Entrevista

LOUISE BARSI, SÓCIA-FUNDADORA DO AGF - AÇÕES GARANTEM O FUTURO

A PRINCESA DO DIVIDENDOS
Nascida em São Paulo, Louise Barsi, 29 anos, filha do “lendário” Luiz Barsi Filho, maior investidor pessoa física da Bolsa no Brasil - conhecido como o “rei dos dividendos”, é investidora profissional. Iniciou sua carreira no mercado financeiro na corretora de valores Elite, na qual ficou por quase cinco anos e se tornou analista de investimentos (CNPI). Graduada em Ciências Econômicas pelo Mackenzie e em Contabilidade pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, tendo também na Fecap feito pós-graduação em Mercado de Capitais; e pós-MBA na Saint Paul Escola de Negócios, no Advanced Boardroom Program for Women. Em 2019, decidida a cuidar de seu próprio dinheiro, Louise criou o AGF - Ações Garantem o Futuro.

A seguir, Louise Barsi - a “princesa dos dividendos” - fala sobre sua trajetória pessoal e profissional, dos desafios da participação feminina no mercado de capitais - e de sua atuação a frente do AGF - Ações Garantem o Futuro - a maior plataforma de investimentos do país voltada para o investidor pessoa física, com foco em renda passiva com dividendos - cuja missão é simplificar e democratizar a jornada do investidor rumo à independência financeira, ao mesmo tempo que busca atuar na defesa dos direitos de investidores minoritários. Louise também atua como Conselheira em companhias abertas, integrando atualmente o conselho de administração da Eternit, o conselho fiscal da Klabin e o comitê de auditoria do IRB-Brasil Resseguros.

RI: Fale-nos sobre o propósito que a levou em 2019, com seus sócios, a fundar o AGF - Ações Garantem o Futuro - e quais são os próximos desafios?

Louise Barsi: O AGF nasceu com o propósito mudar a vida das pessoas, disseminando a cultura de investimento em nosso país, a partir dos ensinamentos de nosso mentor, e meu pai, Luiz Barsi Filho. O nosso desafio é conseguir atingir o maior número de pessoas possível com uma linguagem simples e uma metodologia atemporal, mostrando que a independência financeira pode ser para todos. O investimento em bolsa muitas vezes é passado como algo complexo, mas nós estamos trabalhando para mudar essa história. Começamos com o nosso treinamento “Jeito Barsi de Investir” e depois criamos a nossa plataforma “AGF+”, que ajuda o investidor durante todo o seu processo de investimento, desde o planejamento de quanto precisa para se aposentar, até quais as melhores empresas da carteira para investir. Com a plataforma, conseguimos democratizar bastante, atingindo mais de 260 mil usuários. Porém, entendemos que o processo de melhoria e usabilidade é algo em constante evolução, e para o ano que vem lançaremos uma plataforma ainda mais simples e acessível, sem que as pessoas precisem de intermediários para investir. Elas poderão comprar e vender diretamente na plataforma, ou seja, um ecossistema completo para quem deseja garantir o seu futuro investindo em boas empresas, que pagam bons dividendos e a bons preços.

RI: Como você avalia o perfil da mulher hoje no mercado de investimentos e por que a presença feminina neste segmento ainda não apresenta um aumento mais rápido?

Louise Barsi: Vários estudos demonstram que as mulheres são por natureza, mais conservadoras nos seus investimentos. Isso, por si só, já é um desafio a ser combatido no aumento de investidoras na Bolsa, que muitas vezes é visto como um investimento de alto risco. É preciso entender que, mesmo na renda variável, é possível ter uma abordagem mais conservadora, de longo prazo, com foco em renda passiva e que, pode e deve, complementar o patrimônio de qualquer um. Segundo, ainda é muito comum que na estrutura familiar o homem seja o responsável por cuidar das questões financeiras. As mulheres têm desenvolvido cada vez mais suas habilidades e capacidades de gerarem renda ativa, mas ainda precisam se conscientizar da importância de investirem bem o seu dinheiro e como isso pode impactar a sua independência financeira. Não existe liberdade plena, sem a liberdade financeira, e a renda passiva é um dos vários componentes que contribuem para isso.

