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TRANSFORMAÇÃO DIGITAL & INDICADORES ESG SÃO DESTAQUES NO 22ª EDIÇÃO ENCONTRO INTERNACIONAL DE RI

Evento promovido pelo IBRI e pela ABRASCA debateu, durante três dias, temas essenciais para o profissional de Relações com Investidores e a perenidade das companhias no mercado de capitais.

“Para vencer é preciso sempre melhorar e adaptar-se a cada dia. Assim, vários temas de interesse serão abordados durante os três dias do Encontro de RI visando ao aperfeiçoamento das melhores práticas e, consequentemente, o fortalecimento do mercado de capitais”, anunciou Anastácio Fernandes Filho, presidente do Conselho de Administração do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores), na abertura do 22º Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais.

O evento promovido em parceria do IBRI com a ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas) ocorreu nos dias 27, 28 e 29 de setembro de 2021. Pelo segundo ano consecutivo, foi realizado 100% digital por conta da pandemia da Covid-19. O 22º Encontro contou com a participação de quase 900 profissionais.

Em seu discurso de abertura, Anastácio Fernandes Filho ressaltou a importância da inovação e do treinamento. “A nova realidade imposta pela pandemia acelerou vários processos e tendências, em função disso, é muito importante perceber as mudanças, investir na inovação e treinar as pessoas. Esses novos processos são definitivos”, enfatizou.

O presidente do Conselho de Administração do IBRI destacou “o forte crescimento no número de investidores pessoa física”. “Entendemos que deve haver uma atenção especial na forma e no conteúdo das informações prestadas ao mercado direcionadas a esse público”, destacou. Além disso, ele mencionou as novas ferramentas digitais e sua frequente evolução.

“As discussões sobre os indicadores ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance; em português, ASG – Ambiental, Social e Governança) devem ser profundas e diretamente vinculadas ao planejamento estratégico da companhia. ESG não é um modismo, e sim algo que veio para ficar”, salientou. “O RI deve evidenciar que a agenda ESG faz parte das principais decisões estratégicas da companhia”, apontou.

Antes de finalizar, Anastácio Fernandes Filho fez menção ao convênio de cooperação entre o IBRI e a ABRASCA para a viabilização do Encontro e afirmou que a parceria possibilita a capacitação de profissionais por meio da realização de estudos, eventos e trabalhos em conjunto. “O IBRI está à disposição de todos”, encerrou.

Luis Henrique Guimarães, presidente do Conselho Diretor da ABRASCA e CEO da Cosan, iniciou sua fala ao reforçar a crença de que a rota da prosperidade do Brasil passa pela capacidade de as empresas privadas continuarem liderando os investimentos no país, gerando investimentos, empregos, renda e impostos. “É por meio de um mercado de capitais pujante e com empresas abertas de todos os tamanhos e setores, que teremos um futuro melhor no Brasil”, salientou.

Guimarães destacou a importância de dois temas atuais tanto para as empresas quanto para os profissionais de Relações com Investidores e para a sociedade como um todo, que são: a transformação digital e a agenda ESG. “Sustentabilidade se tornou um elemento-chave na estratégia corporativa. Não dá mais para pensar apenas em crescimento de longo prazo sem incluir as questões ambientais, sociais e de governança”, finalizou.

Sustentabilidade e transformação digital: temas fundamentais para o mercado de capitais
O presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Marcelo Barbosa, realizou palestra na abertura do Encontro. “Temos procurado refletir na nossa agenda regulatória a preocupação em ter certeza de que o mercado brasileiro continua cada vez mais competitivo, tratando com a devida atenção o tema da sustentabilidade”, anunciou ao chamar atenção também para a importância do tema da transformação digital.

Ao abordar as recentes alterações regulatórias da autarquia, Barbosa citou os ajustes feitos por meio da Resolução 44, que substituiu a Instrução CVM 358/2002. De acordo com ele, o dispositivo legal tem o propósito de dissuasão do uso de informações privilegiadas.

A elaboração do Relato Integrado não é obrigatória no Brasil, porém para as companhias abertas, ao decidirem pela sua elaboração e divulgação, deverão se atentar para a Norma Brasileira de Contabilidade (CTG 09), de 26 de novembro de 2020, que trata sobre a Correlação à Estrutura Conceitual Básica do Relato; e para a Orientação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (OCPC 9 – Relato Integrado).

Marcelo Barbosa enfatizou que de acordo com a Resolução CVM nº 14/2020, se a companhia decidir elaborar e divulgar o Relato Integrado deverá observar os critérios da Orientação CPC 9 e ser objeto de asseguração limitada por auditor independente registrado na CVM.

