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Orquestra Societária

O QUE É UMA ORQUESTRA SOCIETÁRIA?

Por cerca de duas décadas, temos compartilhado informações relevantes e participado intensamente de debates com profissionais da área de finanças e estratégia corporativa e de negócios, analisando o ambiente interno de organizações, bem como com investidores e profissionais de investimento, procurando melhor entender a percepção desses públicos em relação ao que ocorre no âmbito organizacional. Em uma dessas sessões de debates, multidisciplinar e com ânimos substancialmente aquecidos, quando se discutia o desafio de um grande grupo empresarial crescer de forma consistente com a sua estratégia e, concomitantemente, com uma governança equilibrada e de alto nível, uma de nós, buscando explicitar certa percepção sobre o momento da governança desse grupo, proferiu a expressão: Orquestra Societária.

A sessão acima citada prosseguiu em seu ritmo aquecido, tendo sido bem sucedida em seu objetivo de produzir um conjunto de iniciativas para o melhor alinhamento da governança organizacional, em um contexto de crescimento planejado; entretanto, a expressão orquestra societária remanesceu em nossas mentes, nos dias e semanas seguintes, ao ponto de gastarmos horas em longas conversas por telefone, entre Belo Horizonte e São Paulo, onde residimos com as nossas respectivas famílias. No momento em que tal expressão emergiu, percebemos que ali havia algo interessante a ser desenvolvido, um possível elo perdido com vários temas muito relevantes para uma boa administração organizacional, em vários níveis. Entretanto, o que seria mesmo uma Orquestra Societária?

Recorremos à internet e a outros especialistas em busca de uma definição; não a encontramos e concluímos que o conceito em questão ainda não teria sido explorado na literatura sobre governança, finanças e estratégia. Não, ao menos, nesse formato e da forma como o percebíamos. Dessa forma, não nos restou alternativa a não ser formular a definição que aqui apresentamos, ainda que em caráter preliminar: em nosso entendimento, uma orquestra societária seria um sistema eficaz de governança empresarial, operando com acionistas alinhados entre si e com o ambiente institucional, governantes sintonizados com os acionistas, gestores alinhados com os governantes, empregados alinhados com os gestores e, no âmbito de um grupo, unidades de negócios operando de forma alinhada entre si, com o suporte em um modelo de gestão adequado em termos de visão, processos, tecnologia e profissionais preparados.

Ao explicitarmos um conceito que não encontramos na literatura técnica, por um lado, passamos a correr o risco de especialistas afirmarem que não existe efetiva novidade no conceito ora proposto (e propositalmente, sem uma preocupação específica quanto à rigidez metodológica, ao menos neste primeiro momento); por outro lado, percebemos a oportunidade interessante de explorar um espectro de questões relacionadas à governança organizacional, sob o enfoque de aspectos como alinhamento, eficácia e resultados. Nossa experiência profissional nos permite afirmar que muitos problemas de governança ocorrem por desalinhamento puro e simples entre os principais atores responsáveis pela orquestra societária. Pensando bem, alinhamento é outra palavra-chave.


Continua...