Orquestra Societária

ENTREVISTA: EDGARD GOUVEIA JR., COFUNDADOR DA LIVELAB E IDEALIZADOR DA JORNADA X

E SE CONSTRUIR O MUNDO SUSTENTÁVEL FOSSE FAST, FREE, FUN & FANTASTIC?
O projeto “ESG: uma partitura que está sendo escrita”, idealizado com 12 conselheiras certificadas pelo IBGC, após concluir mais de 80% de sua meta, com 10 entrevistas publicadas nesta Revista RI, faz uma pausa, nesta edição, para conversar com Edgard Gouveia Júnior, cofundador da LiveLab e do Instituto Elos; e idealizador da Jornada X. Ex-atleta profissional de vôlei, arquiteto e urbanista, pós-graduado em Jogos Cooperativos, Edgard dedica sua trajetória a mobilizar crianças, adolescentes, jovens e adultos, desenhando e aplicando jogos virtuais, gincanas e ações coletivas, que resultam em revoluções comunitárias, com profundas transformações nas pessoas, por meio de 4 “F”: Fast, Free, Fun & Fantastic.

Edgard Gouveia Jr., cofundador da LiveLab, laboratório vivo de inovação social, onde foi CEO (de 2014 a 2023), do Instituto Elos, dos Guerreiros Sem Armas e do Oasis Game (até 2010), é sócio do Projeto Cooperação e CEO da Epic Journey. Palestrante em diversos TEDx e em eventos corporativos e consultor nacional e internacional – na Europa, América do Norte e Ásia, onde aplica ferramentas de inovação social como World Café, Open Space, Danças Circulares, Comunicação não Violenta, Jogo Oasis e Jornada X.

Graduado em Arquitetura pela Universidade Católica de Santos (1993), fez Pós-graduação em Jogos Cooperativos pela UniMonte (2002). Professor de Pós em Pedagogia da Cooperação na UNIP (Universidade Paulista). Acumula atuações nacionais e internacionais, como Ashoka Felow, Berkana Exchange, BMW Foundation, Now Partners, Coletivo ASAS, FORMS Museums e TRIP Transformadores, Youth Initiative Program (YIP) e MSLS na Suécia, Knowmads na Holanda, Amani Institute, Gaia Training no Brasil e World Child Forum em Davos. Idealizador de jogos e organizador dos Encontros de Arquitetura ENEAs e ELEAs.

Brincando, todo mundo é empreendedor e desperta automaticamente a melhor versão de si mesmo” – foi após essa frase de Edgard Gouveia Jr. que começamos a gravar nossa inspiradora e divertida entrevista no estúdio da CMC Vídeo, em São Paulo. Acompanhe a seguir.

RI: Tivemos a grata satisfação de nos encontrarmos em grandes eventos corporativos neste ano, como a 8ª edição do Engie Day e o 24º Congresso do IBGC. Você mobiliza grandes plateias, de uma forma muito genuína, apresentando nos palcos o seu jeito de transformar o mundo em um lugar melhor para viver, por meio dos 4 “F” – Fast, Free, Fun & Fantastic! De onde vem essa inspiração?

