Opinião

FORMA E CONTEÚDO: O QUE DÁ SENTIDO A UMA REUNIÃO PÚBLICA COM INVESTIDORES?

Inovação é o grande mantra do mundo corporativo do século XXI. As tecnologias se renovam, a convergência das mídias avança e as relações interpessoais ganham notoriedade em administrações bem sucedidas. Atualmente, longos deslocamentos de executivos para convenções anuais podem ser facilmente substituídos por webinars. Entretanto, o ponto aqui não é simplesmente a forma, mas sim a junção com o conteúdo, traduzidos em resultados práticos.

A despeito disso, sempre acreditei que nada substitui o “olho no olho”, ainda mais quando atuamos no mercado financeiro. Na posição de Diretor de RI, seria redundante dizer que a alma do negócio é, de fato, o relacionamento. E esse elemento se constrói com confiança, transparência e proximidade, deixando de lado formatos pasteurizados.

Quando planejo uma reunião pública com investidores, não me prendo apenas aos slides de resultados. Reservo um bom tempo pensando no formato do encontro. De uns anos para cá, tenho reunido frente aos acionistas toda a diretoria da EZTEC, incluindo o fundador da companhia e, atualmente, presidente do conselho de administração. Não abro mão desse compromisso.

Em 2014 e 2015, com as respectivas apresentações das torres A e B do edifício corporativo EZ Towers, o maior da história da companhia, nossa ideia foi promover uma espécie de talk-show, em que eu entrevistava os diretores e depois estimulava perguntas do público. Formato aprovado.

Já em 2016, minha proposta foi ir além. Coloquei-me na posição de mestre de cerimônias e dei o microfone aos analistas sell-side das principais instituições que acompanham religiosamente o nosso papel. Uma verdadeira roda-vida. Ou seja, mais eficiente que apresentarmos ponto a ponto nosso balanço, foi passar a bola aos analistas para que eles tocassem nas questões de maior atenção do mercado. Resultado: o que poderia parecer para muitos uma estratégia kamikaze rendeu duas horas de uma dinâmica espetacular, com público atento do início ao fim.

Inclusive, o público é diversificado. Cerca de 10% dos acionistas presentes em 2017, quando apresentamos o Esther Towers, mais um marco para a EZTEC, eram pessoas físicas. Sim, estou falando dos minoritários que tanto prezamos e que sempre nos acompanham nessas convenções. Mas é claro que essa presença não se dá por acaso. Eles vêm com a certeza de que a reunião será produtiva.

Muitas empresas de capital aberto assumem uma postura low-profile, mantendo uma agenda apenas “obrigatória” com seus investidores. Uma pena. O mercado imobiliário brasileiro sofreu a recessão em um passado recente, como talvez nenhum outro setor. E é nesse momento que devemos estar próximos e prezar pela transparência para colocar a companhia a serviço do investidor.

Agora, com os claros sinais de retomada do mercado imobiliário, o relacionamento criado no passado conta pontos favoráveis. Isso é consequência de credibilidade, que dá sentido ao que chamamos de solidez.

Sobre a edição de 2018, claro, estou me preparando com grandes novidades. Já temos a data marcada: dia 07 de dezembro, no Clube Atlético Monte Líbano, onde sempre realizamos os nossos encontros. Este será o grande momento para a apresentação da estratégia da EZTEC para 2019, na primeira oportunidade de diálogo após as tão aguardadas eleições presidenciais. Independentemente do resultado, posso adiantar que a reunião será transparente e próxima, como de costume.


Emilio Fugazza
é diretor Financeiro e de Relações com Investidores da incorporadora EZTEC.
ri@eztec.com.br


Continua...