RI: É mais difícil uma mulher ter destaque no mercado financeiro, setor em que homens ainda predominam?

Louise Barsi: No passado, pode ter sido uma verdade, mas hoje, o mercado está muito mais acessível para as mulheres. Há 10 anos, quais grandes referências femininas tínhamos para nos inspirar? Hoje, são vários os nomes de mulheres em diversos segmentos do mercado financeiro. Toda evolução tem que ser comemorada, mas ainda podemos ir muito longe. Infelizmente, apenas um quarto das investidoras em Bolsa são mulheres, segundo dados da B3. O potencial de crescimento é gigante.

RI: Como você gostaria de ser vista pelas pessoas e o mercado?

Louise Barsi: Meu desejo é que lá na frente as pessoas leiam a minha biografia e reconheçam que deixei um legado para chamar de meu ao mercado, principalmente na democratização ao investimento em ações. Entretanto, se teve uma coisa que a exposição na internet me ensinou, é que não podemos controlar como as pessoas te enxergam. Por ser filha de alguém importante para o mercado, a comparação é inevitável, e para ser sincera, há muito tempo não é um fator que me incomoda. Por outro lado, comecei minha carreira no segmento muito cedo, aos 17 anos, e investi muito na minha qualificação profissional. O mercado é uma instituição extremamente meritocrática, não premia em nada o sobrenome, mas a competência. Quem está do outro lado da tela negociando, não liga para cor, gênero ou credo, está interessado única e exclusivamente no lucro. Em outras palavras, o reconhecimento sempre virá pelo resultado, e, na nossa estratégia, o resultado é uma consequência do longo prazo. Não tenho pressa.

RI: Existe a Louise “menina” e a Louise “empresária”? Se sim, onde as duas se encontram?

Louise Barsi: Acho que toda mulher é multifacetada, tem várias nuances dentro de si. Eu não acredito em separação de CPF e CNPJ, mas existe o desafio de balancear a Louise discreta e tímida da vida pessoal, com a Louise que investe e escolheu ser uma pessoa pública.

RI: Em recente entrevista, você citou que aos 25 anos, teve um episódio de burnout, tinha pressão alta, era pré-diabética e vivia uma condição de “quase obesidade”. Isso é passado. Mas o que despertou a necessidade de mudar?

Louise Barsi: Meu médico, na época, me fez um alerta importante: “Vou falar na sua língua: se você continuar se negligenciando, você sem dúvida terá muitos dividendos, mas não sei se terá saúde suficiente para usufruir deles”. Essa frase me fez sentir uma hipócrita, como posso falar sobre dinheiro e investimentos, o que para a maioria das pessoas é muito difícil, se eu mesma não estou seguindo meus próprios conselhos em outros aspectos da minha vida? Investir é muito semelhante a manter uma vida saudável, envolve quebra de velhos hábitos, crenças limitantes, um objetivo de longo prazo, metas críveis, prioridade, disciplina e paciência. O trabalho é uma parte muito importante da minha vida, mas não pode ocupar todo o espaço. Hoje mantenho uma rotina de alimentação balanceada e exercícios físicos diários. A dor da disciplina é muito melhor que a dor do arrependimento e da insatisfação.

RI: O que você faz para se divertir, o que gosta de fazer quando não está trabalhando?

Louise Barsi: No início, a rotina de exercícios é muito mais uma obrigação do que um hobby, mas com o tempo passou a ser um compromisso que detesto faltar! Quando não vou, o dia não rende... Também gosto muito de ver filmes e séries, sou cinéfila assumida. E claro, viajar.

RI: Como é a sua rotina no trabalho?

Louise Barsi: Minha rotina é muito diferente do que as pessoas que estão de fora pensam sobre o mercado financeiro... de correria, “compra e vende” diário. Acompanhamos as cotações, claro, mas nem sempre negociamos todos os dias. O foco principal está nos fundamentos, acompanhamentos de noticias corporativas relevantes e visitas às empresas.

RI: Você diz que leva uma vida simples. Qual a diferença entre seu modo de viver e o de pessoas que você conhece, da sua relação? Em outras palavras: Você é disciplinada nos gastos? Dê um exemplo.