Ao falar sobre temas futuros, Marcelo Barbosa mencionou a alteração da Instrução CVM 480 com um objetivo duplo: simplificar o Formulário de Referência e a inclusão de informações relacionadas à temática ESG. “A nova geração de investidores de varejo e os grandes investidores institucionais (como fundos soberanos e de pensão) estão cada vez mais rigorosos na avaliação dos temas ESG e na criação de regras em suas políticas de investimento, que dão grande importância sobre as práticas nesse campo”, apontou. Do lado do regulador do mercado, não cabe impor práticas e sim requerer aos emissores que informem ao mercado quais são suas políticas nesses campos, complementou.

Ainda com relação às perspectivas da autarquia, Barbosa disse: “Estamos bem avançados também nas discussões do conteúdo recebido em audiência pública sobre as ofertas públicas”. “Estamos abertos a refletir sobre a melhor regulação de forma que o mercado brasileiro possa ser um propulsor do crescimento e da consolidação da nossa economia”, concluiu.

Painel 1 - Transformação Digital e a Comunicação Financeira
O primeiro painel do evento teve como tema principal “Transformação Digital e a Comunicação Financeira” e contou com a participação de Rafael Sasso, Coordenador da CINC (Comissão de Inovação Corporativa) da ABRASCA, e os debatedores: Diego Barreto, Vice-presidente do Conselho de Administração do IBRI, CFO e RI do iFood; Arthurito da Faria Lima, Digital Influencer; e Pedro Pereira, Head do Bank of America Merrill Lynch.

“Estamos vivendo um momento de grandes transformações. A vida dos investidores, das empresas e dos profissionais de RI está sendo afetada e os RI’s são a ponte comunicadora do nosso mercado de capitais. Todos estão impactados por uma forte mudança”, anunciou Rafael Sasso no início do painel.

Sasso questionou Barreto sobre a mudança cultural na Alta Administração nas grandes companhias no que diz respeito à transformação digital. O vice-presidente do Conselho de Administração do IBRI disse que “atualmente todo mundo utiliza a expressão transformação digital, mas se conta nos dedos quem trata do assunto com propriedade”, opinou. Em sua visão, apesar de o tema estar presente na Alta Administração das empresas, ele ainda está muito distante do que deveria ser.

Para Pedro Pereira, muitas companhias poderiam ter feito a transformação digital há uma década, mas só o fizeram durante a pandemia da Covid-19, uma vez que foram obrigadas a se reinventar.

Arthurito da Faria Lima entende que o termo que melhor define o atual cenário é democratização digital, especialmente pelo aumento no número de usuários, o que pode ser verificado também pelo crescimento no número de investidores pessoa física. “A empresa deve estar muito atenta para tudo que está acontecendo na internet”, complementou.

Workshop - The Evolution of US Retail Investing - The Growing influence of the Individual Investor and Carbon Impact of Investor Relation Activities – BNY Mellon
O primeiro workshop do dia foi comandado por Karen Bodner, Head Global Investor Relations Advisory do BNY Mellon, com o tema “The Evolution of US Retail Investing - The Growing influence of the Individual Investor and Carbon Impact of Investor Relation Activities”.

Karen Bodner discorreu sobre o impacto da emissão de carbono nas atividades dos profissionais de Relações com Investidores. A executiva trouxe o resultado de um estudo da Universidade de Yale que contou com a colaboração do BNY Mellon. O estudo foi realizado com as maiores companhias do mundo e verificou o comprometimento das empresas em zerar suas emissões de carbono.

Dentre os resultados apontados, ela ressaltou que há uma significativa porção de empresas que estão pensando em reduzir a zero a emissão de carbono e em como reportar essas informações. Ela chamou atenção para o papel do profissional de RI em comunicar aos investidores as informações sobre a redução da emissão de carbono.

De acordo com dados da mais recente pesquisa “Tendências Globais em Relações com Investidores” do BNY Mellon, 71,3% das equipes de RI em todo o mundo relataram que as conversas com investidores sobre a agenda Ambiental, Social e Governança e sobre Responsabilidade Social Corporativa se tornaram parte essencial do trabalho.

Workshop - IR Revolution: Tecnologias Disruptivas que estão Transformando a Rotina do Profissional de RI – MZ
O workshop “IR Revolution: Tecnologias disruptivas que estão transformando a rotina do profissional de RI” foi apresentado por PH Zabisky, CEO da MZ. Ele falou sobre os desafios que os profissionais de RI estão enfrentando em um mercado cada vez mais dinâmico. Nos primeiros sete meses de 2021, 40 companhias realizaram abertura de capital e com destaque para maior participação de pessoas físicas. Em sua visão, esse cenário traz uma complexidade na gestão da base acionária e de dados, demonstrando a importância desse público para as companhias.

