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GESTÃO DE CRISE: OBRIGA À LIÇÕES E PADRÕES A SEREM APRENDIDOS

A antessala de qualquer crise de ordem financeira passa por cuidados elementares que, na maioria das vezes, não são seguidos por resistência, ceticismo ou até falha no dimensionamento das dificuldades.

Cenários adversos na economia brasileira como o atual só trazem a confirmação: antecipar providências como equalizar caixa, afinar o diálogo com fornecedores e clientes, rever plano de negócios e agir com maior prudência aos primeiros sinais de crise não são uma prática no universo das corporações que atuam no País. Apesar de básico, o receituário é deixado de lado e a correria só se dá quando o caos já se instalou. O resultado é conhecido: desnivelamento da dívida em comparação ao processo e capacidade de geração de caixa.

Sam Aguirre, senior managing director do segmento de Finanças Corporativas e Reestruturação da FTI Consulting, durante evento “Prevenção e Gestão de Crises - Lições Aprendidas” promovido pelo IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores), em 19 de abril de 2016, das 08:30 às 10:00, no Octavio Café, em São Paulo (SP), alertou que, ao adiarem soluções ou deixarem a prudência de lado, as empresas fatalmente irão se deparar com uma rotina mais intensa para arrumar a casa. Em contrapartida, quando o trabalho destinado ao rearranjo financeiro antecede o início da crise, as opções da empresa se ampliam. Ou seja, de partida se recomenda o olhar mais atento sobre os mercados de crédito e de capitais que se estiverem em baixa irão apressar as reestruturações.

Crédito

Para Giuliano Colombo, sócio do escritório de advocacia Pinheiro Neto, observa que a inadimplência em alta acaba impactando no volume mais restrito de crédito futuro. “Antes desta crise, os bancos abriram suas comportas e ofertaram dinheiro no compasso da demanda mais frenética por recursos”, considera.

Aguirre e Colombo ressaltam a dificuldade de contemporizar o quadro antes mesmo de a empresa enveredar para a reestruturação judicial, decorrente da grande incidência de empreendimentos geridos por grupos familiares, com poder extremo delegado ao acionista controlador. Do outro lado do balcão, os bancos têm uma série de restrições regulatórias e desafiam o trabalho de negociação prévia entre as partes.

Colombo destaca, ainda, que na gestão de crise é preciso ponderar questões culturais e comportamentais, tanto da parte da empresa como dos credores. Segundo ele, as corporações tendem a minimizar a extensão do problema e encontram dificuldades em reconhecer equívocos e alguns fracassos, e se saem melhor as mais dinâmicas e que conseguem detectar prematuramente os sinais.

“Em geral sempre se recomenda uma conduta mais ativa do administrador, aproveitar as janelas do mercado e providenciar a troca do perfil da dívida em tempo hábil, recomenda o sócio do Pinheiro Neto.

Para Aguirre, as recomendações para as corporações darem a largada no processo de retomada passam por imperativos como: reestruturar e renegociar passivos (trabalhistas, fiscais, bancários e com fornecedores de serviços); rever planos de negócios; elaborar projeções de fluxo de caixa de curto e longo prazos; monitorar atividades e resultados operacionais e financeiros; revisar processos e buscar aumento de liquidez. 

“Cada crise tem natureza diferente e traz lições e padrões a serem entendidos. O ideal é formar uma pequena equipe separada das operações de rotina da empresa para lidar diretamente com a crise. Um grupo com a ajuda de especialistas externos se torna capaz de gerar impacto amplamente benéfico, tanto nas negociações com os credores, quanto no resultado final para a companhia”, conclui Sam Aguirre, diretor do segmento de Finanças Corporativas e Reestruturação da FTI Consulting.


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