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Mercado de Ações

BOLSA VOLÁTIL EXIGE CAUTELA DO INVESTIDOR

Investir em ações este ano será uma tarefa árdua. Diante de um cenário doméstico de baixo crescimento e incertezas sobre a política, o preço dos ativos seguirá volátil.

Segundo Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, a tendência é que os ajustes fiscais prometidos pelo governo junto com um cenário de alta na taxa de juros contraiam ainda mais a atividade econômica. Sua aposta é que o Ibovespa feche o ano em torno dos 50 mil pontos. “Tais ajustes serão sentidos mais fortemente no segundo semestre deste ano. Sendo assim, só será possível ter alguma ideia sobre melhora para bolsa, isto é, melhora nas expectativas, quando essas medidas não só tiverem surtindo efeito como começarem a ter margem de manobra de escolhas menos danosas”, explica.

Além disso, a instabilidade no mercado externo também deve exercer forte influência sobre o preço dos papéis. A crise na Rússia, a mudança de política monetária nos EUA e a queda no preço das commodities estão entre os principais fatores de risco. Nesse contexto, os setores Financeiro e Exportador, além de empresas boas pagadoras de dividendos, são os preferidos dos analistas.

Rodrigo Teixeira Mendes, da Valuta Invest, enxerga com otimismo os setores de Seguros, Alimentos e Educação, considerados “defensivos”, já que mesmo em momentos de crise são indispensáveis à população. Mendes faz um alerta para o setor de energia: “Apesar de ser enquadrado como defensivo, sofreu com constante depreciação, o que faz com que mesmo com os reajustes já anunciados leve certo tempo a se recuperar”, salienta.

Destaque para o setor de Educação, que deve continuar sendo a menina dos olhos do mercado, já que a perspectiva para 2015 é boa diante da promessa de manutenção dos programas federais de estímulo, como o Prouni, o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Nacional e Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Estácio Participações e Anima seguem como as principais indicações.

Já os setores que são mais ligados à atividade econômica devem continuar sendo prejudicados, como os setores de Consumo/Varejo e Imobiliário. Construtoras e Siderurgia também estão fora das carteiras consideradas com potencial de rentabilidade. As empresas de siderurgia são muito ligadas às montadoras, que dependem do mercado doméstico. “O país está vendo um baixo dinamismo do consumo e esse mesmo problema se reflete nas empresas da construção civil, já que o panorama pessimista desencoraja as famílias, já bastante endividadas, a comprar um imóvel, que compromete o orçamento por um longo período”, afirma Ricardo Kim, analista da XP Investimentos.

Nataniel Cezimbra, analista do BB Investimentos, destaca os ativos que podem ter seu desempenho comprometido: Construção Civil, já que o grau de endividamento e a dinâmica de vendas em desaceleração reduzem a atratividade; e Empresas Aéreas e de Petróleo. “O choque do preço do petróleo cria uma situação desafiadora para os dois setores. Em aviação, o efeito do preço interno dos combustíveis deve pressionar margens. Enquanto no setor de petróleo, o risco de redução mais drástico da commodity pode colocar o plano de investimento de longo prazo em revisão”, explica.

Para o analista, a principal questão neste ano deverá ser uma maior seletividade do mercado, com papéis podendo ser pinçados mesmo dentro de setores, teoricamente, menos favorecidos em um primeiro momento. “As empresas que nos últimos anos fizeram ajustes adequados ao cenário vigente e que continuarem a entregar resultados condizentes, tenderão a ser as eleitas pelos investidores e, ainda mais, se forem boas pagadoras de dividendos”.

Confira as apostas de alguns papéis promissores selecionados por André Rocha e Roberto Indech, analistas da corretora Rico:

  • Anima Educação: setor em desenvolvimento, empresa com potencial de crescimento e os principais executivos são também seus acionistas.
  • Itaú Unibanco: negócio rentável e com ”valuation” convidativo por conta de diversos fatores, como: bom posicionamento no setor, incremento de resultados por meio de spreads bancários e bom desempenho em 2014, com indicadores melhores que os de seus pares.
  • BB Seguridade: resultados e rentabilidade elevados, distribuição de dividendos atrativos, perspectiva de crescimento e um forte canal de distribuição (agências do Banco do Brasil).
  • Cielo: os pontos negativos - concorrência, desaceleração da economia e risco regulatório - já estão no preço corrente da ação. A expectativa é de continuidade de resultados sólidos, estabilidade de margens elevadas e perspectiva de bons pagamentos de dividendos.
  • Cetip: negócio diversificado e com forte barreira de entrada, taxas de crescimento estáveis e acima de dois dígitos, forte geração de caixa com baixo risco e atratividade no pagamento de dividendos.
  • Raia Drogasil: forte ciclo de crescimento previsto - aumento de renda e envelhecimento da população -, potencial de expansão por fusões, aquisições e previsão de novas lojas, continuidade de resultados consistentes e manutenção de volume elevado de vendas.
  • BRF: expectativa de manutenção de bons resultados após a conclusão da fusão entre Sadia e Perdigão, momento favorável do setor, redução de despesas operacionais e continuidade da internacionalização.


Raphael Figueredo, da Clear Corretora, aponta sobre o que esperar das maiores empresas da Bovespa este ano:

  • Itaú Unibanco - O papel está em um setor que não sentiu nada em relação a queda do Ibovespa. “Está com seus preços próximos do marco histórico, o que dá margem para acreditar na continuação da tendência de alta para o médio prazo”, afirma.
  • Banco do Brasil - O risco de rebaixamento dos títulos soberanos no Brasil contaminam todas as empresas ligadas ao governo. “Não recomendo exposição no papel até que possamos identificar um cenário mais propicio. O papel ainda deverá sofrer no curto prazo, especialmente se o assunto ‘downgrade do Brasil’ ficar cada vez mais forte”.
  • Ambev - A expectativa é de alta para o médio prazo. “O papel por muito tempo permaneceu de lado em função a forte intervenção do governo no setor. Isso vem diminuindo bastante. É um papel para compor a carteira para 2015”.
  • Petrobras - É uma empresa com alto nível de alavancagem (endividamento) e com uma questão muito delicada quanto ao seu caixa. A falta de transparência quanto aos seus números (balanço) e o atraso na entrega conduz para falta de credibilidade. “É uma empresas que ainda deverá sofrer no curto prazo, por isso não recomendo compra”.
  • Vale - É uma empresa para compra visando única e exclusivamente o longo prazo. Os dividendos menores continuam sendo atrativo. Mas no curto prazo sofre muito em função da queda do preço do minério de ferro. Um possível rebaixamento da nota de crédito brasileira também conduz para mais pressão na venda deste papel, que segue muito abaixo dos seus pares (concorrentes internacionais). 
  • BRF - Possui bons fundamentos e um caixa capaz de aguentar o momento turbulento da economia brasileira. “É um papel para compra em 2015. Minha projeção esta em R$ 81 para este ano”.
  • BB Seguridade - É o papel que passa pelo mesmo bom momento que o setor financeiro. “De todos os comentados aqui é o papel que mais vejo range para subir. Minha projeção está em R$ 42.80 para o médio prazo”.
  • Cielo - Devido ao excelente caixa, o papel não só se beneficia pelos bons fundamentos, como também pelo cenário de alta de taxa de juros. “O papel registra neste momento um forte fluxo na compra e tem espaço para buscar ainda este ano os R$ 47 reais”.

Continua...