Sustentabilidade

O CORRETO DESENHO DA SUSTENTABILIDADE

Honestamente? No mundo atual, a sustentabilidade da espécie humana no planeta não comporta esse desenho de união dos três pilares, ambiental, social e econômico, que se tornou tão bem aceita no mundo corporativo. E, sem sustentabilidade para a espécie humana, não há sustentabilidade para o mundo corporativo.

Aceitar a visão em voga é encarar um imediato conflito, uma contradição. Por uma razão muito simples: o sistema econômico que adotamos é baseado em consumo e só se sustenta se houver consumidores sempre ávidos e dispostos a consumir cada vez mais, o que destrói o ambiente e amplifica os problemas sociais, inclusive via conflito distributivo da renda. Para que uma empresa seja sustentável economicamente, neste sistema, terá que obter o máximo possível de receita de vendas e manter-se em crescimento. Independentemente do que venda, estará sempre contribuindo com a cadeia de consumo que começa e acaba em prejuízos para o meio ambiente, do qual o ser humano depende para existir.

Então, como é que sustentabilidade corporativa virou um tripé baseado nessas três dimensões (ambiental, social e econômica), se as duas primeiras não conversam com a terceira?

Eis a desonestidade consigo próprio que é largamente aceita no mundo corporativo, refém de um sistema econômico insustentável e tendente a desaparecer do planeta, que um dia terá de ser substituído por outro, completamente novo, onde moeda e dinheiro sejam apenas selo de troca e as empresas operem numa economia baseada em recursos.

E isso afeta não só o mundo corporativo, mas também governos, que traçam políticas públicas incapazes de conciliar essa ficção do tripé de sustentabilidade. Criam-se leis ambientais severas e programas sociais, de um lado, e adota-se uma política econômica destruidora do ambiente e da paz social, de outro. Incompetência? Pode até ser um pouco, mas é antes a coerção do sistema que escolhemos para organizar nossa vida.


Continua...