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VISÃO ABRANGENTE DO DESEMPENHO DA EMPRESA PARA A TOMADA DE DECISÕES

Para tomar as decisões de responsabilidade da alta administração da empresa é indispensável que as informações existentes permitam responder pelo menos duas perguntas. A primeira é saber se a estratégia definida está sendo executada. Se houver falhas de execução, sua identificação dará condições à alta administração a revisão dos processos e/ou equipes de execução. Outra questão diz respeito à avaliação da eficácia da própria estratégia adotada. Mesmo que as informações existentes demonstrem que a estratégia esteja sendo adotada corretamente, os resultados não correspondem à expectativas e se torna indispensável promover ajustes estratégicos.

Tanto num como no outro caso, a eficácia das decisões depende essencialmente da qualidade do diagnóstico que venha a ser feito. Este por sua vez é o produto de uma análise do desempenho da empresa que permita identificar os fatores determinantes ou condicionantes dos resultados, seja para explorar as oportunidades, seja para enfrentar as ameaças.

Um primeiro desafio é distinguir entre fatores controláveis, de origem interna ou resultantes de impactos do ambiente externo, que estejam influenciado o desempenho da empresa e, a partir desse entendimento, identificar as ações operacionais ou estratégicas eficazes para obter os resultados desejados.

Trata-se de um desafio não trivial, porque esse diagnóstico não pode ser limitado à análise do comportamento de uma única variável. Exemplos não faltam. Embora um aumento da rentabilidade do capital do acionista num dado período seja um fato positivo, ele pode ter sido obtido mediante um aumento não sustentável de margens, com a prática de preços superiores aos da concorrência, do que poderá resultar uma perda continuada do “market share” da empresa.

Alternativamente, um crescimento de vendas pode estar sendo obtido com o sacrifício da rentabilidade e pode ser até inferior ao aumento de vendas dos concorrentes. Uma avaliação com foco exclusivo na margem de EBITDA pode desviar o foco da geração de valor para o acionista. Uma significativa redução de custos pode ter sido obtida com políticas de remuneração que implicam a substituição de pessoal de mais qualificação por iniciantes de carreira, ameaçando a qualidade dos serviços e a sustentabilidade da empresa.

A competitividade futura da empresa pode estar sendo ameaçada na medida em que sua velocidade de inovação, com o lançamento de produtos novos, não acompanhe o que ocorre no mercado. Descasamento de moedas pode não ficar evidenciado em situações “normais” mas pode gerar pesados prejuízos em condições de “stress” dos mercados.

É frequente a experiência de que a alta administração - aí incluídos o Conselho de Administração e a Diretoria - recebam relatórios volumosos e com grande número de dados, o que dificulta a extração de informações e avaliações relevantes para a tomada de decisões. Por outro lado, não é razoável e nem desejável que todos os membros da alta administração sejam “especialistas” em finanças, marketing, tributação, e assim por diante. É importante vencer o desafio da comunicação, de modo que todos os membros da alta administração possam ter uma compreensão básica do que está em jogo em cada decisão.

Finalmente, é importante lembrar que a mera existência e funcionamento dos comitês do Conselho, como é o caso de auditoria , riscos, sucessão e outros, não garante a qualidade da governança num contexto de deficiência de informações. O exercício da governança das empresas é um processo, em que os Comitês do Conselho são soluções organizacionais, cuja eficácia depende estritamente do correto entendimento por parte da alta administração da realidade da empresa.

Na experiência da consultoria REP&A, o desafio é construir e acompanhar continuamente o diagnóstico da empresa, com base em modelo e indicadores consistentes e estáveis. Esse diagnóstico permitirá a construção de uma visão abrangente e atualizada do desempenho da empresa e dos seus fatores determinantes, matéria prima básica para a tomada de decisões eficazes para atingir os objetivos.

 

Carlos A. Rocca
é sócio diretor da REP&A - Rocca, Eliseu, Prandini & Associados.
rocca@repassociados.com.br


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