Edgard Gouveia Jr: Os 4 “F” – Fast, Free, Fun & Fantastic – foram cunhados por mim, em inglês, durante meu longo período sabático de volta ao mundo. Na verdade, significam, em português: rápido, “sem botar a mão no bolso”, divertido e resultado espetacular. Eu gosto de começar as minhas palestras dizendo: “E se construir o mundo dos nossos sonhos pudesse ser fast, free, fun & fantastic?” As pessoas começam a sorrir no mesmo momento! Sobre a inspiração da sua pergunta, foi muito simples e poderosa e ocorreu na minha infância, quando eu tinha 12 anos de idade. Quando eu conto essa história fora do Brasil, as pessoas parecem ficar arrepiadas, porque não viveram a experiência da gincana, o que a maioria de nós, brasileiros, já viveu. E essa experiência da minha infância foi a grande inspiração para os 4 “F”. A inspiração veio, também, além das gincanas, dos mutirões que eu vivi em São Paulo, com os caiçaras no litoral de São Paulo e com os caipiras no interior. Eu não entendia como um grupo de famílias se reunia e alegremente construía uma casa em um único final de semana, ou aravam toda a terra e ainda festejavam à noite! Se fosse a própria família, iria demorar muito mais tempo! Na gincana, a cidade inteira se reúne para brincar! Brinco que gente que somente jogou nas escolas é amadora! Estou falando de gincanas que mobilizam toda uma cidade. Existem algumas cidades no Rio Grande do Sul que mantêm esse costume, têm times enormes, com 500 pessoas em cada, cinco times diferentes e todo mundo brinca de missões impossíveis, sem recurso nenhum, num prazo impensável e de uma forma muito simples e divertida. Não é para ser sério! É para todo mundo se jogar na aventura, morrer de rir, brincar! E essas gincanas mobilizam as crianças, os pais, os avós, a família toda, até os padres. É um jogo para todo mundo participar. Com um olhar clínico, a gincana serve para testar a habilidade humana, o poder que moradores de uma cidade inteira tem de realizarem missões impossíveis. Nós, brasileiros, todos juntos, temos o poder de realizar o impossível. Eu mesmo nunca vi uma missão que não fosse realizada com sucesso. As pessoas que organizam as gincanas – e eu já fiz parte disso – ficam empolgadas em definir uma missão que deixe os jogadores doidos! E eles vão lá e realizam! Eles olham para a missão como crianças. Quando criança, eu já tive o sonho de salvar o mundo, os ecossistemas naturais e animais do mundo inteiro, a biosfera. Como mobilizar mutirões em todo o mundo? Minha preocupação era: como não deixar que a paralisia nos tomasse diante de uma catástrofe? Como não deixar que o que aconteceu no Holocausto, acontecesse novamente? Tentar fazer isso brigando, lutando, marchando, fazendo greve, tem um certo resultado, mas não tem a qualidade e energia de transformação e realização de grandes milagres, como tem a gincana, a festa junina. Então pensei: por que não usamos o poder da gincana para as grandes transformações? Aí, fui crescendo e olhando para o carnaval; quando eu era criança, todo mundo “que era alguém no mundo” vinha para o Brasil em fevereiro para participar das escolas de samba! E quem realizava os carnavais? As pessoas mais simples do Rio de Janeiro desciam do morro e faziam o espetáculo mais luxuoso do mundo! Eu gosto de brincar com isso. Quem faz o espetáculo acontecer? Mangueira, Salgueiro, Vai Vai... Não existem escolas de samba Unidos do Leblon, de Copacabana ou de Ipanema! Se existissem, seriam do terceiro grupo, não iriam ganhar. As pessoas mais simples faziam e fazem o espetáculo mais luxuoso do mundo. Eu pensava assim: se o nosso povo tem esse poder, se não é o poder econômico que faz tudo isso acontecer, de onde vem esse poder, essa energia que encanta o mundo inteiro? Então, eu tenho clareza de que nós, em nossa cultura, como sociedade brasileira, temos um poder de transformação que não estamos acessando, e os exemplos são vários: a energia do nosso futebol, da olimpíada, da festa junina, do carnaval, da gincana. Se levássemos a sério esse poder para mobilizar o melhor das multidões, para salvar o mundo, ninguém nos seguraria! Se o Brasil fizesse um carnaval para salvar a Amazônia, a salvaria em três anos, pois isso mobilizaria o mundo inteiro! Nos campos do brincar, alguma coisa acontece dentro de nós – o povo brasileiro tem uma potência incrível global, é uma explosão de alegria, de abraço, de criatividade e realização que não estamos usando para fazer a transformação. Podemos inspirar o mundo inteiro e assim como a alegria do nosso futebol inspira o mundo inteiro, temos mais para entregar ao Planeta, à sociedade global: nossa alegria, nosso abraço, nosso afeto, nosso acolhimento, nosso poder de transformação... brincando! Nos campos do brincar, algo acontece. Naturalmente saímos de nossa versão ordinária para a nossa versão extraordinária. Todos nós temos uma versão ordinária, comum, o que sabemos fazer cotidianamente. A extraordinária é a que surge uma vez ou outra e nos dá o poder de fazer a transformação que estamos sonhando, com as práticas ESG. Temos que trazer de volta essa grande alegria de viver e contagiar todo mundo para fazer a mudança que todo mundo sonha ver! E ninguém pede pausa em pleno carnaval, após dois dias de festas, para descansar e depois, voltar para aproveitar mais! Ninguém consegue parar, pois a energia do carnaval é contagiante!

RI: Quais são a amplitude e o impacto que a LiveLab alcançou por meio dos 4 “F” e qual é o seu principal objetivo? Mas, primeiramente, pedimos que fale sobre a LiveLab.

