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Em Pauta

MANIFESTO IBMEC - A RETOMADA DOS INVESTIMENTOS E O MERCADO DE CAPITAIS

Há uma forte correlação entre o estágio do desenvolvimento econômico das nações e os níveis de contribuição dos mercados financeiros e de capitais para o crescimento de suas economias. No Brasil, o mercado financeiro, em seu sentido restrito de mercado de intermediação bancária ou de extensão de crédito, apresenta uma relação muito baixa em comparação com o PIB, apesar do forte crescimento dos últimos anos, quando atingiu cerca de 70,7% do PIB, se confrontado com países como Estados Unidos (192,3%), Alemanha (199,6%), China (140,0%) ou Japão (188,3%). (Fonte: Banco Mundial- Credito doméstico ao setor privado (% do PIB) 2013).

Nos Estados Unidos, o Mercado de Capitais contribui com cerca de 20% para a formação bruta de capital, enquanto no Brasil mal atinge 11%. Inflação e juros elevados, combinado com créditos subsidiados de bancos oficiais, são os seus maiores inimigos.

Desde 1964-65, governos vem desempenhado um papel relevante no desenvolvimento dos mercados, mas suas políticas têm sido ciclo tímicas. A necessidade de financiamento dos déficits públicos com emissão de títulos associada à pratica de subsídios a empresas ou a alguns setores da economia tem sido recorrente. O resultado é frustrante – principalmente para empresas e agentes do Mercado de Capitais.

Em 1980 e 1990 o valor de mercado das empresas listadas em bolsa não ultrapassava 3% do PIB. O sucesso no combate à inflação, obtido pelo Plano Real, criou novas condições para uma contribuição relevante do Mercado de Capitais ao desenvolvimento econômico e social do País.

Uma bem-sucedida parceria do mercado com o governo, com o lançamento do Plano Diretor do Mercado de Capitais, a partir de 2002, apresentou excelentes resultados até 2008, ano em que ocorreu a crise internacional.

Indicador  2002  2007
Capitalização de Mercado (%PIB) 29,7 93,1
Volume diário de negócios (U$$ milhões) 165,9 2170
Número de IPOs 2 62
Número de Follow-on 2 8
Índice Bovespa 11,3 63,9

Fonte: Plano Diretor do Mercado de Capitais

A consolidação das entidades do mercado, a partir desse sucesso, mostra que o setor privado está preparado para participar de um novo esforço de parceria público-privada para garantir um desenvolvimento econômico e social de longo prazo para o Brasil.

O Instituto IBMEC lançou, em 2013, a Estratégia Nacional de Acesso ao Mercado de Capitais voltada para a informação, educação e capacitação de seus usuários de norte ao sul do país. Hoje contamos com o apoio das entidades do setor, muitas delas já desenvolvendo suas próprias ações junto ao seu segmento de clientes.

Países asiáticos como China, Índia, Coreia, Tailândia e outros que sequer tinham Mercados de Capitais no final da década de 70, souberam desenvolve-los e transformá-los num instrumento poderoso para apresentarem o crescimento econômico mais extraordinário das últimas décadas, como pode ser observado na tabela abaixo:

 

Países PIB US$ bilhões Nº de empresas em bolsa Capitalização/PIB
China  9.240 2.613 65%
Brasil  2.246 351 38 %
Índia  1.877 5.541 83%
Coreia  1.305 1.849 93%
Tailândia  387 813 111%

Dados de 2014: PIB – US$ bilhões Fonte: WFE

No atual cenário macroeconômico o mercado de capitais adquire importância estratégica para a retomada do investimento e do crescimento da economia brasileira.
Existem sólidas razões para isso. A infraestrutura é um dos únicos setores em condições de dar início a uma recuperação do investimento, de vez que tem forte demanda por seus serviços e cuja expansão constitui hoje um movimento essencial para aumentar a produtividade da economia.

Estudo do Centro de Estudos do Instituto IBMEC-Cemec mostra que a maioria das empresas não financeiras dos demais setores enfrenta condições negativas para investir. Desde 2010 tem ocorrido acentuada queda de rentabilidade e da geração de recursos próprios dessas empresas, ao mesmo tempo em que a expectativa de baixo crescimento da economia e da demanda tem contribuído para inibir decisões de investir.

É imperioso elevar o investimento em infraestrutura, cujas deficiências explicam parcela considerável das deficiências de produtividade e de competitividade da economia brasileira. Direta e indiretamente o setor público tem tido participação dominante no financiamento de investimentos em infraestrutura previstos nos contratos de concessão.
Entretanto, nas atuais condições das contas fiscais, não será possível ao setor publico manter essa participação, seja diretamente seja via transferência de recursos do Tesouro para sustentar financiamentos subsidiados do BNDES.

Desse modo o aumento da participação de fontes de recursos de poupança para financiar os projetos de infraestrutura é condição indispensável para viabilizar a realização desses investimentos. Os instrumentos e veículos do mercado de capitais, na forma de ações, títulos de divida corporativa, fundos de investimento são os principais mecanismos de mobilização e alocação da poupança privada em favor dos investimento em infraestrutura.

O desafio é otimizar a sinergia entre mercado de capitais, BNDES, bancos privados e companhias de seguros.

As prioridades formuladas pela equipe econômica de controle fiscal, redução de juros e subsídios e permanente combate à inflação nos dá confiança que, superados os ajustes ao longo de 2015, teremos um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social de longo prazo, apoiado na retomada dos investimentos e num fortalecido Mercado de Capitais.



Rio de Janeiro 26 de janeiro 2015

Instituto IBMEC Mercado de Capitais

João Paulo dos Reis Velloso
Presidente do Conselho

Thomás Tosta de Sá
Presidente Executivo


Continua...