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Gestão de Valor

REPUTAÇÃO: O DESAFIO DO DIÁLOGO NO CAMINHO DA REPUTAÇÃO QUE GARANTE O VALOR DOS ATIVOS

O termo Reputação nos anos mais recentes do século XXI, transformou-se em indicador de valor estratégico para empresas dos diversos setores da economia. Executivos das mais variadas áreas debruçam-se sobre estratégias na busca do equilíbrio da relação entre os interesses organizacionais e os variados públicos de suas relações extra organização.

Para a área de gestão do capital essa preocupação reveste-se de especial peculiaridade quando se confronta as variáveis emocionais e psicológicas do universo do mercado com as estratégias de manutenção do valor dos ativos das empresas.

É uma batalha diária permeada por inúmeros discursos construídos essencialmente na necessidade de manter-se uma imagem organizacional de credibilidade e confiança – dois indicadores reputacionais prementes para a solidez do valor que se esforça tanto para ser mantido.

O termo reputação está normalmente associado à legitimação dada por táticas nominativas garantidas por títulos, premiações e certificações que servem, de certa maneira, para validar o lugar no qual indivíduos, grupos, classes e organizações podem ocupar, concedendo-lhes o “status quo” tão almejado e que, no caso do universo do mercado de capitais legitima a escolha por um ou outro ativo.

Porém, como afirmo acima a legitimação da reputação extrapola o universo dos títulos materializados por premiações, ela está situada no da moral, indicadores de valor que se alojam nas essências mais profundas das virtudes humanas como a bondade, a compaixão e a justiça.

Além da questão humana extremamente complexa, o temo se coloca também naquele campo das ciências exatas, econômicas - e aí sim, podemos dar algumas respostas acerca da relação do termo com o universo dos RIs e, em consequência, do próprio mercado, espaço racional e lógico.

Nesse sentido a relação reputacional passa pela necessidade da transparência, da verdade e principalmente da coerente construção dos discursos organizacionais, sustentados essencialmente no diálogo verdadeiro e “poroso”.

Porosidade significa capacidade de exposição e da lógica das normas de cada agrupamento de sujeitos que circundam o ambiente externo da organização. É a partir desse novo posicionamento que a negociação pode ser iniciada, pois, afinal, será o respeito, a justiça e essencialmente a verdade que passarão a nortear as relações.

No universo das empresas e do mercado, reputação se transforma na variável que garante confiança, atração de investimento, legitimidade e, de certa maneira, perenidade no mercado baseada nesse novo posicionamento do diálogo intra e extraorganizacional.

Não é simples adotá-lo; é, certamente, um grande desafio para um modelo anterior de gestão totalmente controlável e racional, de um mundo previsível e analógico, que cada vez mais se torna refém das percepções, paixões e sentimentos legitimados por grupos diversos.

Percebe-se porém, em estudos recentes realizados, que no universo do mercado, o gestor das Relações com Investidores é aquele que têm-se mantido mais próximo dessas novas exigências do ambiente externo.

Ações que se norteiem apenas na geração de imagem positiva de reputação externa não sustentam a complexidade das variáveis das virtudes humanas. A área de RI demonstrou na pesquisa realizada em 2014 uma preocupação com a coerência entre o falar e o agir, bem como maior proatividade no diálogo.

Acredita-se que o capital tem exposto, por meio da fala desse novo perfil de profissional, sua crença de que é no ambiente externo à organização que a reputação se concretiza: pela coerência que gera confiança do acionista e do investidor.

Enquanto para muitos reputação representa transparência, relacionamento, imagem; o profissional de Relações com Investidores parece investir mais em um diálogo verdadeiro, comprometido e cidadão.

Reputação, no ambiente contemporâneo do século XXI, se dá pela identificação dos inúmeros agrupamentos coletivos que permeiam as causas, as demandas e que se perfaz, em grande parte, pela necessidade de coerência entre falas e atitudes. Na sintonia entre os sujeitos organizacionais – comunicação e capital –, a elevada capacidade moral - por meio do esforço contínuo e cumulativo em manter atividades e condutas exemplares - é que será distinguida a personalidade reputada, exigindo posturas integradoras por meio de um processo de desenvolvimento contínuo.



Ana Lucia De Alcântara Oshiro

é Doutora em Ciências da Comunicação, pesquisadora dos discursos organizacionais e percepções reputacionais do ambiente externo das organizações. Mestre em Comunicação, Tecnologia e Mercado, Especialista em Marketing, Consultora em Reputação e Comunicação e Professora universitária de graduação e pós graduação e jornalista, com mais de três décadas de atuação no mercado de comunicação.
ala.oshiro@hotmail.com


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