Louise Barsi: Sem dúvida. A disciplina financeira é algo muito presente na minha vida pessoal. Sou extremamente controlada com meus gastos, confiro e contabilizo absolutamente tudo. Gosto de manter um custo fixo de vida baixo, para poder em alguns meses usufruir mais nos custos variáveis, como viagens e compras. Outra regra que sigo à risca, tudo que é gerado na Bolsa é 100% reinvestido, não retiro nada de dividendos.

RI: Você afirma que “bebe da mesma fonte que seu pai” e “segue o mesmo método de investimento”. Qual foi o ensinamento mais importante que seu pai lhe passou?

Louise Barsi: “O patrimônio é a métrica do ego, o que alimenta o bolso é o dividendo”. Ter uma estratégia, um ponto focal na Bolsa, é extremamente importante para não se perder no meio do caminho. As tentações e opções de investimentos são centenas, então o primeiro passo é saber o que ignorar.

RI: Você costuma fazer uma brincadeira, sobre jacaré. Filha de peixe, “peixinha” é? Ou já é um “jacaré”?

Louise Barsi: Sem dúvida, seguindo ensinamentos de meu pai, já sou jacaré há muito tempo! A postura do jacaré está relacionada à paciência de abocanhar boas oportunidades.

RI: É difícil ser a filha da “lenda” do mercado: Luiz Barsi Filho?

Louise Barsi: Não, é uma grande honra para mim ser filha do meu pai. Com grandes privilégios vêm também grandes responsabilidades. Difícil foi construir tudo do zero, meu desafio será a multiplicação e a continuidade deste legado. A grande maioria das sucessões no Brasil fracassa.

RI: Você afirma que tem orgulho de ser herdeira. E que, o mínimo que pode fazer, é multiplicar o patrimônio. Como você e seu pai trabalham juntos hoje? Quais dicas você já deu a ele?

Louise Barsi: Todas as decisões de investimento da carteira são dele, mas dou meus pitacos, porque temos essa liberdade. Geralmente fico responsável por gerar algumas oportunidades com derivativos, o que chamamos de “dividendo sintético”, acompanhamento dos fundamentos das empresas, visitas às fabricas, indicação de conselheiros e sugestão de novas empresas na carteira.

RI: É possível se descolar da figura de seu pai?

Louise Barsi: Não vejo a comparação com meu pai como algo negativo. Como disse, o mercado premia aqueles que entregam resultados, e isso só o tempo, a paciência e a disciplina mostrarão. Aos 29 anos, já posso dizer que conquistei muitas coisas, porque soube aproveitar muito bem as oportunidades que me foram dadas, mas absolutamente todas fruto do meu trabalho. O AGF está aí para mostrar isso. Juntos conseguimos dar uma dimensão ao trabalho do Barsi que ele não conseguiu em 55 anos de trajetória. Não somos comparáveis, pois nossos desafios nunca foram os mesmos.

RI: Você começou a entender o mercado financeiro ainda muito jovem. Por que os brasileiros ainda não têm uma cultura de investir? Por que ainda preferem a poupança?

Louise Barsi: Porque investir no Brasil infelizmente costuma ser um “esporte coletivo” e você ganhar na coletividade, com a maioria, é muito difícil. Boa parte dos investidores, segundo estudo recente da Anbima, confiam, primeiramente, não na opinião de especialistas ou entram no mercado através de estudos, mas sim através de indicação de parentes próximos, a famosa “dica”. Segundo, temos uma questão cultural muito forte, que para mudar, precisará atravessar muitas gerações pela frente.

RI: É difícil ser investidor no Brasil, levando em conta o cenário econômico e os tantos desafios?

Louise Barsi: Sem dúvidas, é um exercício hercúleo, assim como empreender. Mas com todas as dificuldades, ainda temos empresas centenárias, resilientes, com negócios sólidos e de margens saudáveis. O ambiente não é fácil, e justamente por isso, gera muitas oportunidades por muito tempo. A impaciência e inexperiência dos nossos investidores também são fatores de grande volatilidade para a bolsa, e oportunidade para aqueles que sabem aproveitá-las

RI: Vale a pena investir lá fora, por exemplo?

