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IBRI Notícias

IBRI MULHERES PARTICIPA DE EVENTO: 30% CLUB & IPOS POR QUEM FAZ ACONTECER

Sandra Calcado, coordenadora do IBRI Mulheres, participou do evento “30% Club & IPOs por quem faz acontecer”, que ocorreu no dia 14 de abril de 2021, das 17:00 às 18:00, por meio de plataforma on-line, em uma parceria entre a Bloomberg e o 30% Club. O debate teve como foco os IPOs 2021, diversidade e equilíbrio de gênero nos Conselhos de Administração.

Roger Oey, Head of Market Specialists Latin America da Bloomberg L.P., realizou a abertura do evento e explicou algumas das funcionalidades do sistema da Bloomberg. Na sequência, abordou dois grandes tópicos: o primeiro foi o movimento de IPO (Initial Public Offering, em português Oferta Pública Inicial), especialmente em decorrência da grande liquidez que existe no mundo, o que tem causado impacto no mercado financeiro, em combinação com uma taxa de juros baixa no Brasil; e o segundo tópico, com apoio em estudos de uma amostra selecionada do IBrX 100, demonstrando que as empresas com maior participação de mulheres no Conselho de Administração têm retorno maior no mercado de ações em comparação com as companhias que possuem uma participação menor de mulheres no Conselho. “Ou seja, esses pontos de Governança e diversidade trazem retorno, não se tratando apenas de uma questão teórica ou de marketing”, afirmou Roger Oey.

Diante desse contexto, Roger Oey passou a palavra para Anna Guimarães, Co-Chairwoman do "30% Club Brazil", que apresentou os palestrantes do evento: Mariana Rizzo, diretora executiva do J. P. Morgan; Sandra Calcado, coordenadora do IBRI Mulheres e Head de Estratégia, RI e ESG da Log-In Logística; Jean Arakawa, sócio do escritório Mattos Filho Advogados; e Flávio Machado, sócio-líder da América do Sul da EY.

Anna Guimarães também apresentou o 30% Club, que surgiu no Reino Unido, há 10 anos, por iniciativa de Helena Morrissey, que é sócia-fundadora de um grande fundo de private equity. Motivada em ampliar a participação feminina no mercado de capitais inglês, para atingir no mínimo 30%, considerando que os estudos acadêmicos e de mercado indicam que a minoria de 30% em um grupo consegue ter um impacto positivo no restante. Atualmente, o 30% Club está presente em 17 países e foi iniciado no Brasil em 2018. Em 2019, o lançamento oficial foi realizado no país, com apoio da Bloomberg, que é o parceiro global do 30% Club. A missão é promover, de forma voluntária, o equilíbrio de gênero nos Conselhos de Administração junto aos tomadores de decisão, tornando essa dinâmica mais democrática, inclusiva e plural.

Após concluir a apresentação sobre o 30% Club, Anna Guimarães passou a palavra para Mariana Rizzo, diretora executiva do J. P. Morgan, perguntando se o debate sobre equilíbrio de gênero na composição dos Conselhos de Administração é um tema que faz parte das companhias que preparam as empresas para a abertura de capital.

Mariana Rizzo afirma que questões Ambientais, Sociais e de Governança estão na pauta das empresas que se preparam para um processo de abertura de capital. E dentre esses critérios ESG (Environmental, Social and Governance), a preocupação com diversidade nos cargos de liderança, sem dúvida, ganhou mais relevância. “Porém, a minha percepção, especialmente no Brasil, esse movimento ainda é tímido. As empresas ainda não dão total prioridade para o assunto de diversidade no Conselho, no âmbito de todos os outros preparativos no processo de IPO”, ressalta.

“Nós percebemos que ainda nesse momento em que estão abrindo capital, esses números relativos à diversidade não têm alteração significativa. É perceptível uma discussão mais forte sobre o tema, mas das 42 empresas que têm o seu pedido de registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para fazer uma abertura de capital, cerca de 20 ainda não trazem nenhuma mulher no Conselho, nos documentos preliminares que foram arquivados”, complementa Mariana Rizzo.

