

Comunidades e ESG são dois dos temas mais discutidos atualmente e extremamente importantes para o futuro da nossa sociedade. Já não é nenhuma novidade que se não mudarmos hoje, teremos vários problemas: como menos recursos naturais, extinção de espécies, outras pandemias, aumento das desigualdades, sem contar as catástrofes. Dentro da sigla ESG, temos E - environmental (Meio Ambiente), S de Social, e G de Governança, esse último tem falado muito de Diversidade, que é um elemento extremamente poderoso.

Atualmente sabemos a importância de uma comunidade, que promove conexões, negócios, compartilhamento de conhecimentos e informações - tanto que comunidades como B2Mamy, Confraria do Empreendedor, ZeroOnze, San Pedro Valley, entre outras tem promovido muito mais que conexões e ajuda, têm promovido negócios. Por isso a importância da criação de comunidades, sejam de startups, de inovação, porém o ESG deve fazer parte de comunidades, em especial o tema de Diversidade deveria ser o norteador para criação de comunidades.

Segundo a ABS (Associação Brasileira de Startups) sete elementos são importantes na construção de um ecossistema/comunidade de startups, que têm graus de importância de acordo com a ordem a seguir - os graus de importância não foram mencionados pela ABS e sim pela experiência desse autor:

1) Diversidade e Impacto
2) Cultura
3) Talento
4) Densidade
5) Acesso a Mercado
6) Acesso a Capital
7) Ambiente Regulatório

Seja em comunidades iniciantes e principalmente comunidades mais maduras, a diversidade deve ser o principal pilar, inclusive para ter a noção de, além de nortear, ser também transversal a todos o pilares, pois a diversidade cria, acelera e amplifica todos os demais elementos, sendo um norteador para todos os pilares, por exemplo:

A cultura é o elemento mais importante em qualquer atividade e projeto, seja na criação de uma startup ou comunidade. É a cultura que definirá o propósito e o norte a ser seguido, definirá os rituais e as boas práticas. Uma comunidade, ou startup com uma cultura ruim ou não bem estruturada estará com seus dias contados.

Porém, desenhar uma cultura sem pensar na diversidade desde o início, é como construir uma "linda" casa sem acessibilidade, depois teria que fazer várias "reformas", "remendos" que sairiam muito mais caros, demorados e não ficaria tão bom quanto se fossem feitos desde o ínicio. As comunidades que não incorporaram a diversidade no ínicio terão muita dificuldade em mudar esse ponto. Uma forma de minimizar é dando vozes para pessoas de diversidade, tendo uma "cota" para que elas possam apresentar palestras, escrever, enfim dar chance para criarem grupos de trabalho, para entender as dores, mas não é igual já começar com a diversidade no DNA.

Pensando em diversidade você cria, promove e incentiva uma cultura mais acessível e inclusiva, que torna a comunidade muito maior e impactante, mais pessoas se sentem acolhidas e representadas. Com isso compartilham diferentes formas de conhecimentos, percepção de problemas, consequentemente outras soluções, ideias serão pensadas de forma a representar mais pessoas e atrair outras dispostas em ajudar a comunidade.

Mais representatividades nas comunidades fazem com que mais pessoas se engajem, promovendo maiores formações de talentos e capacitações. Quando a cultura e diversidade andam juntas, conhecimentos e materiais de formações mais acessíveis e inclusivos serão observados, entendendo que os usuários da comunidade de fato precisam, por exemplo, de materiais disponíveis para pessoas cegas (sejam em audiodescrição, sites acessíveis ou até braile), seja para pessoas surdas (vídeos legendados e com intérprete de libras ou até livros em libras), ou livros com linguagem mais acessível (com menos jargões ou termos em inglês a um preço mais acessível).

Com mais engajamento e conteúdos acessíveis, mais pessoas serão capacitadas e apoiadas e surgirão mais fundadores. Mais pessoas se sentirão representadas para capacitar outras pessoas/empreendedores, a serem capacitados a trabalhar em startups, players do ecossistema e posteriormente virarem founders. Muito da falta de engajamento e até de capacitação é devido a ausência de representatividade e acessibilidade.

Com isso naturalmente teríamos maior densidade, mais membros se juntando, mais pessoas se voluntariando para ajudar as comunidades, como mentores, formando hubs ou clusters de inovação, possibilitando o surgimento de novos negócios, além de negócios com propósito e impacto.

Isso provocará uma maior maturidade no ecossistema que naturalmente resultará em um maior acesso ao mercado. As empresas - sejam grandes, médias, pequenas e até as próprias startups - estarão muito mais dispostas e abertas para colaborarem entre si e a fazerem negócios. Primeiramente haverá menos preconceitos, mais conexões serão feitas entre os atores do ecossistema e mentorias serão dadas com objetivo que menores riscos aconteçam.

Mais que isso, promovendo a diversidade, novas maneiras de enxergar problemas serão identificadas, e problemas que antes não era dada a merecida atenção serão percebidos, criando novos mercados e soluções serão criadas.

Com isso, com mais projetos andando, cases formados - maior será o acesso a capital - investidores entenderão melhor novas dores, com novos potenciais de mercado tornando investimentos mais interessantes, possibilitando a comunidade criar todo um ecossistema para apoiar e gerar consumo.

O ambiente regulador seria importante no final para ajudar a fomentar e acelerar novas startups e conexões com empresas. Podendo inclusive ajudar os empreendimentos que trazem soluções de maior impacto, em especial nas questões socioambientais para a sociedade.

Como podem ver, a diversidade não é somente uma grande faísca ou pilar, mas sim uma grande explosão para que gerações de comunidades consolidadas sejam formadas e os principais problemas da sociedade possam ser resolvidos.

Duas comunidades bem estruturadas, como a Confraria do Empreendedor e a B2 Mamy, mostram exatamente isso. A B2 Mammy, que é primeira empresa de educação digital que capacita e conecta mães ao ecossistema de inovação e tecnologia para que sejam líderes e livres economicamente, que se tornou uma grande comunidade para mulheres empreendedoras, que tem provocado a criação de uma rede de mentoras e mentores muito bem estruturada, e tem apoiado o desenvolvimento de seus negócios contando com uma rede de investimento bem estruturada. Com isso, desde 2016, apoia o desenvolvimento de negócios inovadores fundados e liderados por mães, capacitando mais de 30 mil mulheres nos programas de educação e movimentando mais de R$ 6 milhões dentro da rede.

Por outro lado a Confraria do Empreendedor tem sido um ponto forte na conexão, graças a uma cultura de propósito e retorno, através do tamanho e diversidade desta rede, tem sido possível acessar qualquer pessoa do Brasil e do mundo em poucos segundos. Outro ponto, graças a diversidade da rede, alguns negócios se formaram na Confraria, sendo o case mais interessante o da Octa, onde o Arthur Rufino CEO da Octa se juntou com a Fisher (venture builder financeira).

Thierry Cintra Marcondes
é um empreendedor apaixonado por inovação, parcerias e pessoas. Atualmente trabalha na área de inovação da Accenture, também atuando como conselheiro em startups de impacto. Surdo, aprendeu a falar por vibração, tocando nas pessoas e fazendo leitura labial. Defende que a Diversidade é um dos principais pilares de transformação e que as soluções sociais, sustentáveis e acessíveis irão revolucionar o mundo, afinal o futuro é acessível, vegano e das mulheres.
thierry.marcondes@gmail.com

 
 
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