Louise Barsi: Depende do perfil e do tamanho do investidor. Não temos nada contra quem investe lá fora, mas vemos muito hoje a romantização da diversificação pela diversificação. Sempre digo ao investidor para adicionar complexidade à carteira quando tiver tamanho e conhecimento para isso, se não, a dor de cabeça também pode ser grande. Além disto, na nossa estratégia, o stock picking, a proximidade e o relacionamento com as empresas é extremamente importante para um portfólio concentrado como o nosso. Talvez não seríamos bem sucedidos lá fora como somos aqui, onde esta nosso círculo de competência. Um primeiro passo inteligente, talvez, principalmente para quem está começando, seria através de ETF`s, que permitirá uma renda em dólar. Mas aí, fugiria do “Jeito Barsi” de Investir, de selecionar suas próprias ações.

RI: Sobre as criptomoedas, você diversifica seus investimentos com esses ativos?

Louise Barsi: Não tenho criptomoedas, não porque não acredite ou demonize, mas por ser extremamente fiel aos meus princípios de investimento. Ao investir em empresas, pode-se calcular fluxo de caixa e entender quanto este ativo vale. Além de que, ao estar exposta a empresas, podemos estar expostos a absolutamente tudo, de moedas à commodities. Se um dia chegarmos ao ponto das criptos serem o mainstream, receberei meus dividendos em Bitcoin, porque a geração e distribuição de riqueza, passam invariavelmente, pelas empresas.

RI: Como a tecnologia está mudando o mercado financeiro? Os brasileiros estão preparados para esses avanços? Esse tema está em suas prioridades? Como você está se preparando?

Louise Barsi: Sem dúvida o mercado avançou demais nos últimos 5 anos e continuará avançando. O investidor brasileiro, principalmente os mais jovens, são extremamente conectados e antenados com as novidades e tendem a aderir bem às inovações. Estamos atentos a isso no “AGF+”, nossa plataforma, que virará fintech no próximo ano, com muitas funcionalidades e usabilidade que tornarão a experiência do investidor de dividendos única.

RI: Como você imagina seu futuro? Quais são os próximos passos na sua carreira?

Louise Barsi: No próximo ano, completo 8 anos de carreira em Conselhos e Governança Corporativa - e meu foco daqui em diante será nas empresas de maior relevância no nosso portfólio, especialmente energia, químicos, celulose e seguros. Devo iniciar meu mestrado em Contabilidade Societária, também muito em breve. Do outro lado, o AGF está crescendo, temos ambições muito grandes com esse negócio.

RI: Qual o maior desafio que a Louise tem pela frente?

Louise Barsi: Sem dúvida, o que me motiva a sair da cama todos os dias é o legado. Com o trabalho que desenvolvemos no AGF, a história e a estratégia do Barsi acabaram virando também uma marca reconhecida. Meu sonho é que, assim como nos EUA, onde todo americano conhece Warren Buffett, por aqui, todo brasileiro conheça e se inspire no Luiz Barsi Filho.

RI: Para finalizar, qual conselho a Louise de hoje, conselheira de administração de companhias abertas, daria para a Louise de ontem, recém-formada em economia?

Louise Barsi: Nunca pare de estudar, conhecimento é a única coisa que ninguém pode tirar de você.

Depoimentos sobre Louise Barsi

Luiz Barsi Filho, investidor - O Rei dos Dividendos: O trabalho que a Louise e os demais membros do AGF realizam pelo brasileiro é algo que deveria ser feito pelos entes públicos, de responsabilidade do Governo, mas que infelizmente deixa seus aposentados pelo INSS na condição de indigência. Meu sucesso se deve a eu nunca ter confiado meu futuro financeiro ao Estado, e muito me orgulha que ela leve esse legado adiante, disseminando com muita competência o que venho defendendo nos últimos 50 anos.