“Os sete primeiros meses do ano registraram maior participação de pessoas físicas em IPOs, com aproximadamente 200 mil participantes nas 40 operações”, comentou. De acordo com ele, a maior participação de investidores pessoas físicas e o dinamismo do mercado tornam a atividade de RI mais desafiadora.

Segundo PH Zabisky, é importante que o RI monitore pequenos e grandes movimentos do mercado. “A disrupção na tecnologia com certeza envolve inteligência artificial e machine learning, mas não necessariamente. É possível fazer algo simples que cause grande impacto no mercado, melhore a vida dos investidores e analistas e, principalmente, a rotina do profissional de Relações com Investidores”, enfatizou.

Workshop - Marco regulatório sobre o ESG da perspectiva contábil – Deloitte
O último workshop do primeiro dia do evento teve o tema “Marco regulatório sobre ESG da perspectiva contábil” com a participação de Reinaldo Oliari, Sócio de Audit & Assurance da Deloitte; Daniele Soares, Gerente do Global Capital Markets Group da Deloitte; e Isabelle Dassier, Sócia de Accounting Advisory da Deloitte.

 “Vamos falar sobre quais são os pilares ESG, o que é importante desse ponto de vista, modelos de divulgação e como esses temas têm evoluído, além de curiosidades sobre o assunto”, anunciou Reinaldo Oliari no início do workshop.

Os representantes da Deloitte destacaram que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) aprovou que se a companhia decidir divulgar o Relato Integrado deverá observar os critérios da Orientação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (OCPC 9 – Relato Integrado) e ser objeto de asseguração limitada por auditor independente registrado na autarquia. “O objetivo é passar por um crivo independente ao processo de geração das informações”, explicou Oliari.

Painel 2 - ESG – Desafios da Companhia e envolvimento da Alta Administração
O painel 2 teve como tema “ESG - Desafios da Companhia e envolvimento da Alta Administração” e foi moderado por Guilherme Setubal, Vice-Presidente do Conselho de Administração do IBRI. Os debatedores foram: Denise Hills, Diretora de Sustentabilidade da Natura, e Renato Franklin, Diretor-Presidente da Movida.

 “O tema ESG hoje é bastante difundido em todo mundo e é de especial importância paras as empresas, em geral, não só no que tange ao seu valor de mercado, mas também principalmente pelo seu posicionamento em relação à sociedade. Na descrição do tema, a letra G deveria estar em primeiro lugar, pois sem uma Governança forte e estruturada o E e o S podem ser menos efetivos do que precisam ser”, declarou Setubal.

Um dos destaques do debate foi a importância da Alta Administração na pauta ESG, bem como a empresa trata o tema no dia a dia. “O grande desafio agora é praticar o termo ESG de fato como uma forma real e dentro do DNA das companhias”, acrescentou Guilherme Setubal.

Denise Hills observou que não é raro de se ver atualmente uma discussão do que na prática significam essas três letras, qual o impacto que elas têm na gestão das grandes companhias “e mais do que nunca a potência do G, que dos três talvez seja o mais maduro”, apontou. “Estamos em uma jornada e em um momento especial para a inclusão desses temas como parte da gestão da companhia seja da estratégia, do risco, assim como também da inovação”, complementou.

Entusiasta do tema, Renato Franklin disse que a companhia precisa de governança para se equilibrar, dar retorno e gerar valor para os stakeholders. “Quando se tem tudo isso bem claro na sua estratégia, a agenda ESG é parte condicionante para se gerar impacto positivo e ter uma empresa sustentável com capacidade de crescimento”, comentou. Ele lembrou que o tema está tão presente que existem fornecedores que não querem comercializar com empresas que não possuam uma agenda ESG clara e verdadeira.

Painel 3 - Pesquisa Deloitte IBRI: os novos desafios da Comunicação para o RI – Responsabilidade Ambiental, Social e Governança nas Relações com Investidores
Em 28 de setembro de 2021, segundo dia do maior evento de RI da América Latina, as atividades iniciaram-se com o painel 3 com o tema “Pesquisa Deloitte IBRI: os novos desafios de Comunicação para o RI - Responsabilidade Ambiental, Social e Governança nas Relações com Investidores”. O painel foi moderado por Rodrigo Lopes da Luz, Membro do Conselho de Administração do IBRI, e a apresentação dos resultados da pesquisa foi conduzida por Reinaldo Oliari, Partner Audit & Assurance / Global Capital Markets Group da Deloitte.

A pesquisa foi elaborada por meio de questionário on-line, entre julho e agosto de 2021. Participaram do estudo 65 empresas, entre as quais 68% estão listadas em Bolsa de Valores.