Edgard Gouveia Jr: A LiveLab é uma ONG fundada em outubro de 2014, por Fernanda Camargo Ravanholi, Edgard Gouveia Júnior, Iva Glady Takami Duarte e Tiago Ruprecht. Fernanda e eu morávamos juntos no Centro de Parati, após minha volta ao mundo, em que eu estava concebendo o Play the Call, atualmente Jornada X. E foi por meio de sua provocação para fazermos mais e mais, que criamos a LiveLab, para realizar esses jogos espalhados pelo Brasil inteiro e, atualmente, pelo mundo também. A LiveLab tem por objetivo mobilizar crianças, adolescentes e jovens para fazerem a mudança que eles querem ver no mundo. Estimulá-los a serem líderes das suas próprias comunidades, a serem protagonistas do movimento nessas comunidades, seu território, para transformarem sua realidade. A LiveLab os provoca a brincarem de super-heróis, a montarem times de amigos – um adolescente sozinho é uma coisa, mas em gangue, o bando inteiro, ninguém segura! No time, um tímido vira corajoso, outro, criativo. Temos a estratégia humana de fazer um bando deles sonhar e começar a pensar: qual é o bairro dos sonhos? O adolescente tem clareza do que quer, é muito crítico – faltam árvores, as crianças não têm onde brincar... Eles são muito bons nisso, mas foram criados e treinados com limitação da mente dos adultos: criança não pode, não sabe, não tem, não merece, não pertence, não faz... Foi pensando nisso que veio a pergunta: como podemos criar um ambiente para que elas, as crianças, possam fazer o contrário, onde já são superpoderosas? No meio do brincar, da aventura, em uma jornada épica, no esporte. Com 14 anos, elas já ganham olimpíadas! No campo do brincar, as crianças – e todos nós nos tornamos crianças –, são as melhores jogadoras, têm as melhores performances e elas conseguem liderar uma sociedade, um bairro inteiro, em prol de realizações como limpar um rio, construir uma ponte, reformar uma escola, resgatar famílias, plantar uma floresta! Percebemos em vários jovens, nos lugares em que aplicamos a gincana, que eles tinham esse poder dentro deles, desde que estivéssemos chamando-os para brincar; se falássemos sobre realizar uma coisa muito mais séria, eles começavam a se afastar. A Livelab foi criada exatamente para responder a esta pergunta: como podemos virar o nosso olhar para esse público, principalmente, adolescente, que está em uma fase na qual ninguém quer olhar? Todo mundo quer cuidar da criança, do estudante universitário, mas muitos pais querem que passe logo essa fase da adolescência. Então, temos que olhar para esse público que quase ninguém quer olhar, que tem muito poder nessa transição, e ajudar esses jovens a serem líderes protagonistas das suas comunidades, ao invés de um grande problema social, com o qual não sabemos lidar e não oferecemos nada. Se forem oferecidos desafios muito legais, emocionantes, coletivos e épicos, eles os agarrarão como ninguém. A LiveLab olha para esse público e cria desafios incríveis, para eles serem agentes de transformação dentro da sociedade e, não, um gap entre uma fase e outra, já que o jovem não é criança mais e nem adulto ainda. Na verdade, é um ser que pode fazer coisas incríveis e, como no esporte e nas gincanas, mobilizar uma cidade inteira. E sobre o alcance? A ideia da Jornada X, assim nomeada hoje, nasceu durante minha volta ao mundo, em que, como disse, desenhei, com a participação de literalmente milhares de pessoas, o Play the Call, um game, uma aventura épica, uma jornada de sete missões. Entregamos essas missões, uma por semana, a cada adolescente, cada time de jovens, cada escola que entra no jogo – hoje em dia, empresas também jogam. O game é tão legal, que as empresas patrocinadoras dos jogos começaram a pedir para que seus funcionários jogassem também! Empresas como a Engie, Fundações como a José Luiz Egydio Setúbal e até o governo, como o MEC e a Agência Nacional de Águas jogam! O game foi criado para crianças, adolescentes e jovens, mas os adultos se empolgam, pois têm um adolescente dentro de si, que também quer brincar! Desenhamos essas sete missões, uma jornada de sete semanas. A cada semana, damos ao jogador uma missão impossível! E ele tem que correr e, durante a semana, realizar aquela determinada missão. Realizamos isso em algumas comunidades e o game começou a se expandir para o ensino público. Fizemos, por exemplo, uma parceria com o Governo de Estado de São Paulo para aplicar nas escolas públicas. Em 2017, por intermédio de uma parceria com o MEC, criamos, para a Conferência Nacional Infanto-Juvenil do Meio Ambiente (CNIJMA), um jogo específico para as crianças salvarem as águas de suas cidades, os