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24º CONGRESSO IBGC: UM CONGRESSO PARA SE ENTENDER COMO CAMINHA A COMUNIDADE DOS NEGÓCIOS

“Governança em rede: Conectando stakeholders” é o tema central do 24º Congresso do IBGC, que será realizado em 17 e 18 de outubro, no WTC Events, em São Paulo, com opção de participação on-line. A ideia é evidenciar de maneira enfática como se torna cada vez mais determinante para as empresas planejarem suas estratégias e ações levando em conta todos os públicos com os quais interagem, considerando que as políticas e práticas dos negócios afetam o planeta, comunidades e pessoas, positiva ou negativamente.

O evento será importante e oportuno para essa abordagem, pois congrega todos os que trabalham com governança corporativa no Brasil e fazem a diferença na liderança das principais empresas nacionais e internacionais. O Congresso costuma ser um espaço de reflexão para essas pessoas, para que possam entender o que está acontecendo no nosso país e no mundo em termos de governança, economia, inovação, tendências, sustentabilidade, mudanças climáticas, questões sociais e diversidade. São temas significativos, pensados para causar impacto nos participantes e provocar sua avaliação crítica sobre questões cruciais para a forma de se operacionalizar os negócios no século XXI. Nosso objetivo é fazer com que conselheiros, CEOs, diretores e agentes de governança em geral queiram aprimorar, a cada dia, a jornada da governança de suas organizações.

Para que esse processo de reflexão transcenda à realização dos nossos congressos, aprofunde-se e atinja número ainda maior de pessoas e influenciadores, criamos, a cada evento, um grupo de trabalho, coordenado por liderança voluntária, para discutir todo o conteúdo. Foi o que aconteceu com relação ao 23º Congresso, em 2022, cujo tema central foi “Governança de Impacto – As melhores práticas do amanhã”. Um dos destaques de sua programação foi a discussão da sexta revisão do Código das Melhores Práticas de Governança do IBGC, iniciada em 2021. Passamos uma tarde toda avaliando os principais pontos do documento com mais de mil pessoas. Na prática, foi uma grande audiência pública.

Os conceitos e insights que permeiam a nova versão do código foram trazidos para o 24º Congresso em 2023. Colocamos em pauta, também com embasamento em informações e tendências colhidas internacionalmente, as transformações pelas quais a governança está passando quanto à ampliação do foco das empresas, mais acentuada após a pandemia, no sentido de olhar, além dos shareholders, para os stakeholders e diagnosticar suas necessidades anseios e expectativas.

Tal perspectiva é mais congruente com a finalidade dos negócios, que, além do necessário lucro, devem entregar um propósito à sociedade. Ou seja, é preciso agregar valor, incluindo a sustentabilidade socioambiental, para seus acionistas e líderes, funcionários, fornecedores, clientes, consumidores, comunidade, setor público e toda sua cadeia produtiva. Trata-se do conjunto de princípios sintetizados pelo conceito de governança ambiental, social e corporativa (ESG).

Quando elegemos o tema central do 24º Congresso, buscamos demonstrar como a governança extrapola o universo interno das empresas e o significado e relevância de interagir com todos esses públicos. O conceito de “governança em rede” tem um sentido provocativo. Pode ser visto sob vários prismas e perspectivas. Podemos avaliá-lo, por exemplo, a partir de uma visão macro, que transcende à organização e abrange como ela se relaciona externamente. Uma dessas vertentes de sua conexão é com os governos, neste momento em que o mundo enfrenta um cenário geopolítico complicado, com guerras e tensões diplomáticas entre vários países. Trata-se de conjuntura na qual é pertinente que todos atuem de modo colaborativo, valorizando a chamada inteligência coletiva.

Outro viés é analisar o conceito de “governança em rede” sob o ponto de vista da estrutura organizacional, buscando mostrar como as empresas têm sido geridas. Tendência importante nesse contexto é a desierarquização, com um trabalho mais colaborativo e equipes com mais autonomia, fatores que aguçam a criatividade e aumentam a produtividade. Saímos do modelo de “comando-controle”, rumo à horizontalização da estrutura corporativa. É uma autêntica rede de conexões, na qual as pessoas e equipes ganham mais prerrogativas, inclusive para tomar decisões.

Outra abordagem do conceito de “governança em rede” refere-se à inovação. Tem-se falado muito na democratização do acesso à informação, inteligência artificial, blockchain e domínio pessoal dos dados. É pertinente entender o impacto da tecnologia e de atitudes disruptivas na governança e o papel imprescindível das pessoas nesse processo.

A “conexão com os stakeholders”, completando o título central do 24º Congresso, é o caminho para colocarmos a discussão dos temas aqui abordados ao alcance de todos os integrantes da cadeia de valor das organizações, tarefa que seria muito difícil sem a chamada inteligência coletiva. Assim, o evento contribuirá para que conselheiros e gestores das empresas entendam melhor como o mundo caminha. Isso é importante, pois o conceito de liderança também passa por forte transformação, a ser assimilada pela estrutura de governança, que será discutida a fundo, inclusive com base na atualização do Código do IBGC. Inovação, no sentido amplo, abrangendo tecnologia, inteligência artificial e seus limites, construção coletiva e criatividade, e sustentabilidade, abordando desde mudanças climáticas, meio ambiente e impactos sociais, serão outros assuntos de destaque.

Experts que estão na vanguarda em todas essas áreas proferirão palestras instigantes, como a que abrirá a programação do evento, que será ministrada, on-line, por Edward Freeman, professor emérito de administração de empresas da Darden School of Business, Universidade da Virgínia (EUA), criador da teoria dos stakeholders, em contraposição ao conceito de shareholders. Serão abordados o caráter e os desafios contemporâneos das organizações, a ética como base e fundamento da governança e a integridade, princípio agregado na nova atualização do Código do IBGC. Também fazem parte da pauta a cultura corporativa, economia exponencial, startups, inteligência artificial e gestão de riscos, incluindo os cibernéticos. Outro ponto relevante é a estratégia dos investidores, principalmente os institucionais, para estarem mais próximos e criarem um diálogo com a organização.

Em dois painéis, apresentaremos cadeias de valor completas. Um deles será com a Dengo. Estarão presentes o fundador da empresa, o CEO, conselheiros e o produtor de cacau da Bahia. O outro painel será com a startup Meu Chapa, que criou aplicativo de conexão entre empresas com chapas (conhecidos como noholders), pessoas que ajudam a carregar e descarregar caminhões. Esses trabalhadores ficam nas estradas, perto dos terminais de carga, portando placa com o dizer “chapas”, para vender seus serviços.

Participarão os fundadores da plataforma, o investidor, os próprios prestadores do serviço e uma empresa que os contrata. A meta aqui é demonstrar como uma ideia inovadora e a conexão entre todos os elos da cadeia de valor contribuem para, além de gerar valor para o negócio, melhorar o apoio e as condições de trabalho de numerosas pessoas.

Houve, também, a constante preocupação de incluir, nos vários painéis, diversidade de gênero, raça/etnias e outros grupos minorizados. O propósito que sintetiza a programação do 24º Congresso do IBGC é sensibilizar os participantes no sentido da importância de se olhar para além da organização, contemplando integralmente sua cadeia produtiva.

Afinal, é cada vez mais decisivo gerar valor para todos, sem deixar ninguém para trás!


Gabriela Blanchet e Valeria Café
são, respectivamente, advogada especializada em governança corporativa, líder do GT da Curadoria de Conteúdo do 24º Congresso do IBGC; e diretora de vocalização e influência do IBGC.
comunicacao@ibgc.org.br


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