Em linha com os temas debatidos durante o Encontro de RI, a pesquisa aponta que as organizações estão cada dia mais preocupadas em oferecer a seus investidores uma comunicação mais consistente e interativa, bem como em fortalecer o uso de indicadores não financeiros que reforcem a pauta de ESG como emissão de gases de efeito estufa e representatividade de minorias.

Em sua palestra, Reinaldo Oliari ressaltou que as mídias sociais hoje fazem parte do dia a dia dos investidores, portanto se faz importante que as empresas adotem essas ferramentas digitais para se comunicar com seus públicos. O investidor pessoa física também foi alvo da pesquisa; sendo que 70% das empresas listadas acreditam que esse tipo de investidor é importante para o valor de mercado.

A pesquisa também detectou que 45% das companhias listadas em Bolsa de Valores têm estratégia de comunicação específica para investidores pessoa física. Dentre as formas de comunicação mais eficazes com esse público, a pesquisa elencou: live/teleconferência (83%); website de RI (59%); e-mail (50%) e YouTube (44%). Houve a citação, também, de outros meios de comunicação, como: Investor Days, releases para Imprensa, LinkedIn, ações com influenciadores digitais, Instagram, Twitter e podcasts. Para uma aproximação maior com os investidores, os respondentes identificaram os recursos de comunicação mais utilizados pelos influenciadores digitais: informalidade (59%), interação (59%), experiência pessoal (57%) e storytelling (56%).

Para Rodrigo Luz, a área de RI está passando por profundas transformações, o que faz com que os profissionais precisem ter uma formação multidisciplinar. “Além disso, há aumento do uso de novas tecnologias para ampliar a interatividade e prestação de contas. Existe, também, uma demanda crescente por informações referentes aos fatores ASG (Ambiental, Social e Governança)”, comentou.

ESG - Um dado de destaque apontado na pesquisa foi que 74% das empresas listadas esperam aumentar o orçamento destinado a ESG em 2022 e o modo de comunicar os indicadores Ambientais, Sociais e de Governança também virou um ponto de preocupação. Entre as empresas listadas, 75% já têm sua estratégia alinhada aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas) e 73% divulgam relatórios de sustentabilidade ou documentos equivalentes, enquanto 69% adotam uma matriz de materialidade para questões ambientais e sociais. Sobre os indicadores que já estão sendo usados pelas empresas, a pesquisa mostra que 72% são indicadores ambientais, 65% sociais e 74% de governança.

Papel estratégico do RI - O papel estratégico da área de Relações com Investidores e a complexidade do ambiente de negócios com as novas demandas advindas da consolidação da agenda ESG e do crescimento do número de investidores pessoa física colocam para as empresas a necessidade e o desafio de uma formação multidisciplinar para os profissionais. A pesquisa revela que 58% das empresas acreditam que a participação da liderança de RI nas decisões estratégicas da empresa aumentou em 2021, em comparação a 2020; e 72% entendem que a multidisciplinaridade está entre os principais desafios para a formação de RIs.

Na visão de Rodrigo Luz, os desafios para os profissionais de RI tornam o dia a dia mais dinâmico, especialmente no que diz respeito a questões do uso de ferramentas digitais e indicadores ESG.

Para conhecer o Relatório da Pesquisa IBRI Deloitte sobre “Os novos desafios de Comunicação para o RI – Responsabilidade Ambiental, Social e Governança nas Relações com Investidores”, basta acessar o site do IBRI: www.ibri.com.br/Upload/Arquivos/novidades/4310_IBRI_07.pdf

Painel 4 - Principais mudanças nas atividades do RI – Cases de destaque
O painel 4 com o tema “Principais mudanças nas atividades do RI – Cases de destaque” foi moderado por Bruno Salem Brasil, Diretor-Presidente do IBRI e Diretor de Relações com Investidores da CVC, e teve a participação de Rafael Chamas Alves, Diretor Financeiro e Diretor de Relações com Investidores da Locaweb; Henrique Marquezi, Gerente Executivo de RI da Locaweb; e Ricardo Rosanova Garcia, Diretor de Relações com Investidores da Multilaser.

Ricardo Rosanova Garcia explicou como foi o processo de abertura de capital da Multilaser e relatou que o crescimento da empresa nos últimos anos a conduziu naturalmente para o IPO (do inglês Initial Public Offering). “Foi um marco importante na trajetória da companhia, mas isso implica diversas mudanças de reporte e também no nível de informações prestadas para o mercado”, observou.

Bruno Brasil ressaltou a importância de se criar a cultura de capital aberto dentro da empresa e o papel dos profissionais de Relações com Investidores no processo.