rios, lagoas, açudes. O pessoal fez coisas incríveis. Nesse ano, trabalhamos com quase 20.000 escolas, 1.700 escolas espalhadas pelo Brasil, com alcance nos 26 estados. Internacionalmente, também temos aplicado esses jogos. Em uma escola Waldorf de Taiwan, quase 2.500 estudantes jogaram a Jornada X. Aplicamos também na Alemanha, na Suécia, na Índia, nos EUA, dentre outros. É difícil calcular o público alcançado em nosso País, porque concluímos duas Primaveras X; a terceira está em andamento. Seguramente, mais de 100.000 pessoas já jogaram, contando com os times que foram montados. Fora a escola inteira, que foi mobilizada, a cidade, seus bairros! Vejam esse exemplo na cidade de Araguatins – TO (link ao final da entrevista). É muita gente, o que torna difícil contar com exatidão, mas, mesmo assim tenho feito cálculos e cheguei à estimativa de 4 milhões de pessoas que podem ter sido impactadas! Pois, além dos jogadores, são impactados também os doadores, patrocinadores e os beneficiados. O jogo abrange tanto os jogadores, que são líderes, quanto os apoiadores. Indo além da aplicação dos jogos: quantas pessoas participaram dos TEDx? Dos eventos corporativos? Então, muita gente já foi impactada. Qual o nosso objetivo? Mobilizar 2 bilhões de pessoas do mundo! Desde quando resolvi fazer a volta ao mundo, vendo os impactos do clima, fiquei com essa pergunta na cabeça: para onde estamos indo, já que temos até 2030 para a grande virada, senão não conseguiremos? Eu estabeleci em minha mente que tinha que criar alguma coisa que mobilizasse, que comovesse a sociedade humana! Assim, parei com o meu trabalho, com tudo que estava fazendo, fiquei dois anos e sete meses dando a volta ao mundo e pesquisando. Eu queria criar alguma coisa que tivesse o poder de mobilizar 2 bilhões de pessoas e fui falando em minhas palestras pelo mundo inteiro sobre essa meta. Até no TEDx eu falei! E por que 2 bilhões de pessoas? Quando eu comecei minha volta ao mundo, havia 6 bilhões de seres humanos em nosso Planeta, e agora, são 7,5 bilhões. Pensei: 6 bilhões eu não consigo mobilizar, é muita gente, não sou louco, utópico. Mas 2 bilhões eu consigo: 1/3 da humanidade. Se eu conseguir mobilizar 1/3 da humanidade, esse 1/3 mobiliza o resto! Todos nós estamos vendo que a situação está piorando, apesar de vários índices terem melhorado – há mais pessoas indo para a escola atualmente, mais gente tendo acesso aos hospitais e à saúde. Mas quando a gente olha em volta, não aparece essa melhora. Parece uma bomba! Então, temos muito o que fazer! Pois há muito mais gente passando fome do que a nossa tecnologia e nossa política conseguem alcançar e engajar! Para mim, é muito claro: se quisermos fazer a transformação que queremos ver no mundo – essa grande mudança e na velocidade que precisa ser feita –, precisamos criar grande comoção global! E não esperemos isso das empresas, elas vão fazer devagar, no tempo delas, pois a lógica econômica delas é outra. Os governos também não vão conseguir fazer essa mudança na velocidade que precisamos. Então, tanto os governos quanto as empresas vão se mobilizar se houver grande comoção da sociedade civil! As empresas seguem o que a sociedade civil quer. Em suma, se quisermos fazer essa grande transformação, tem que ser por meio da comoção da sociedade civil. E para isso, não dá para fazer com marcha, protesto; isso certamente continua, não queremos aqui falar em parar essa pressão social, que ainda segue necessária! Mas quando a gente faz apenas dessa forma, menos de 10% da sociedade conseguem se engajar e organizar para promover mudanças, menos de 10% dos públicos interessados conseguem ir para as ruas marchar! Conseguem brigar, se arriscar a ir para a cadeia, até quem é ativista. Eu sou ativista! Mas acredito, que se queremos fazer uma grande transformação, terá que ser por meio da comoção, pela alegria, pela festa, pelo carnaval! No carnaval, vai muito mais gente para as ruas do que 10% das pessoas interessadas, com a festa junina é a mesma coisa. E é importante conseguimos fazer um convite que seja seguro, alegre, que desperte em cada um de nós a nossa melhor versão. Se cada um de nós despertar a melhor versão de si, inspirando outros, teremos muito mais criatividade, muito mais vontade, muito mais desejo de doar o melhor de nós mesmos, o melhor que temos, e os resultados serão muitos mais rápidos, pois não vamos querer parar de brincar! O brincar tem o poder de transformar crianças, adolescentes e jovens em protagonistas dos movimentos de transformação de suas comunidades, de seu território, e a LiveLab os provoca a brincar de super-heróis!

