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Mercado de Capitais

PMEs,MERCADO DE CAPITAIS & O CRESCIMENTO DO BRASIL

Em vários países, o mercado de capitais é o ponto de virada para as PMEs (Pequenas e Médias Empresas) se fortalecerem e, a partir disso, crescerem em seu mercado de atuação. Um dado interessante é que o volume de empresas que faturam entre R$ 30 milhões e R$ 300 milhões, segundo alguns dados é de cerca de 45 mil, ou seja existe aí um enorme potencial.

Em sua maioria as PMEs não enxergam o Mercado de Capitais como uma alternativa para se capitalizar e crescer, existe uma percepção que isso é só para grandes empresas. Já ouvi isso de líderes empresariais de entidades de classe, onde suas associadas faturam anualmente em média R$ 100 milhões.

Outra questão, por incrível que pareça ainda existe, é o fato de que, investir em bolsa é um cassino, ou seja, o pequeno e médio empresário recebe duas ideias mentais negativas rotineiramente: Bolsa é só para grandes empresas e investir nelas é um cassino.

Todos nós, que acreditamos no nosso Mercado de Capitais, devemos agir em todas as frentes para abrirmos caminho para esse oceano de empresas. Imagina, por exemplo 10% do número de empresas citadas acima, ou seja 4.500 empresas rumo à Bolsa. Maravilha! Isso pode ocorrer? Sim, mas temos que ter atitudes com esse objetivo.

Aproveitemos o momento, que a economia ainda não caminhou para frente, para estruturarmos planos de trabalho com as entidades de classe patronais, mas ter a humildade de conhecê-los, saber da realidade que enfrentam e preparar um discurso e uma apresentação para essa audiência.

A Bolsa já fez um trabalho magnífico com as empresas de menor porte através do Bovespa Mais, e outros eventos e ações. É importante não impor a visão do mercado para essas entidades patronais, mas sim, conhecer a realidade do setor de atuação das empresas vinculadas a essas entidades, e com a comunicação adequada, demonstrar como o mercado de capitais pode contribuir para o crescimento do negócio dessas empresas. Em paralelo, com os empresários, atuar para desmistificar o conceito de aplicação em bolsa. Um grande aliado nesse processo podem ser os filhos e netos desses empresários.

Por que é importante ir até eles e compreendê-los? Vou contar uma história: Uma região de pescadores no Sul do país estava enfrentando dificuldades para a pesca, o período de desova dos peixes tinha mudado, com isso o período do defeso não atendia adequadamente a nova realidade, e eles não sabiam o que fazer. Uma das melhores Universidades do país foi acionada para auxiliá-los. Sem uma pesquisa adequada os universitários fizeram um projeto para alterar o trabalho e a renda daquela população. Quando lá chegaram, foram expulsos, pois a comunidade queria apenas continuar a pescar; porém com as mudanças climáticas ocorridas o ciclo de vida das espécies tinha sido alterado. Os pescadores e suas famílias almejavam não prejudicar a manutenção das espécies e consequentemente da pesca. Se os universitários tivessem ido até eles, e os compreendido a história teria sido outra.

O professor ensina o aluno, que também instrui o professor, essa é a máxima do século XXI.

O governo pode fazer a sua parte, com visão arrecadadora de longo prazo, visão esta que é compartilhada com a equipe econômica atual. Em alguns países existem legislações que têm relevantes contribuições para o desenvolvimento do mercado de capitais como fonte de financiamento para PMEs como por exemplo:

(i) criação de incentivos fiscais específicos para investidores que aportam recursos nessas empresas;
(ii) fomento à criação de fundos de investimento específicos para esse mercado;
(iii) formulação de normas específicas para facilitar o acesso dessas empresas ao mercado de capitais, com fortes regras de governança;
(iv) concessão de auxílio financeiro às empresas para cobrir os custos associados ao processo de pré-listagem.

Contribuir para as empresas evoluírem é uma visão inteligente, pois se constitui uma estrada longeva de arrecadação e um círculo virtuoso de desenvolvimento socioeconômico. Estar ao lado das PMEs é para o governo estar mais próximo da população, pois essas empresas não só estão presentes no cotidiano das pessoas, como também conhecem a maioria dos proprietários e suas histórias de fracassos e sucessos. Não basta termos a B3 com diversas iniciativas se não tivermos uma política nacional governamental com fomento ao desenvolvimento das PMEs e consequentemente do nosso mercado de capitais.

O Governo Federal, as Entidades patronais, os investidores, a Bolsa e agentes do mercado, podem contribuir fortemente para o crescimento socioeconômico do Brasil, com o aprimoramento do nosso mercado de capitais, evolução das nossas empresas e melhora da qualidade de vida da população.

Vamos rapidamente fazer a diferença, e quem sabe ainda neste ano, tenhamos notícias maravilhosas sobre o nosso PIB. 

Roberto Sousa Gonzalez
é diretor da Bússola Governança - Consultoria & Treinamento, que é partner da Ibluezone – sua companhia de negócios. membro do Conselho do Fundo Ethical da Santander Asset Management, que só possui ações de companhias comprometidas com as boas práticas de governança e sustentabilidade. Professor no IBMEC, USP, Fipecafi, Fecap.
roberto@ibluezone.com.br


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