Comunicação

A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO NO MERCADO DE CAPITAIS

Além da capacidade de gestão é necessário capital. Os recursos próprios, advindos da geração de caixa ou do investimento dos sócios, são fontes usuais, mas não são capazes de suportar o crescimento de longo prazo. Para se alcançar outro patamar os recursos de terceiros são necessários.

Fundamental, portanto, estabelecer com o mercado um relacionamento pautado em princípios de confiança. Fundos de venture capital e private equity, detentores de ações ou títulos de dívida, órgãos reguladores e autorreguladores necessitam e exigem informação de qualidade, pois acessar recursos de longo prazo pressupõe novos interessados no sucesso empresarial e segurança para os investidores.

No relacionamento com a instituição financeira para solicitar um empréstimo ou mesmo ao ser questionada por fornecedores ou comunidade local, é importante a empresa possuir uma comunicação corporativa bem estruturada em que os controles internos e sistemas de gestão consigam capturar as informações contábeis e de outras naturezas de maneira precisa e tempestiva. Empresas bem estruturadas sob esse aspecto conferem vantagens em momentos adversos. Aos gestores cabe a função de sempre estarem preparados para contar a história corporativa, seus fundamentos e realizações. Mesmo que o momento não seja favorável uma comunicação franca gera credibilidade e boa análise.

Esses requisitos fazem com que a empresa se torne atrativa ao investimento. A comunicação deve estar alinhada com o contexto empresarial e do mercado em que a empresa está inserida. Os administradores devem estar sempre bem informados sobre o que acontece e ter capacidade de analisar de que forma os fatos afetam sua organização.

A boa comunicação gera diferenciação e deve refletir a realidade sobre os aspectos gerenciais, financeiros, operacionais sem ocultação ou manipulação de informação. Ao se preocupar com isso será possível captar recursos a custos menos onerosos. Outro quesito que melhora é a justa atribuição de valor a empresa. Em resultados de pesquisas se identificou que os gestores de fundos estão dispostos a pagar um prêmio de até 10% para as empresas que se comunicam de maneira estruturada. O contrário disso é um desconto de até 25% no preço das ações de companhias que não se comunicam bem com o mercado. A importância da atividade de relações com investidores é, portanto, primordial neste ambiente.

O profissional de RI (relações com investidores) captura as demandas do mercado no que diz respeito às necessidades de informação para tomada de decisão dos investidores ou potenciais investidores. Os analistas que fazem recomendações de investimento têm no profissional de RI um importante canal de contato com a administração da empresa. Essa importância se reflete na legislação para as sociedades anônimas (Lei das S.As) que exige um profissional de relações com investidores responsável por todas as obrigações, respondendo legalmente perante os órgãos reguladores como CVM (Comissão de Valores Mobiliários), BM&FBovespa, Banco Central ou agências reguladoras.

Empresas com elevado grau de governança corporativa e boas práticas de gestão necessariamente passam pelo estabelecimento de uma comunicação eficaz com o mercado. Isso garante, segundo a BM&FBovespa, crescimento do valor de mercado e liquidez, redução dos custos de captação no mercado de capitais, intercâmbio de informações de relevantes, base acionária satisfatória, profissionalização e aperfeiçoamento da postura ética e imagem institucional. Segundo o IBRI a atividade de RI cumpre função vital de administrar as expectativas dos públicos estratégicos e de todo o mercado de capitais em relação ao desempenho da companhia.

Essa atividade, se bem estruturada, tende a criar valor e contribuir com os objetivos de crescimento da empresa. Sobretudo, tem a missão de alinhar interesses e convergir a percepção de valor de todos os agentes que se relacionam com a empresa para o melhor patamar possível.


Rafael S. Mingone
é sócio-diretor da RMG Capital, professor da Trevisan Escola de Negócios e coordenador dos cursos de MBA em mercado de capitais e empreendedorismo e gestão.
rafael@rmgcapital.com.br


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