RI: Em sua apresentação no 24º Congresso do IBGC, que explorou o tema “Governança em rede: Conectando stakeholders”, você surpreendeu a plateia, ao trazer ao palco Rhenan Cauê, embaixador da LiveLab, de 16 anos, para falar dos resultados do game Primavera X, em que ele foi líder. Ele o fez com maestria. Como foi essa experiência? Qual é a importância dessas experiências para o seu trabalho?

Edgard Gouveia Jr: Foi desafiador! O Rhenan Cauê foi muito elogiado. Os participantes do Congresso o cercaram, mais do que a mim! Ele fala que o superpoder dos jovens é a fofura. Ele começou, com apenas 12 anos, liderando a Primavera X na escola em que estudava em Araguatins/TO, e a transformou em um evento enorme na cidade, que pode ser visto no vídeo (link ao final da entrevista). Ele chamou todo mundo para participar, mobilizou até o Exército. Como mencionei, a Primavera X é um jogo, uma jornada, desenhada para ser percorrida em sete semanas, para mobilizar os amigos da sala de aula, no máximo o colégio, os professores, vizinhos, pais e parentes. Não contente, ele começou a expandir para outras escolas, convidou 11, que se mobilizaram para o mutirão. Depois, envolveu a universidade, empresas, conversou com o padre, para mobilizar a Igreja, até chegar ao Exército. E o coronel topou! Rhenan Cauê está muito tarimbado para isso! E a surpresa maior foi no Congresso do IBGC, pois eu não o treinei para o painel. Ele perguntou o que deveria fazer e minha resposta foi: o que você quiser! Somente expliquei que o palco era no modelo X, que ele deveria olhar para todos os lados, que era desafiador. E ele tirou de letra, pois todos esses jogadores – e ele é um deles! – passaram por experiências desafiadoras. Imaginem: ele mobilizou 2.000 pessoas em sua pequena cidade para fazer um mutirão! Com isso, ele não tem medo de mais nada! E é tímido! Há vários outros adolescentes, como o Alanzinho, do Paraná, que mobilizou sua escola inteira e fez uma palestra com todas as diretoras das escolas do Estado, olhando nos olhos delas, para mobilizar os jovens, acreditar em seus jovens. Adolescentes de 12 e 13 anos de idade conseguem fazer isso, após participarem dos jogos. E menciono a Cátia, do interior de Sergipe, mais nova ainda. Eu os levei ao Congresso Nacional da ANA - Agência Nacional de Águas! Pequenos e com o poder da fofura, ela e outros jogadores falaram com os profissionais dos Comitês de Água do Brasil inteiro e foram disputados para compor os grupos de trabalho dos adultos. A Jornada X, documentada em vídeo, em cinco capítulos, tem esse poder de transformar até os tímidos, cria o ambiente do brincar. E eles fazem isso como brincadeira, como se estivessem jogando vídeo game. Então, ao invés de criarmos um ambiente de guerra dos games, para um matar o outro, criamos um ambiente de aventura tão emocionante quanto aquele, os tiramos do virtual e os transportamos para a vida real com superpoderes, que lhes permitem mobilizar uma universidade, falar com o coronel, falar com o padre e falar com todo mundo da cidade. Tudo isso vai criando uma experiência de comunicação, quando eles veem que as pessoas riem e aceitam, gera confiança: ninguém diz não para criança! Eles vão treinando como trabalhar em equipe, como se comunicar, o que falar, e sobem no palco, olham para aquele bando de gente com gravata, nos olhos de todos! As pessoas ficam impressionadas com isso! Sobre levar adolescentes aos eventos, sim, toda vez que eu posso, levo os protagonistas da transformação do mundo em um lugar melhor para viver! Mas alguns congressos não confiam em um adolescente de 12 anos e não aprovam a participação, pois ficam inseguros e pedem para eu ir sozinho. No caso do IBGC, questionaram: você garante? Eu garanto! Rhenan foi lá e deu um show!

RI: Além do “poder da fofura”, você falou de superpoderes! De todos os superpoderes, qual é o mais importante para transformar a comunidade, a sociedade e reverberar para o mundo, de uma maneira positiva?

Edgard Gouveia Jr: Se é que ainda temos alguma chance no Planeta Terra, pois não estamos caminhando bem, como já disse. Mas a humanidade sabe se juntar, no carnaval, na festa junina. E quando tem um grande desastre, uma catástrofe, ela se junta muito rápido, manda recursos rapidamente para quem precisar no mundo inteiro. Sabe se auto-organizar, não precisa do governo pedir, rapidamente se mobiliza, junta as doações e manda para onde estiver precisando! Então essa comoção é uma qualidade humana, em qualquer lugar do mundo existe isso! Eu estive na África do Sul, no meio do ano, e vi uma frase que faz muito sentido para mim e resume bem muito do que penso: “Em tempos de desafio, crises, para qualquer que seja a pergunta, a resposta é comunidade”. Qualquer que seja o desafio, a resposta é comunidade! Então, temos que ir juntos! Por isso, quando existe uma missão impossível, ganhamos de todo mundo! Isto é muito forte! Para mim, o superpoder mais importante hoje é o de contar histórias, histórias inspiradoras. Grandes líderes têm o poder de contar histórias muito inspiradoras, que tocam e transformam as pessoas. E temos ouvido muitas histórias tristes, amedrontadoras – por parte da mídia, principalmente –, que não são inspiradoras. Sobre as fofocas, verdadeiras ou não, ficamos muito atingidos pelo que é horroroso e se espalha muito mais fácil e rápido. Mas isso inspira depressão, a nos fecharmos, a ficarmos com poucas esperanças. Por outro lado, há pessoas que são capazes de, mesmo em tempo de horror, cantar uma música, contar uma piada, sorrir. Que os grandes líderes do próximo momento tenham a capacidade de contar boas histórias, que nos inspirarem à ação coletiva; que consigam olhar para o mundo, por mais que vejam muitas coisas ruins, e enxerguem o melhor do brilho. E que juntem esse melhor do brilho em histórias inspiradoras, para juntos irmos aonde quisermos! Resumindo, o melhor dos superpoderes é, realmente, o storytelling, a contação de histórias inspiradoras. Líderes capazes de contar histórias que mobilizem a melhor versão de nós mesmos!