“A realidade é que essa pressão por diversidade surge por todos os lados. O J. P. Morgan emitiu um relatório de pesquisa, que mostra que esse processo de maior diversidade se intensificou com a pandemia e, também, com os protestos de justiça racial e social que ocorreram em 2020. Então, essas pressões surgem de todos os lados, por exemplo, de forma legislativa, como nos Estados Unidos, em que se pode até obrigar a presença de mulheres no Conselho; também com o esforço da Nasdaq, que fez uma proposta de listagem, que ainda está em avaliação, com um olhar para a diversidade, exigindo mais transparência nos seus Conselhos; assim como na mudança de pensamento dos próprios investidores, inclusive no Brasil, em reuniões de apresentação, que pedem métricas mais claras de diversidade em companhias”, concluiu.

Ao tratar dessa temática, Flávio Machado, sócio-líder da América do Sul da EY, relatou sua experiência com empresas fechadas que estão se preparando para abrir capital e ressaltou que não é tão comum o foco, nesse primeiro momento, na questão da diversidade nos Conselhos de Administração. O resultado disso pode ser observado em um recorte referente ao ano passado até setembro de 2020, em que 8 entre 17 companhias que abriram capital, não possuíam nenhuma mulher nos Conselhos de Administração. E nas empresas que possuíam mulheres, a proporção de presença feminina girava em torno de 10%, um percentual muito baixo.

“Para mim, esses números revelam que, embora exista algum movimento no sentido de ampliar a diversidade, os resultados práticos ainda são muito ruins. Eu sei que essa preparação de IPO tem uma agenda muito corrida e existem várias frentes de trabalho, com prazos muito curtos, mas eu entendo que esse tema ainda precisa ser mais abordado, talvez por meio de investidores, ou até mesmo por legisladores”, diz Flávio Machado.

Ao tratar do novo ciclo de IPOs, iniciado em 2020, Jean Arakawa, sócio do escritório Mattos Filho Advogados, indica que nos últimos 18 meses houve um aquecimento do mercado para novos emissores e companhias que vão acessar o mercado de capitais pela primeira vez, além de, efetivamente, uma competição grande por atenção dos investidores. São empresas de diversos setores, com portes diferentes, o que é muito salutar para o mercado de capitais, com maior representatividade da economia brasileira. E os pontos de atenção estão ligados à questão de preparação, o que reflete em um melhor resultado no momento de abertura de capital.

“Ou seja, as que investiram tempo na melhoria de controles internos, estruturação da sua governança societária e nos acordos entre seus acionistas, investidores iniciais, eventuais investidores financeiros, fundadores e administradores, tendem a sair fortalecidas e identificar o melhor momento para aquele evento de liquidez específico. Então, esse é um processo que está sujeito às janelas de mercado, aos ventos favoráveis para uma transação e atenção dos investidores, além de outras condições micro e macroeconômicas que sejam favoráveis para esse tipo de investimento. Porém, naturalmente, faz diferença quem fez a sua lição de casa e tem um histórico consistente de resultados para apresentar, com um plano de negócios para convencer os investidores”, ressaltou. “A questão de diversidade nos Conselhos veio para ficar”, concluiu Jean Arakawa.

Estruturação da área de Relações com Investidores
Sandra Calcado, coordenadora do IBRI Mulheres, discorreu sobre a importância de estruturar a área de Relações com Investidores para a abertura de capital. O empenho do processo de abertura de capital deve ter continuidade com o atendimento pela área de RI dos novos acionistas. “É preocupante se deixar para montar a equipe da área de RI para depois da abertura de capital”, destaca Sandra Calcado.

O profissional de RI deve estar engajado com o Conselho de Administração desde o início do processo decisório de abertura de capital. É preciso que o profissional de RI transite por todas as áreas da companhia para reunir as informações para levar para o mercado. E trazer para a empresa as expectativas dos investidores e liderar as mudanças nos processos internos nas companhias sempre buscando a transparência e tempestividade.

Sandra Calcado destacou, também, a importância da equidade na divulgação das informações e prestação de contas aos investidores. Os aspectos Ambientais, Sociais e de Governança devem fazer parte da agenda corporativa, frisa.

Sandra Calcado convidou, também, os participantes a se associarem ao IBRI, observando que o Instituto realiza uma série de iniciativas para capacitar, ajudar e integrar os profissionais do mercado de capitais.


Continua...