Henrique Marquezi também compartilhou sua experiência no pré-IPO, observando que iniciou na companhia três meses antes da abertura de capital. De acordo com ele, a empresa se preparou para o momento e estava pronta muito tempo antes. “A empresa já trabalhava com algumas obrigações de companhia aberta, já tinha Governança Corporativa estabelecida”, acrescentou. Ele sugeriu para aquelas empresas que pensam em abrir capital que se preparem antes e não deixem tudo para a última hora.

Rafael Chamas Alves fez comentários sobre o cotidiano da companhia depois da abertura de capital. “Houve a preocupação em estruturar o relacionamento com o investidor no pós-IPO de forma transparente”, observou.

Durante o painel, os palestrantes também debateram sobre jargões do mercado financeiro e o relacionamento com o público que não tem familiaridade com esses termos. Além disso, abordaram as soluções para se fazer chamadas de vídeo e a interação com investidores por meio das ferramentas digitais, como é o caso do aplicativo WhatsApp.

Workshop – Materialidade vs ESG Washing – blendOn
O primeiro workshop do dia 28 de setembro de 2021 abordou o tema “Materialidade vs ESG Washing” e foi apresentado por Denys Roman, Diretor da blendON; e Regiane Abreu, Especialista em Sustentabilidade da Light. “Este é um evento muito importante para a atividade de Relações com Investidores no Brasil”, destacou Roman no início de sua apresentação.

Ao falar sobre materialidade no âmbito ESG, o diretor da blendON afirmou que “se algo não é material, não é relevante, e não tem que ter foco em ESG”. Quando se trata de materialidade em ESG, ele alertou para a importância de se olhar para a essência, e não para o reflexo. “Não adianta a empresa olhar para o que é material para outra companhia do setor, para outra companhia de setor diferente ou o que é material no exterior. A companhia tem sempre que olhar para a sua essência”, pontuou.

Denys Roman citou estudo da McKinsey & Company, que elencou cinco elos para criação de valor ESG: crescimento de receita; redução de custos; diminuição das intervenções regulatórias e legais; aumento da produtividade dos funcionários; e otimização de ativos e investimentos. Regiane Abreu acredita ser importante observar o modelo de negócio, destacando que os documentos elaborados pela área de Relações com Investidores devem estar alinhados.

Os palestrantes enfatizaram preocupação com a prática de “greenwashing” (“lavagem verde”), que é uma estratégia utilizada por empresas que alegam ser comprometidas com as melhores práticas Ambientais, Sociais e de Governança, mas não as realizam de verdade. Os palestrantes enfatizaram que as empresas precisam abordar seus temas materiais e “se a companhia não está falando sobre eles é que tem alguma coisa errada”, concluiu Regiane Abreu.

“Serviço de Analytics da B3 para RIs” – B3
Logo depois, ocorreu o workshop “Serviço de Analytics da B3 para RIs” com apresentação de Marcio Stein, Gerente de Produtos Analíticos da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). “Vou mostrar uma solução que a B3 lançou há uns três anos e agora está incorporando uma parte de conteúdo voltado para os profissionais de Relações com Investidores”, informou.

No final do ano de 2018, a B3 lançou o Datawise que consiste em um serviço de entrega de analytics para o mercado, ou seja, consolida dados dos mercados atendidos pela B3 e os organiza em forma de dashboards. “Percebemos que podíamos tratar os dados que já possuíamos e disponibilizar a informação que esse dado gera para o mercado, possibilitando assim que participantes, clientes ou qualquer pessoa que deseje ter acesso a um conteúdo diferenciado conseguisse encontrar valor nessas informações”, esclareceu.

Para o público de RI, foi criado um conteúdo específico, como Marcio Stein apresentou, em que o profissional de Relações com Investidores tem acesso ao quadro acionário da sua companhia. No painel, o RI poderá encontrar informações em âmbito macro e micro, ou seja, “há desde o painel geral com o quadro acionário total da sua empresa até onde esses investidores se distribuem no Brasil e, por último, a cereja do bolo com o quadro acionário que tem documento a documento, possibilitando assim que se enxergue dentro dessa solução diariamente todos os acionistas da instituição”, especificou.

A atividade do RI e o uso de mídias sociais – Stocche Forbes
O último workshop do dia 28 de setembro de 2021 teve como tema “A atividade do RI e o uso de mídias sociais”, que contou com apresentações de Alessandra Zequi, Sócia do escritório Stocche Forbes; Pedro Miranda, Sócio do Stocche Forbes; e Henrique Filizzola, Sócio do Stocche Forbes Advogados.

Os palestrantes compartilharam durante o workshop a experiência do escritório nas ofertas públicas e o uso das mídias sociais. “Não tem quem não use as mídias sociais hoje na vida pessoal e, no campo profissional. A mídia social é uma ferramenta que se bem utilizada traz vantagem competitiva, o marketing da rede social é muito forte”, comentou Alessandra Zequi. Segundo ela, no mundo de RI, esse é um meio que está sendo cada vez mais utilizado pelas companhias e com diversas finalidades.