Felipe Ruiz, sócio-fundador do AGF: Meu contato com a Louise se deu inicialmente por volta de 2015, justamente no momento que conheci seu pai Luiz Barsi, que passou a me receber com alguma frequência no seu escritório para falar sobre empresas, análises e oportunidades. Em algumas ocasiões, também visitamos empresas juntos. Muitas vezes a Louise estava por perto e participava ativamente. Logo de início, pude notar que tínhamos uma afinidade muito grande e vários interesses em comum, principalmente a curiosidade para conhecer empresas a fundo e sobre temas ligados à governança corporativa. Dessa afinidade surgiu uma boa amizade e uma relação profissional muito forte baseada em confiança mútua, respeito e objetivos em comum. Sempre admirei muito a competência da Louise, sua capacidade de aprender rápido sobre alguns temas complexos e de ter “jogo de cintura” para lidar com situações críticas, seja nos conselhos em que atua ou como sócia no AGF. Sempre com muita ética e responsabilidade. Como acompanhei desde o início sua jornada como conselheira, também pude aprender bastante com ela sobre temas de governança e direito societário, essenciais para que um conselheiro desempenhe com excelência seu papel. Mesmo tendo discordado em vários assuntos por muitas vezes, não me lembro de uma vez sequer em que tenhamos discutido. Isso demonstra sua maturidade e ao mesmo tempo humildade de saber ouvir pontos de vista divergentes. Acredito, também, que tenhamos competências complementares, o que acaba ajudando na análise de empresas que investimos e na gestão do AGF. No AGF, somos hoje a maior plataforma de investimentos do país voltada para o investidor pessoa física e com foco em renda passiva com dividendos. Nossa missão é simplificar e democratizar a jornada do investidor rumo à independência financeira, ao mesmo tempo que buscamos atuar na defesa dos direitos de investidores minoritários. Exemplo disso foi o enorme sucesso do Pedido Público de Procuração no IRB, que tendo angariado mais 6 milhões de votos, pode ser considerado o maior do gênero na história do mercado de capitais brasileiro. O grande objetivo do AGF é auxiliar o investidor pessoa física na sua jornada de investimentos, sistematizando com nossa plataforma um caminho baseado em uma metodologia vencedora. Em paralelo, queremos ir além e liderar um movimento de atuação em prol dos acionistas minoritários para que possam descobrir e fazer uso do seu poder de voto, influenciando positivamente as companhias das quais são acionistas. Em suma, me sinto um grande privilegiado por ter a Louise como minha sócia e por poder conviver com ela por todos esses anos, evoluindo e aprendendo juntos, e caminhando lado-a-lado para atingir os objetivos ambiciosos do AGF que traçamos para o futuro.

Fábio Baroni, sócio-fundador do AGF: Conheci a Louise em 2006, em uma assembleia de acionistas do Banco Santander. Fui eu e minha mãe para conhecer, a convite do Barsi, eu tinha apenas dois anos como investidor. A Louise era bem pequenininha, não sei ao certo sua idade, mas ela já estava lá, acompanhando o pai e conhecendo o funcionamento da assembleia de acionistas do banco. Fiz novo contato com ela porque combinamos algumas excursões em algumas empresas. Por exemplo, fomos visitar a Paranapanema, a Unipar, com ela, o Barsi e outras pessoas. E ela sempre estava junto, absorvendo todos os ensinamentos que o Barsi nos passava. O mais curioso é que alguns anos depois, eu mandei uma mensagem para ela no WhatsApp, para falarmos sobre o AGF. Na verdade, nem tinha esse nome. Foi no final de 2018, que sugeri para ela a possibilidade de realizar um curso apresentando tudo sobre o que o pai dela me ensinou. Ela me recebeu de braços abertos, adorou a ideia e nos reunimos junto com o Barsi para pedirmos autorização para iniciar o projeto, que hoje é a empresa “Ações Garantem o Futuro” oficial. Não tinha esse nome, mas o curso era para apresentar todo o ensinamento do Barsi, reunido em uma coisa só, em um material onde todos pudessem acessar pela perspectiva de investidores, que seguiram o método dele. Eu sigo a metodologia desde 2004 e posso dizer que praticamente me aposentei trabalhando e aportando. A partir daí, fomos construindo juntos, chamamos o Felipe, que já era um baita investidor que acompanhava também a estratégia e iniciamos o AGF. Posso dizer que trabalhar com a Louise é sensacional. Posso destacar como seus pontos positivos a forma ímpar com que ela se relaciona com os meios de comunicação, sem contar com seu entendimento sobre a bolsa de valores e o mercado financeiro. Uma pessoa do bem que absorveu todos os conhecimentos do pai, evoluiu e administra de maneira muito bem-sucedida todos os conhecimentos que ela adquiriu. Para mim, é um enorme prazer e um baita orgulho trabalhar ao lado dela, temos poucas mulheres que atuam no mercado de capitais brasileiro e tenho certeza que ela já contribui e muito para o crescimento do protagonismo feminino no segmento. Ter ela como sócia é fenomenal. É uma pessoa que, com certeza agrega demais para o negócio, também por conta da sua experiência e atuação nos conselhos das empresas. Ela compartilha isso com o AGF e nos ajuda a tomar algumas decisões e fazer com que a nossa empresa consiga desbravar horizontes cada vez maiores . Toda essa expertise, com certeza, é um diferencial para o nosso negócio.

