Governance Officer

GOVERNANCE OFFICER & A ATUAÇÃO EM CONSELHOS

Muitos posicionamentos são observados no universo da Governança Corporativa, mas especificamente nos Conselhos, e entender a atuação do Governance Officer nesse contexto é de suma relevância. Olharíamos apenas para os skills técnicos ou se faz necessário lapidar e exaltar os comportamentais? 

Sem dúvida nenhuma, faz-se necessário falar em comportamento e autoconhecimento, principalmente num momento em que muitos idealizam que o sucesso na área se dará através do maior número de especializações que possuam. 

Ledo engano
O mercado tem sinalizado que as coisas não são bem assim; os melhores profissionais, os que chegaram ao sucesso e permanecem nele, estão se preocupando com outros posicionamentos, que passam pelo autoconhecimento e direcionamento adequados. 

A cada dia as empresas vêm exigindo que os profissionais que atendem o Conselho elevem a sua percepção sensorial e modus operandi com total equilíbrio. 

Uma constatação não muito interessante dos últimos tempos é que a ESTRATÉGIA, por mais que seja uma condicionante do colegiado, não é uma realidade atual de alguns profissionais. Alguns garantem que possuem uma mente estratégica, mas nem perceberam o real significado da palavra. Falta muito para viver estrategicamente no mesmo ambiente com o Board. Aqui entra igualmente a percepção em relação aos Conselheiros, uma vez que o ambiente é o mesmo e as atividades são complementares e lineares.

Muitos ainda precisam “sair da bolha” e pensar no formato 360° para entenderem não somente dos assuntos tratados no Board, mas terem a atitude e a desenvoltura adequadas para atuar nos momentos que surgem e exigem que as decisões sejam rápidas e baseadas nas melhores práticas de Governança. Se o Governance Officer é considerado o guardião das melhores práticas, ele deverá ocupar o seu lugar e dar conta dessa dinâmica e, com isso, ter atributos e atitudes que não estão escritos nos livros ou nos cursos oferecidos pelo mundo. 

ATITUDE! Sim, muitos não sabem nem por onde começar, mas se entendem aptos a comandar a grande orquestra que é a Reunião de Conselho - RCA. Enquanto isso, podemos observar outros profissionais que entenderam por onde deverão ir e como poderão estruturar suas carreiras. 

Então, o que tem de relevante no profissional que vem se destacando dentro dessa estrutura? “O QUE” difere os profissionais é, sem dúvida, a postura; aquele que começa a observar mais, falar nas horas certas, ter atitude correta e esperada para esse cargo e começa a entender o seu legado e se propõe a construir a sua identidade profissional. 

Isso poderá levar anos ou, em raríssimos casos, se estabelecer mais rapidamente, de forma focada e direcionada por um mentor. Certo dizer que ela não se estabelece de uma hora para outra, mas uma vez estabelecida, ninguém a derruba. 

Tudo isso é uma construção de entendimentos, uma percepção de vida, de maestria dos atos e comportamentos. Não adianta pular etapas! E qual seria o primeiro passo?

Sem dúvida o primeiro passo é o Autoconhecimento
Vejamos, num cenário em que podemos observar um Governance Officer que participa do Conselho de uma Cia aberta, além de toda obrigatoriedade que o tipo societário o leva a entregar nas atividades, ainda é necessário haver boa comunicação com os Órgãos Reguladores. Alguns são advogados, estão atentos aos riscos, compliance, atendem comitês e assembleias, precisam atentar-se ao mercado e à linguagem que se apresenta à Governança Corporativa. Se esse profissional não entender quem ele é, como conseguirá dar conta de tantas atividades mesmo que delegue algumas?

Não é uma atividade para amadores; por esse motivo se faz necessário saber se está pronto a exercer esse papel como um representante de fator determinante para o desenvolvimento da Cia. 

Como saber se está apto? Sabendo dos limites, capacidades, entendimentos e posicionamentos para promover desenvolvimento: o próprio, da empresa e do Conselho. 

Boas perguntas ajudam nesse processo: como tem sido a sua condução em relação às atividades do Conselho? E a sua atuação, tem sido notada e avaliada por consultores externos? As avaliações estão alinhadas ao seu dia a dia? Foram devidamente atualizadas no seu Job Description?

Seria louvável começar a construir um dia a dia com mais visão estratégica e ponderação, entendendo que esse caminho é normal e faz parte da carreira de todos que hoje estão fazendo sucesso com posicionamento no mundo da Governança. 

Construção de identidade e assinatura profissional 
Apenas uma parte dos Governance Officers que estão no mercado apresentam ganhos considerados adequados e notoriedade. O que faz com que esses profissionais consigam isso e outros não? A fala se repete: identidade e assinatura profissional.
Ultimamente, os profissionais estão com pressa, querem resultado rápido, mas esquecem que é necessário um período de maturação para que os frutos venham. Ou seja, o imediatismo para sanar urgências faz com a pessoa desista antes mesmo de começar a programar e planejar seu caminho.

O que os Conselhos podem esperar desse profissional?
Muitos são sabedores que esse profissional assessora o Conselho e que ele é uma ponte entre o Conselho e a Gestão, o único que tem livre acesso às áreas. Mas uma pergunta fica no ar: por que alguns Conselhos não extraem o melhor desse profissional?

O posicionamento desse profissional é amplo e extraordinário e, se for percebido na sua real intenção e capacidade, poderá transformar o ambiente e o Conselho com as Melhores Práticas de Governança Corporativa.

Muitos representam o Conselho dentro e fora (alguns profissionais alcançam a representatividade do Conselho em órgãos de Classe para questionamentos da esfera do negócio) da Cia, considerando que têm mente, ação e direcionamento estratégicos de acordo com o Conselho e este sabe o verdadeiro teor do seu papel.

Pensando nisso, não seria melhor que o profissional que ainda não atingiu o patamar que deseja, começasse a olhar de fato para a potência que poderá ser e ampliar a atuação nesse conselho? 

As oportunidades aparecem para aqueles que estão se aprimorando no autoconhecimento, planejamento, construção e adaptação do perfil que desejam para a sua identidade e assinatura profissional. 

Não o contrário!

Elsie Sarmento
é advogada, especialista em Governança Corporativa, Mentora e Sócia-Fundadora da Saggezza Corporate Governance. 
elsiesarmento@saggezzacorporate.com.br


Continua...