“Quando se fala em nome de uma companhia com valores mobiliários listados e negociados, o uso da mídia social pode ser muito útil, mas também muito arriscado”, ponderou Alessandra Zequi. Ela afirmou que a regulação das informações que as companhias devem prestar ao mercado é vasta, no entanto, não há uma regulamentação tão forte na divulgação por meio das mídias sociais.

Alessandra Zequi mencionou que orienta as companhias a divulgarem as informações primeiro via fato relevante e comunicado ao mercado nos documentos e formas oficiais, que são exigidos pelo órgão regulador, e, somente depois, de forma muito cuidadosa, usar as redes sociais para disseminar aquela informação que já foi divulgada nos meios oficiais.

Henrique Filizolla e Pedro Miranda afirmaram que é importante sempre discutir internamente aquilo que será divulgado, inclusive com a área jurídica. “É preciso observar também a maneira como a mensagem será divulgada”, alertou Filizolla.

Painel 5 - Investidores PF na B3: como tornar o relacionamento das empresas com esse público mais efetivo
O último painel do dia 28 de setembro de 2021 abordou o tema “Investidores PF na B3: como tornar o relacionamento das empresas com esse público mais efetivo” e foi moderado por Rogério Santana, Diretor de Relacionamento com Empresas e Assets da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), e contou com a participação de Luiza Chaves, Coordenadora de Relações com Investidores da Klabin; Bruno Madruga, Head de Renda Variável da Monte Bravo Investimentos; e Rafael Bevilacqua, CEO & Founder da Levante Investimentos.

Rogério Santana mostrou a crescente evolução do número de investidores pessoa física no mercado de capitais brasileiro. Em junho de 2021, 42% dos entrantes investiram até R$ 200,00, e “podemos ver cada vez mais iniciantes na Bolsa”, observou. Esse investidor está, entretanto, cada vez mais preocupado com a gestão do seu dinheiro e mostra-se mais ativo, acrescentou.

A base acionária da Klabin enfrentou modificações, como revelou Luiza Chaves, passando de 20 mil CPFs, no início de 2019, para 150 mil em 2020, tendo atualmente quase 200 mil investidores pessoa física. “Ao falar sobre a melhor forma de se comunicar com esse público, Luiza Chaves fez menção ao Klabin Invest, plataforma de conteúdo que aborda informações sobre a empresa, o mercado financeiro, sustentabilidade e inovação, entre outros temas, com linguagem didática e acessível. A plataforma tem conteúdo exclusivo, que contém podcasts, vídeos e entrevistas, tendo como objetivo levar educação financeira e apresentar a Klabin para aqueles que desejam investir na companhia.

“Comparado com outros mercados emergentes, o percentual de investidores pessoa física no Brasil ainda é baixo e existe uma grande jornada pela frente”, comentou Rafael Bevilacqua. Em sua visão, o brasileiro não possui educação financeira e para trazer as pessoas para esse mundo novo, a Levante Investimentos produz conteúdo para que o público entenda facilmente o funcionamento do mercado.

“Acredito que uma das funções do assessor financeiro é promover a educação financeira, mas acho que vale a pena pontuar quais são as funções dele, uma vez que o investidor pode acreditar que ele tem que fazer a análise de algum ativo. Esta não é a função do assessor financeiro, e sim dos analistas”, observou Bruno Madruga.

Painel 6 - Alterações na ICVM 480
Em 29 de setembro de 2021, terceiro e último dia do evento, ocorreu o painel 6 com o tema “Alterações na ICVM 480”, que foi moderado por Paula Magalhães, Sócia do escritório Lobo de Rizzo Advogados; tendo como debatedores: Ana Carolina Mello de Paula, Advogada do Jurídico Financeiro da Petrobras; e Rodrigo Araújo Alves, CFO e Diretor de RI da Petrobras.

 “Vamos conversar um pouco sobre as alterações da Instrução 480, propostas em editais de audiência pública pela CVM. O carro-chefe é o Formulário de Referência que vem mais enxuto, repaginado e reforçando os aspectos ASG (Ambientais, Sociais e Governança). Sua construção é de uma forma mais intuitiva e elimina algumas repetições que o mercado e a CVM entenderam como desnecessárias”, declarou Paula Magalhães. Durante o painel, os participantes também abordaram os comunicados de operações entre partes relacionadas e o comunicado de demandas societárias.

Segundo Paula Magalhães, o comunicado de demandas societárias está em um contexto de medidas de aperfeiçoamento de proteção a investidores e acionistas minoritários. “Um grande aspecto desse ponto é a comunicação com o mercado”, especificou.