Jean Melo, sócio do AGF: Existem algumas pessoas que possuem um brilho diferente, especial, e a Louise é uma dessas. Ela conseguiu conquistar seu espaço no mercado financeiro a partir de sua competência. Muito mais do que minha sócia e amiga, ela é uma fonte de inspiração e admiração, generosa, humilde e sempre dando oportunidades a todos a sua volta. A Louise sem dúvida hoje é uma das grandes mulheres do nosso país.

Paulo Silva, videomaker no AGF: Antes de conhecer a Louise eu conheci Luiz Barsi, entre 2013 e 2014. Estava cursando o último semestre de audiovisual e surgiu uma vaga de estágio na Ordem dos Economistas do Brasil para produzir um programa de TV de entrevistas. O Barsi foi um dos entrevistados para falar como era possível alcançar a liberdade financeira através do mercado de ações. Foi o primeiro (e único) bilionário que conheci e, claro, chamou atenção, mas todos nossos entrevistados eram muito parecidos. Senhores acima dos 70 anos, bem-sucedidos, com décadas de carreira acadêmica, cargos no governo, grandes bancos, etc. Quem chamou atenção foi a Louise, que pouco tempo depois também passou a estagiar na Ordem. Certo dia estava conversando com a Cida, secretária e um amor de pessoa, quando chega a Louise mancando. Perguntei o que tinha acontecido e ela contou que foi empurrada na linha vermelha do metrô, a porta fechou e ela teve a costela trincada, na noite anterior. Contou com toda naturalidade. Eu achei um absurdo, sou do interior e fugia da linha vermelha, já tinha ficado mais de hora na estação Carrão esperando um espaço digno num vagão. Ainda perguntei como ela tinha vindo até a Ordem e ela sem entender o porquê da pergunta respondeu: “De metrô, ué”. Pensei comigo, essa menina é maluca. Ela trabalhava no primeiro andar e eu no quinto, onde ficava o estúdio de TV. A gente se via pouco, geralmente na hora do almoço, mas não sem outra surpresa. Eu era bolsista na faculdade e com o estágio já conseguia me manter sozinho na capital, mas para isso tinha que almoçar o prato mais barato do boteco mais barato. Isso entre a Praça da República e o Vale do Anhangabaú, centro de São Paulo. Era um filé de frango com arroz, feijão, fritas e um vinagrete que provavelmente era feito na segunda-feira e ficava fora da geladeira na semana. O cheiro era muito ruim e não adiantava pedir sem, estava sempre lá. Bom, a Louise também pegava marmita no mesmo lugar e com um detalhe, dividia com a Cida, R$6,00 para cada. Um dia a gente abriu a tampa da marmita na mesma hora dentro do pequeno refeitório e o cheiro era demais. Silêncio constrangedor. A Louise “Nossa, forte né? O que será que tem nesse vinagrete?” respondi que não fazia ideia sem saber se ria ou chorava. Ela tirou o vinagrete, dividiu a marmita em duas e chamou a Cida para almoçar. Atitude completamente contrária do que eu esperava de uma menina rica estudante do Mackenzie. Eu não sabia nada de economia e investimentos mas sabia que só é possível educar filhos pelo exemplo. A Louise e o Barsi mostravam uma simplicidade que é rara até em pessoas de origem humilde, nos seus modos e no trato com as outras pessoas, aquilo me impressionou bastante. Meu pai estava para se aposentar e a redução do orçamento já era uma preocupação recorrente nas conversas em família. Pelas atitudes da Louise percebi que poderia confiar nas palavras do Barsi e mesmo voltando a morar no interior ainda em 2014, passei a consumir tudo o que via na mídia e internet sobre eles, entendi que era o caminho para minha família não empobrecer. Em 2019 surgiu o AGF, em 2020 cursei o “Jeito Barsi de Investir” e este ano entrei para o time como videomaker da casa. Antes de começar a escrever este depoimento estava editando “cortes” da participação do Barsi e da Louise no “Conversa com Bial” e a participação da Louise em um podcast do G1, conteúdos da segunda maior rede de televisão do mundo, considero uma conquista para eles e para o AGF. Assim como era em 2013, ambos continuam muito dedicados ao estudo e trabalho, apaixonados pelo que fazem, com hábitos simples e vocacionados a fazerem a diferença em nosso país. Eles são uma quebra de paradigma. Quando se imaginou no Brasil uma família bilionária se expondo para promover cultura de investimento e distribuição de renda? Anos de dedicação e trabalho para ensinar passo a passo como eles conseguiram sair da miséria e alcançar bilhões. É um conhecimento que não estava disponível nem para pessoas com acesso a ótimas universidades, quanto menos para a maioria da população. Eles estão mudando a vida de muitas famílias, assim como mudaram da minha. O que eu posso falar da Louise é que no ambiente de trabalho fica claro que sua verdadeira riqueza (que os tornou famosos, e capa de revistas) está, na verdade, nas suas virtudes. Consigo imaginar ela começando do zero, hoje, de boa, tranquilona, com a mesma energia e até animada com o desafio. Aquela disposição de quem pega metrô lotado com a costela trincada mesmo podendo ir de táxi. Na Ordem dos Economistas aprendi que uma grande questão das ciências econômicas é resolver a equação entre o desejo humano e a escassez dos recursos. Acho que é por isso a Louise é uma economista tão bem sucedida, ela controla seu ego e sabe muito bem dar valor aos recursos materiais e humanos.

