Governança

GOVERNANÇA NA VIDA REAL, NA FICÇÃO & VICE-VERSA

Quem já leu ou assistiu à peça King Lear, de William Shakespeare, provavelmente recorda-se do famoso drama: o rei Lear, da Inglaterra, decide dividir seu reino entre três filhas, delas exigindo, em troca, manifestações de apreço e submissão; entretanto, a filha Cordelia recusa-se a bajular o pai em troca de poder, não aderindo à falsidade de suas irmãs, e é expulsa, seguindo rumo à França. O monarca amarga, posteriormente, as conseqüências de entregar o reino a filhas que não o amavam verdadeiramente: expulsão, loucura e a morte de Cordelia, além da sua própria, sem falar em outras perdas de vidas e tristezas relacionadas ao drama principal.

Reconhecendo o contexto absolutista da obra shakespeariana e os sentimentos de cada pessoa da família, pano de fundo de toda a história, perguntamos: é possível identificar uma questão de governança na história acima? Acreditamos que sim, que outra lógica de governança do reino, baseada em regras que levassem em conta o benefício do povo e, não, os sentimentos do rei, poderia ter evitado a tragédia. Mesmo que o bem estar do povo não fosse o foco, o rei talvez pudesse ter sido mais prudente em suas decisões, que poderiam ter sido mais racionais e focadas na longevidade da família no poder. Resta, enfim, o conforto do legado de Shakespeare, pois King Lear, sem dúvida, é um clássico teatral e que merece reflexão, especialmente de quem se preocupa com a influência do poder e do dinheiro nas relações familiares.


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