Ana Carolina Mello de Paula disse que esse comunicado de demandas societárias abrange não apenas a própria emissora como também seus acionistas controladores e administradores quando figurarem como partes dessas demandas societárias e também quando envolver direitos e interesses difusos coletivos ou individuais homogêneos. “E traz um segundo inciso que diz que quando essas demandas puderem afetar a esfera jurídica da companhia ou de outros titulares de valores mobiliários da companhia investida”, esclareceu.

Rodrigo Araújo Alves enfatizou “no que diz respeito aos passivos contingentes, a transparência é fundamental”. Alves chamou atenção sobre um ponto relevante a respeito do Formulário de Referência, que é o de cada vez mais se ter uma narrativa coerente que permita fazer links com relacionamentos relevantes, seja da estratégia, dos riscos associados, e, do outro lado, da performance operacional e financeira conectada com as estratégias e os riscos.

Workshop Ofertas de equity e dívida na nova instrução pela CVM – Lobo de Rizzo
Em seguida, houve workshop com o tema “Ofertas de equity e dívida na nova Instrução proposta pela CVM”, que contou com a apresentação de Maria Machado, Sócia da área de Mercado de Capitais do escritório Lobo de Rizzo; e Mariana Assef, Advogada Sênior da área de Mercado de Capitais do Lobo de Rizzo Advogados.

“A CVM trouxe para audiência pública o novo arcabouço das principais regras aplicáveis para as ofertas no Brasil. A sugestão da CVM foi de revogar as três principais que são as Instruções 400, 471 e 476 para consolidá-las em uma única minuta”, afirmou Mariana Assef no início do workshop.

Segundo ela, a ideia da autarquia com essa audiência pública é assegurar a proteção dos interesses do investidor, promover eficiência e desenvolvimento do mercado e, “principalmente trazer uma modernização geral em diversos outros regulamentos”, acrescentou. Mariana Assef esclareceu que a audiência pública contém três minutas: A, B e C.

A minuta A é a principal delas e contém todo o arcabouço das ofertas públicas; a minuta B possui uma novidade que é um registro dos intermediários das ofertas públicas, o que de acordo com Mariana Assef vai trazer obrigações adicionais para os coordenadores da oferta, inclusive com informações periódicas. A minuta C tem o intuito de ajustar a redação de normas vigentes para deixar tudo uniforme e harmonioso com a minuta A.

Para Maria Machado, o pilar que norteia essa revisão das normas de ofertas é a busca de equilíbrio entre a eficiência de mercado, de um lado, e do outro lado, a proteção dos investidores por meio de um processo mais ágil de registro de ofertas públicas e como contrapartida uma maior responsabilidade pelos participantes envolvidos na oferta.

“Os registros vão passar a contar com as exigências e informações moduladas dependendo de alguns fatores como o perfil do investidor, a categoria do emissor do valor mobiliário, o tipo do ativo que está sendo ofertado e da habitualidade que o emissor acessa o mercado de capitais, além da eventual análise prévia por uma entidade autorreguladora”, concluiu.

Workshop Resolução 44 da CVM - Petrobras
Na sequência, ocorreu o workshop com o tema “Resolução 44 da CVM” com apresentações de Bernardo Fabião, Consultor da Área de Relações com Investidores da Petrobras; e Fernanda Bianchini, Gerente de Divulgação ao Mercado da Área de Relações com Investidores da Petrobras.

No início da sua palestra, Bernardo Fabião prestou homenagem a Alfried Plöger, presidente do Conselho da ABRASCA, que faleceu vítima da Covid-19. “Ele era uma pessoa que sempre trazia bons insights, era um defensor ferrenho das companhias abertas, deixando, sem dúvidas, saudades”, comentou.

Fernanda Bianchini fez um resumo do trabalho da área de divulgação ao mercado da área de RI no início da apresentação e indicou que a Petrobras está entre as empresas brasileiras com o maior número de pessoas físicas em sua base acionária. “Temos mais de 850 mil acionistas e detentores de ADRs (American Depositary Receipts, em português, Recibos Depositários Americanos), além de mais de 140 mil cotistas de fundos de investimentos em ações da companhia”, apontou. Por conta desse grande número de investidores pessoa física, Fernanda Bianchini explicou que existe um atendimento exclusivo para esse público.

A interface da área de Relações com Investidores com a Gerência de Imprensa é muito importante para o alinhamento das informações divulgadas para o mercado, observou Fernanda Bianchini, mencionando a política de divulgação de ato ou fato relevante e de negociação de valores mobiliários, objetivando evitar o uso indevido de informações privilegiadas, assegurar o tratamento equitativo aos investidores, além da regularidade e transparência das negociações de valores mobiliários de emissão da Petrobras.

