Opinião

CRESCIMENTO ECONÔMICO VERSUS RESPEITO AO MEIO AMBIENTE

Entre os muitos desafios que as companhias terão que enfrentar nas próximas décadas, um dos principais será encontrar o equilíbrio necessário entre o crescimento econômico, respeito ao meio ambiente e aos aspectos sociais envolvidos em suas operações.

Avanços nas práticas de gestão empresarial vêm sendo incorporados pelas organizações para cooperar com o desenvolvimento sustentável. Os aspectos ESG (Environmental, Social and Governance – ou, em português, ASG - Ambiental, Social e Governança), são, cada vez mais, vistos como temas que estão direcionando as empresas a repensar seu papel e a forma de conduzir seus negócios, envolvendo uma atitude socialmente responsável e ética em todas as relações, sejam com a comunidade, os trabalhadores, fornecedores, clientes, governo e meio ambiente. Além disso, a rápida e radical mudança no relacionamento entre empresa e sociedade está gerando um profundo impacto no modo como as corporações fazem e mantém seus lucros. E muitos são os motivos para esta mudança.

Se por um lado, hoje, os cidadãos, cada vez mais informados e conscientes, esperam que as empresas tenham não só direitos, mas também responsabilidades para com as sociedades onde e com quem atuam, por outro, as corporações começam a descobrir que ser sustentável pode se tornar uma vantagem competitiva no seio desta mesma esclarecida e exigente sociedade. Esse tipo de prática atrai benefícios financeiros concretos, como investimentos, redução de custos, maior receita anual e tratamento preferencial em processos administrativos governamentais (os “fast-tracks”). As empresas percebem que a responsabilidade socioambiental está se traduzindo em lucro, ampliação do mercado, além de dar um novo sentido ético às atividades.

Ainda, atualmente, os investidores globais estão cada vez mais focando seus investimentos em companhias que exercem boas práticas não só econômicas, mas também ambientais, sociais e de governança. Neste sentido, será cada vez mais difícil a captação de recursos para aquelas empresas que, além da teoria, não adotarem a agenda ESG em seus propósitos, objetivos e modelos de negócios.  Nessa linha, percebe-se uma grande mudança em como programas socioambientais e de governança vêm contribuindo para o desempenho financeiro. Áreas como gestão de riscos, operações ecoeficientes e diálogo com stakeholders ganharam importância nos últimos 10 anos.  Isso porque, há uma crença da sociedade de que os investimentos podem ser uma ferramenta de transformação ambiental e social, além da percepção de que aspectos financeiros e custos econômicos das questões ESG devem ser debatidos – abertamente – com todos os participantes do mercado.

Em 2005, época em que poucas empresas enxergavam valor em práticas ESG, fundei a consultoria ASAS. Inicialmente com o foco voltado para projetos de responsabilidade social, relacionamento com as comunidades do entorno e diálogo com lideranças, a ASAS acabou expandindo sua área de atuação para modelos ecoeficientes de gestão (SSMASegurança, Saúde e Meio Ambiente), ações operacionais ambientalmente corretas, cumprimento de legislação e condicionantes ambientais e gerenciamento total de resíduos (economia circular).

Sobre atuação no período da pandemia, continuamos muito próximos das comunidades desassistidas nesse momento tão delicado que estamos atravessando. Atualmente, através do Instituto próprio vinculado à ASAS, articulamos campanhas de doação e ajudamos os projetos sociais a não pararem ou, pelo menos, a manterem atividades mínimas que evitem que jovens e crianças com aulas suspensas acabem cooptados pelo poder paralelo do tráfico.


Daniela Lacombe
é diretora da ASAS - Agência de Soluções Ambientais e Sociais, empresa que desenvolve planejamento estratégico, ferramentas de gestão e aplicação de indicadores, bem como consultorias específicas e prestação de serviços operacionais nestes segmentos.
daniela@asasrj.com


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