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BREAKFAST WITH MCKINSEY

O IBRI - Instituto Brasileiro de Relações com Investidores promoveu o evento “Breakfast with McKinsey”, no dia 16 de setembro de 2015, no Hotel Grand Hyatt em São Paulo.

Werner Rehm, sócio de Finanças Corporativas da consultoria McKinsey, realizou palestra sobre os principais desafios que o profissional de Relações com Investidores enfrenta ao realizar a prospecção de investidores mais valiosos para a companhia. Ricardo Garcia, vice-presidente do IBRI, agradeceu - na abertura do evento - a presença dos profissionais de RI e a participação da consultoria McKinsey. William Jones, especialista sênior em Estratégias e Finanças Corporativas da McKinsey em São Paulo, ressaltou a importância de se debater as melhores práticas.

Segmentação
Werner Rehm, que lidera trabalhos sobre a área de Relações com Investidores da consultoria McKinsey, enfatizou a necessidade de se procurar o perfil mais adequado de investidores para a companhia. Segundo ele, o primeiro passo é realizar trabalho de segmentação, para focar o perfil de investidor que deve receber mais atenção dos profissionais de RI, presidentes e diretores financeiros.

Estudos da McKinsey classificam os investidores em três categorias. A primeira é a dos chamados “investidores intrínsecos”, que compram ações depois de um rigoroso processo de análise. Seu objetivo é medir a capacidade da companhia de criar valor no longo prazo. A segunda categoria é de “investidores mecânicos”, onde se inserem os fundos indexados. Esses montam suas carteiras com base em critérios estritamente quantitativos e estão menos interessados em avaliações qualitativas. Por fim, há os chamados “traders”, que buscam apenas ganhos rápidos.

Segundo Rehm, a prioridade deve estar na relação com os “investidores intrínsecos”, que sem dúvida oferecem o melhor retorno para as companhias. Para identificá-los, é necessário prestar atenção a suas atitudes, diz o consultor. “O comportamento importa muito mais do que eles dizem”, pontua. Consultores da McKinsey constataram que os “investidores intrínsecos” possuem carteiras de investimento concentradas e mantêm ações por vários anos. Além disso, garantem apoio às companhias em momentos de volatilidade e são ainda capazes de influenciar outros investidores devido ao sucesso de suas operações no mercado de capitais.

Produtividade
Como a relação com os “investidores intrínsecos” demanda tempo, torna-se então primordial aumentar a produtividade dos contatos de maneira geral. Para isso, segundo Rehm, é importante fazer alguns ajustes na rotina dos profissionais de Relações com Investidores, começando por mudanças nas teleconferências (“earnings call”). Um dos principais problemas, na visão do consultor, é a ênfase demasiada em EPS (“Earnings Per Share”, na sigla em inglês, ou lucro por ação). Para contornar o problema, o representante da McKinsey sugere que as companhias liberem informações com mais antecedência em vez de apenas divulgar press release minutos antes de cada teleconferência. “Prepare o material previamente, algo como três ou quatro dias antes da teleconferência para ganhar tempo”, reforça. Com isso, cada investidor terá tempo hábil para estudar as informações e formular questões pertinentes.

O consultor também defende mais ousadia e criatividade por parte das empresas, que deveriam apostar em métodos alternativos de divulgação. Uma possibilidade seria o uso das redes sociais, sendo o Twitter um dos canais com maior potencial.

Rehm destacou, também, a importância de cuidados adicionais para empresas que decidem apresentar projeções e os riscos de se perder a confiança do investidor. Há a necessidade de fundamentar as estimativas, com amparo de dados de mercado, macroeconômicos, regulatórios e setoriais de fontes idôneas. No Brasil, as práticas de “guidance” são reguladas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e a projeção de resultados é facultativa.

Crise é momento de oportunidade
A crise econômica brasileira também gerou debate entre os participantes do evento. Na opinião de Werner Rehm, o trabalho principal no momento é convencer os investidores estrangeiros de que vale a pena apostar no Brasil.

Cumprida essa etapa, cabe às companhias mostrarem seu próprio potencial para os investidores. Rehm é otimista e acredita que as empresas podem obter resultados positivos mesmo em meio à recessão. Para isso, porém, é preciso apresentar a situação de cada companhia com o máximo de transparência possível. “Relevância de informações e atitudes positivas sempre ajudam”, enfatiza.

O formato do evento com a apresentação de dados intercalada com perguntas, exposição de cases e discussões ganhou elogios entre os participantes. “A troca de experiências é algo que sempre engrandece a nossa função, e as melhores práticas serão sempre a linha mestra da nossa atividade”, disse Ricardo Garcia, vice-presidente do IBRI, ao final do evento.


Continua...