Bernardo Fabião discorreu sobre as principais notificações da Resolução CVM 44/2021 (que revogou a Instrução CVM 358/2002). Dentre as razões para a mudança, Fabião citou o aperfeiçoamento da segurança jurídica no regime de negociação de valores mobiliários e a incorporação na norma de entendimentos da jurisprudência da CVM.

Workshop Valor Empresas 360 – Valor Econômico
O workshop “Valor Empresas 360” foi conduzido por Luis Henrique Guimarães, presidente do Conselho Diretor da ABRASCA e CEO da Cosan e contou com a apresentação de Frederic Kachar, Diretor-Geral da Editora Globo, e Ricardo Rodrigues, Diretor de Negócios da Editora Globo.

“Em um mercado de capitais em evolução e pujante, a informação disponível e confiável é muito importante”, destacou Luis Henrique Guimarães.

Frederic Kachar fez apresentação do produto “Valor Empresas 360”. De acordo com ele, a expansão de investidores, especialmente pessoas físicas, amplia exponencialmente o desafio da Comunicação Corporativa, além das demandas por transparência e visibilidade das ações ESG das empresas, criando novas necessidades de comunicação e de relacionamento com todos os stakeholders.

A plataforma interativa Valor Empresas 360 reúne em um único lugar o noticiário empresarial produzido por todos os sites (Valor, Valor Investe e site de negócios Pipeline), além das ferramentas de análise e do banco de dados do Valor PRO, serviço de informações em tempo real. A nova plataforma também oferece recursos para que as companhias se comuniquem diretamente com seu público de stakeholders, incluindo investidores, consumidores, fornecedores e analistas de mercado.

“Existe uma oportunidade de consolidarmos em um mesmo ambiente todas as informações sejam elas noticiosas, dados, ferramentas interativas das empresas e organizar tudo isso de forma que atenda a todos os públicos, sejam eles investidores, funcionários, analistas de mercado, dentre outros”, explicou Frederic Kachar.

“A plataforma Valor Empresas 360 agrega em um único ambiente o conteúdo editorial e espaços para Comunicação Corporativa e de RI das empresas”, concluiu Ricardo Rodrigues.

Painel 7 - Impactos da Reforma Tributária no dia a dia do RI
O painel 7 com o tema “Impactos da Reforma Tributária no dia a dia do RI” foi moderado por Eduardo Lucano da Ponte, Presidente Executivo da ABRASCA, e teve a participação de: Marcelo Sá, Estrategista-chefe do Itaú BBA; Rafael Garcia Rodrigues dos Santos, Sócio do Cescon Barrieu; Valter Bianchi Filho, Sócio da Fundamenta Investimentos; e Rodrigo Maia, Investor Relations General Manager da Gerdau.

Eduardo Lucano iniciou o painel indagando se “o Brasil precisa reformar seu sistema tributário”. A pergunta foi respondida por Rafael Santos, destacando que “o sistema tributário brasileiro não tem simplicidade, nem isonomia”. “O nosso sistema tributário é um entrave para o crescimento econômico”, complementou.

O Projeto de Lei 2337/2021, aprovado na Câmara dos Deputados, que trata da reforma do Imposto de Renda propõe o fim do JCP (Juros sobre o Capital Próprio) – tipo de provento que remunera os acionistas. Segundo Marcelo Sá, caso a lei seja aprovada como está, os setores mais afetados serão de alimentos e bebidas, saneamento básico, telecomunicações e bancos.

Ao ser questionado sobre os efeitos da alteração do projeto de lei na indústria de fundos, Valter Bianchi Filho disse que se tivesse que comparar o ambiente tributário do investidor pessoa física e do investidor por meio de fundos, a reforma piora o ambiente tributário do investidor pessoa física e tem certa neutralidade para o investidor de fundos. “Isso só é válido pós-redução da tributação de dividendos para 15%”, complementou.

Rodrigo Maia ofereceu a visão do profissional de RI no cenário de reforma tributária. “O Juro sobre Capital Próprio é uma ferramenta que funciona muito bem e um diferencial para o mercado de capitais brasileiro”, analisou. Em sua visão, as empresas brasileiras precisam ter um diferencial ao captarem recursos via equity e o JCP sempre foi um diferencial para o mercado de capitais brasileiro.

O 22º Encontro de RI e Mercado de Capitais foi patrocinado pelas empresas: B3 (Brasil, Bolsa, Balcão); blendON; BNY Mellon; Bradesco; Cescon Barrieu; Datev; Deloitte; Gerdau; Itaú Unibanco; Lobo de Rizzo Advogados; MZ Group; Oliveira Trust; Petrobras; Stocche Forbes; TheMediaGroup; e Valor Econômico.

Para mais informações, basta acessar: https://encontroderi.com.br/


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