A Orquestra Societária pode contribuir  para o aprendizado de investidores e profissionais de investimento dos mercados  financeiro e de capitais? Há 10 anos, uma de nós  realizou uma pesquisa, com base em reuniões com empresas ocorridas no âmbito da  APIMEC - Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de  Capitais - em uma de suas Regionais, relativa aos eventos ocorridos de  fevereiro a junho de 2006. As perguntas feitas pelos públicos presentes nos  eventos foram anotadas e trabalhadas, de maneira que foi obtido um robusto  conjunto de dúvidas, expressas sob a forma de perguntas, subdivididas em temas.
A pesquisa em questão, a 10 anos de sua  realização, contém elementos atuais para fins de reflexão, à luz da Orquestra  Societária, sendo feitos os seguintes comentários preliminares:
Note-se que alguns temas que hoje ocupam, em  boa medida, a pauta dos mercados, como a sustentabilidade, ainda pareciam  incipientes. Ao mesmo tempo, percebemos, na releitura da pesquisa, como as  dúvidas expressas pelos públicos presentes, não exaustivas quando se considera  o aprendizado que se busca sobre uma companhia com ações em bolsa de valores,  têm elevada correlação com os principais elementos da Orquestra Societária,  representada na figura 1, onde também se representam os agentes do mercado de  capitais presentes às reuniões – analistas, profissionais de investimento e  investidores.
Figura 1: A Orquestra Societária e o  aprendizado de analistas, profissionais de investimento e investidores 

Todas as dúvidas que emergiram da pesquisa  original puderam ser integralmente enquadradas em relação aos elementos  representados na Orquestra representada anteriormente, considerando os tópicos:
A seguir, apresentamos as perguntas  reenquadradas (98), com base em critérios de concisão.



Para fins deste artigo, os  principais critérios para maior concisão foram: 1. perguntas relativas a  questões macroeconômicas não são aqui apresentadas; elas seriam enquadráveis no  bloco Macroambiente e Stakeholders;  2. perguntas particularizando questões, transações e variáveis específicas de  uma dada empresa não foram agregadas; 3. perguntas sobre resultados passados  das empresas foram concentradas em processos.  4. perguntas sobre o futuro ficaram mais concentradas em governança, sustentabilidade e estratégia.
Parte das perguntas poderia ser  enquadrada em mais de uma categoria, mas isso, além de não invalidar as  constatações aqui apresentadas, sugere que um formato matricial poderia ser  criado para fins de check-lists (o  que, entretanto, não é feito neste artigo).
Quais considerações podem ser feitas sobre o  novo esforço de enquadramento das perguntas? Vejamos:
Conforme dito inicialmente, 10 anos se  passaram. O que houve na última década? O mercado evoluiu em termos de  exigência por ética, transparência, harmonização com normas internacionais de  contabilidade, relatório integrado (em plena discussão), conectividade e outros  temas de alto impacto. Assim, a mesma pesquisa feita com as mesmas empresas nos  dias de hoje traria visões adicionais das companhias pesquisadas.
Ao mesmo tempo, notamos  que a Orquestra Societária – tratada nesta coluna como uma ferramenta de  governança organizacional - se apresenta como uma ferramenta que se presta à  organização, por públicos externos, de informações e conhecimento sobre  companhias, por meio do apoio das áreas de Relações com Investidores e da busca  informacional em sites de RI, em  reuniões com empresas e, por fim, via todas as oportunidades existentes de  aprender sobre as companhias listadas na BM&FBovespa. Forçando, por  construção, os agentes do mercado a refletirem com base em uma ampla varredura  de temas, sem deixar de fora questões como ética, modelo de gestão, estrutura  organizacional e administração do capital humano entre outros, essenciais para  o alcance de resultados sustentáveis.
Cida Hess 
é  sócia diretora da KPMG, economista e contadora, especialista em finanças e  estratégia e membro da Comissão de Comunicação do IBGC. 
cidahess@kpmg.com.br 
Mônica Brandão 
é engenheira eletricista, foi gerente de análise e acompanhamento  de projetos e planejamento corporativo da Cemig e tem atuado como conselheira  de organizações e professora em cursos de pós-graduação.
mbran@terra.com.br