RI: Você teve tempo de ler ou assistir a entrevista com a Sandra Guerra na Revista RI _ Novembro.2023 (276)? Ela falou justamente sobre o poder do storytelling!

Edgard Gouveia Jr: Se a Sandra Guerra falou, então, eu tenho razão!

RI: As práticas ESG são fundamentais para a jornada da sustentabilidade. Como conquistá-las em dimensões globais?

Edgard Gouveia Jr: Não foi à toa que eu demorei dois anos e sete meses dando a volta ao mundo, pensei bastante sobre isso! Passei esse tempo pensando em coisas práticas. Fui ver: como Gandhi mobilizou tanta gente? Como John Lennon fez? Quais foram as pessoas capazes de mobilizar vários milhões de pessoas? O que elas têm em comum? Retidão moral forte, são pessoas que dá vontade de seguir! Existem pessoas que têm o coração puro, têm retidão moral, como falei e, de fato, querem o bem do outro. Sabem contar histórias muito boas, inspiradoras, mobilizadoras, capazes de fazer uma grande mudança. Para mim, para poder chegar lá e espalhar as práticas ESG pelo mundo – em português – Meio Ambiente, Social e Governança, teremos que ter bastante colaboração! Para isso, dou um exemplo. Há sete anos, na Escócia, participei do The New Story Summit at Findhorn, uma das maiores ecovilas do mundo, e ouvi Barbara Huber, bióloga evolutiva, e Yoval Noah Harari, historiador, filósofo e autor do best-seller Sapiens, falarem que chegamos aonde chegamos pelo nosso poder de inventar histórias, não foi pelo polegar opositor ou pelo fogo. Somos primatas, mas não podemos ganhar do leão, do leopardo, ou dos chimpanzés; não estou falando dos gorilas não, até hoje perdemos chimpanzés, babuínos. Mas fomos além, não temos asas e voamos pelo mundo inteiro e chegamos até à lua. Não temos guelras e ficamos muitas horas debaixo d’agua. Então, concluo: chegamos aonde chegamos pelo poder de cooperação. E conseguimos colaborar, segundo Huber e Harari, pelo nosso poder de inspirar mais pessoas a colaborarem. O chimpanzé não consegue organizar mais do que um grupo de 30 a 120. Milhares de pessoas foram necessárias para criar o metal trabalhado, o parafuso, e tudo o mais que foi necessário, até o momento de juntar tudo isso e ir para a lua. Nossa espécie colabora bastante. Se nós quisermos implantar práticas ESG, será necessário colaborar bastante e conseguiremos fazer grandes transformações. Então, histórias inspiradoras são minha estratégia. Viajar pelo Brasil e pelo mundo todo e contar essas histórias. Este é um superpoder que não estamos explorando bem. Por mais que vendavais e secas aconteçam, que o calor possa aumentar, se nós nos juntarmos, dentro de um ambiente de alegria, de troca, de colaboração, de inspiração, sempre faremos essa mudança. O ser humano tem esse poder, conseguimos viver no Polo Norte sem pelo e nos desertos mais quentes usando a nossa colaboração, nossa criatividade. Para isso, temos que fazer algumas mudanças mesmo. E para mim, cabe o papel de promover muito mais criatividade, muito mais colaboração, muito mais precisão – e em um tempo muito curto. Se fizermos tudo isso com base no pavor, até criaremos algo, mas não é nada confiável criar coisas a partir do pavor. Mas se criamos com base na alegria e diversidade, criaremos as coisas mais legais que a humanidade já fez e de modo muito acelerado!

RI: Sua agenda impressiona: você mora em Santos, está sempre em São Paulo, nesse ano foi para a Islândia, África do Sul, EUA e ainda vai para a Indonésia! Após sua entrevista, já voou para Florianópolis, entre outros lugares, fora os que não pôde ir. O que o motiva a se dedicar tanto? E o que compartilha com as suas conexões nacionais e internacionais?