Marcelo Gasparino, Conselheiro de Administração, com mais de 35 mandatos, e ex-presidente do Conselho de Administração da Eternit: O Dr. Luiz Barsi, grande amigo de outro investidor, Lirio Parisotto, foi meu companheiro no Conselho de Administração da Eternit entre 2013 e 2017, quando vim lhe suceder como PCA. E sua sucessora no Board foi sua filha, que mesmo jovem, mostrava muito interesse em participar, aprender e contribuir. Sua sólida formação permitiu explorarmos suas competências no Comitê Financeiro e Auditoria, onde a partir de 2019 passou a Coordenar. Nesse mesmo período a Eternit passou pelo momento mais perigoso da sua história, quase quebrou. Aquela composição foi corajosa, aprovou um Processo de Recuperação Judicial em 2018, período em que tivemos um CA com perfil interventor, não somente apoiando o Management, mas dedicando muitas horas semanais para as dificieis decisões que tomamos durante a crise. Além disso, a Louise passou a apoiar o Dr. Barsi na escolha de candidatos ao CA e CF das suas investidas, o que tem resultado em significativos aprimoramentos na Governança Corporativa das respectivas Companhias. Na Eternit não foi diferente, e hoje a Cia. colhe os melhores frutos de tudo que foi plantado. Dizem que o desejo do Professor é que o aluno lhe supere. Dr. Barsi é uma lenda no mercado de capitais brasileiro, a Srta. Louise Barsi deixará seu legado no período mais transformacional em termos de equidade, mas principalmente pelo senso “DE DONO”, perfil que sempre adotei desde o meu primeiro mandato em 2011, e que buscamos para os candidatos que apoiamos para bem representar os acionistas minoritários das investidas.


Continua...