Edgard Gouveia Jr: O que me motiva? Os resultados alcançados e que podem ser alcançados pelos jogos desenvolvidos pela LiveLab, que são ferramentas poderosas de inovação social, como Jornada X, Primavera X, Jornada In Company X, Gincana X. E por quê X? As quatro pontas do X representam Fast, Free, Fun & Fantastic! X é também nossa logo. Ele aparece em vários lugares, é o X do X-Men. Percebemos que o X é o fator de nossa versão extraordinária. O game é superpoderoso, a Jornada X é uma ferramenta que jovens jogam no Brasil e no mundo inteiro, sem precisar de ninguém. As missões são enviadas e eles sabem como fazer. Por meio da Gincana X, podemos trazer de volta para a escola as crianças que a abandonaram na pandemia; os 50% de jovens que deixam o Ensino Médio no segundo ano pela transformação do cotidiano da escola. Com esse game incrível, temos feito parcerias com alguns Estados e algumas cidades, como em Caruaru, no Pernambuco, onde 40 escolas jogaram ao mesmo tempo e fizeram coisas incríveis. Outro exemplo que cito, participei recentemente, em São Francisco/EUA, do SOCAP – o maior encontro de Social Cap do mundo, para investimentos em projetos sociais de startups e empresas do mundo inteiro, cujos organizadores pediram para que eu aplicasse essas dinâmicas para os 3.000 participantes do evento. Formei uma verdadeira Rede Humana gigante! Todos conseguiram entender claramente a mensagem e fizeram a dinâmica juntamente com os amigos, investidores, gente do mundo inteiro! Filantropos, maiores bilionários do mundo! Nos últimos 15 anos, as pessoas começaram a me chamar para fazer essas dinâmicas, essas vivências, pois entendem seu poder transformador! Minhas palestras são muito dinâmicas, estamos prontos para realizar o projeto que quiserem, eles sentem o poder da gincana. Realizei em Taiwan, Alemanha, Estados Unidos, Suécia, Portugal, Espanha, Dinamarca, Argentina, Islândia, Finlândia, México, Índia, Argentina, Chile, Colômbia, Nigéria, África do Sul, Tailândia, Lituânia, Holanda, Turquia, Egito e outros. Os americanos fazem questão de me dar um nome! Já fui nomeado Crowd Designer, Crowd Mobilizer, Social Igniter, Crowd Igniter, Evangelist, que são pessoas que têm ideias novas capazes de mudar o mundo, que é a ideia do brincar. Participei da reunião de Bretton Woods, há quatro anos, com 300 líderes globais, onde foram destinadas 10 vagas para pessoas disruptivas, como o presidente da Nike e do Tesouro Norte Americano. Eu perguntei: o que eu estava fazendo lá? A resposta foi que faço parte das pessoas que têm ideias com poder disruptivo. Por ser convidado tantas vezes para participar de eventos em lugares tão diferentes do mundo, que me dei conta do poder das dinâmicas que realizo! Inclusive, no início de 2023, fui para a Islândia, também, participar do Soul of Mentoring, de líderes e multimilionários muito espiritualizados. E estava lá para falar sobre a espiritualidade, centrada no lado social, de como salvar a economia. No próximo ano, estarei em um evento no Vaticano com o Papa. Comecei a entender que, a partir desses convites, nossas ferramentas e dinâmicas estão sendo solicitadas para quebrar o ritmo de somente discurso, discurso, discurso! Alguns solicitam apresentações de arte, músicos, performances. Eu levo o brincar, a alegria! Posso fechar essa pergunta com parte do poema A Great Wagon, do poeta e teólogo sufi persa Jalaluddin Rumi: “Out beyond ideas of wrongdoing and rightdoing, there is a field. I’ll meet you there.” Em português: Além das ideias de fazer certo e fazer errado, existe um campo. Te encontro lá! Esse campo é o do brincar juntos, do carnaval, da festa junina, ali, algo acontece, não precisa convidar, como vocês presenciaram nos eventos da Engie e IBGC: o pessoal engravatado, de salto alto, se mobilizando para fazer a dinâmica, morrendo de rir e se esticando, muitos cheios de dor! Naquele lugar, além do brincar, algo acontece, as pessoas se sentem muito bem e querem mais. Então, como podemos buscar esse lugar, de subirmos todos para a 2ª ou 3ª oitava? A 1ª oitava é nossa versão ordinária! E tem mais duas oitavas, que é o brincar! Que histórias devemos contar? Que estratégias e ferramentas podemos utilizar para chegar naquele nível e dali construir tudo que tem que ser construído na velocidade requerida?

RI: De sua incrível trajetória de vida, qual foi a experiência mais marcante? Ou melhor, quais foram?

Edgard Gouveia Jr: Tenho tantas experiências que marcaram minha trajetória... De tudo o que tenho vivido, vieram-me à mente três delas. Uma, bem marcante, foi um game que nós fizemos chamado Oasis Santa Catarina, após a grande enchente de 2008 naquele Estado. O Brasil todo se mobilizou, foi uma grande comoção, pois 60 cidades ficaram debaixo d’água, as pessoas ficaram traumatizadas. Depois de três meses, a água secou, as pessoas começaram a limpar a lama, mas o trauma continuou, e elas começaram a dizer que havia muita gente tomando remédio tarja preta, que virou uma onda – dizia-se que usavam sem indicação médica. Alguns lugares, escolas, pontes, não tinham sido reconstruídos. A Secretaria estava acostumada a se organizar para resolver tudo. Muitas cidades não conseguiram se movimentar, se organizar, pois o trauma foi muito grande. Então, esta foi a primeira vez que desenhamos um game que fosse além do bairro, além da cidade. Nós confiamos que o Brasil inteiro toparia jogar e ousamos desenhar com um bando de jovens, do Instituto Elos, do qual sou cofundador. Esses jovens me provocaram: “Edgard, você não falou que a gente ia mudar o mundo brincando? Como a gente brinca com Santa Catarina?” Então, criamos o jogo Oasis Santa Catarina, cujo vídeo no Youtube é muito tocante (link ao final da entrevista). Arriscamo-nos e convidamos jovens do Brasil inteiro, sem botar a mão no bolso, tudo o que quisessem tinham que pedir. As cidades estavam arrasadas. A meta do jogo era trazer de volta a alegria de viver. O desafio era construir alguma coisa na comunidade que os moradores quisessem, em cinco dias, com o poder de trazer de volta a alegria de viver deles. Os pedidos dos moradores foram caprichados. 40 jovens foram prontos para a aventura. Muitos outros se uniram ao jogo e é injusto citar nomes, mas relembro alguns deles, como Marcelo Rosenbaum, que criou um lounge inteiro com a WFN e o Iguatemi no São Paulo Fashion Week. Sonia Hess abraçou a causa, ligou para muitas pessoas para elas receberem os jovens e, o tempo todo, perguntava o que era preciso; e imediatamente, abria caminhos, disponibilizou a casa da mãe dela, ligou para os prefeitos da região. As pessoas perguntavam com quanto poderiam ajudar. E a resposta era: não precisamos do seu dinheiro, queremos o seu melhor! O desafio foi incrível, contagiou todas as pessoas, foi impregnando de tal maneira os envolvidos que a comoção foi geral! Todo mundo foi se envolvendo. O Brasil está pronto para essa comoção maior! A segunda e terceira experiências mais marcantes os leitores da Revista RI poderão assistir em vídeo, com a integra da entrevista.

RI: Para finalizar, qual é a sua mensagem para que encerremos 2023 e iniciemos 2024 com energia para transformar o próximo milênio, já que você falou que seu desafio é mobilizar 2 bilhões de pessoas? 

Edgard Gouveia Jr: Durante a pandemia, eu ouvi de Edgard Morin: “A gente precisa criar e cultivar urgentemente pequenas células comunitárias de cuidado”. Ele viveu duas grandes guerras, revoluções. Ao criar estratégias, quando a situação fica muito difícil, tendemos a nos fechar. Chegue mais perto dos seus amigos, não espere o aniversário ou as festas de final de ano, celebre a vida agora! Juntem-se, convide e traga cinco amigos, depois você vai querer mais amigos e outros vão querer participar também! Comece a sorrir! De acordo com Rodrigo Alonso, do Instituto Elos: “É melhor você brincar, viu? Senão, vai ter que trabalhar”. Então, vamos voltar a brincar! Mergulhe no tom alto dessa melodia, isso reverbera, o vizinho vê, e quer participar, mais amigos veem e querem também. Somos muito compassivos, colaboradores e capazes de transformar o mundo em um lugar melhor para vivermos!

Contatos e Links citados na entrevista:
- LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/edgardgouveiajr/?originalSubdomain=br
- Site: https://www.livelab.org.br/
- Oasis Santa Catarina: https://vimeo.com/17337520
- Primavera X - Araguatins/TO: https://www.youtube.com/watch?v=CHTHmx18gME
- Instagram: https://www.instagram.com/livelab.organizacao/
- Vídeo resumo: https://www.youtube.com/watch?v=sYW01PFwPXw&t=10s

Nota: Assista o vídeo com à integra dessa entrevista, disponível no link: https://www.revistari.com.br/videos


Cida Hess
é CEO da Orquestra Societária Business, doutora em Sustentabilidade pela UNIP/SP, mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUCSP, economista e contadora, com MBA em finanças pelo IBMEC. Executiva, conselheira, palestrante, coordenadora da Comissão Temática de Finanças e Contabilidade e professora da Board Academy e do Legado e Família. Colunista da Revista RI desde 2014 e do Portal Acionista desde 2019 e conselheira editorial da RI desde 2023.
cidahessparanhos@gmail.com

Mônica Brandão
é Chair do Conselho Consultivo da Orquestra Societária Business, mestre em Administração pela PUC Minas, com pós-graduação em gestão estratégica pela UFMG e MBA em finanças pelo IBMEC. Engenheira eletricista e graduanda em Direito, tem atuado como executiva, conselheira e consultora, além de professora. Colunista da Revista RI desde 2008 e do Portal Acionista desde 2019 e conselheira editorial da RI desde 2023.
mbran2015@gmail.com


Continua...