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Celebrando 90 anos de vida - completados em 5 de dezembro de 2024 - e de uma rica e longeva trajetória profissional, o economista carioca Roberto Teixeira da Costa é, sem sombra de dúvida, um ícone do nosso mercado de capitais. Primeiro presidente da CVM, foi também um dos principais responsáveis pela organização e instalação da Comissão de Valores Mobiliários no Brasil. Um batalhador, pioneiro na construção do arcabouço que formou as bases e a estrutura do que o nosso mercado é hoje, através da disseminação da ética e das boas práticas de governança junto às empresas brasileiras. Autor de diversos livros e artigos, Roberto tem sido, desde o lançamento da Revista RI, em 1998, um assíduo colaborador, leitor e crítico de nossa revista. Afinal, estamos falando de uma das mais importantes e influentes vozes do Brasil, quando se pensa em economia e mercado de capitais, e que temos a honra e o privilégio de tê-lo como membro ativo do nosso Conselho Editorial.
Com uma experiência de quase 7 décadas no mercado financeiro e de capitais, e ainda hoje atuante, Roberto Teixeira da Costa faz uma análise retrospectiva de sua brilhante trajetória e sobre os principais avanços que ocorreram no Mercado de Capitais nos últimos 50 anos.
Nascido em 5 de dezembro de 1934, no estado do Rio de Janeiro, Roberto Teixeira da Costa passou boa parte da infância desejando se especializar e atuar no segmento da engenharia. Chegou a prestar dois vestibulares, mas não obteve sucesso. Então, como segunda opção, se empenhou para entrar na Faculdade Nacional de Economia – antiga Universidade Brasil e atual UFRJ – onde conseguiu concluir a graduação. Mesmo que não tenha sido a vontade da infância, já demonstrava muita habilidade com tudo relacionado ao mercado financeiro.
Em 1958, começou a trabalhar em uma gestora de crédito, financiamentos e investimentos pioneira do Brasil naquela época, a Deltec. Apenas 3 anos mais tarde, Roberto se mudou para São Paulo, onde recebera uma proposta de trabalho ainda mais interessante. Ele passou a atuar como Vice-Presidente do Banco de Investimento do Brasil (BIB) - que mais tarde se tornou o conhecido Unibanco. Ficou no cargo até 1977, apenas um ano depois da publicação oficial da legislação que regularizava a CVM em território nacional.
O fim de sua jornada no BIB e a regulamentação da CVM não foram coincidência. Ainda em 1977, Teixeira recebeu um convite despretensioso para almoçar com o então Ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen, que o convidou para ser o presidente da Comissão a ser formada, e ele por sua vez já desconfiava das intenções do Ministro: “Como desconfiava, a razão era efetivamente o convite. Havia preparado alguns argumentos contrários à minha escolha. Em vão, depois de alguns minutos o Ministro perguntou quando começaria. Não pude deixar de aceitar aquele desafio”, disse o economista em uma de suas muitas entrevistas. A partir daí, mudou-se de volta para o Rio de Janeiro, onde passaria a atuar na antiga sede do IBMEC.
A CVM é o órgão responsável por regulamentar, fiscalizar e intermediar todas as operações competentes ao mercado financeiro do país. É uma entidade autárquica, ou seja, possui patrimônio e receita próprios. Roberto permaneceu no cargo até o ano de 1979. Em 2006, comentou sobre a ajuda que teve de toda a equipe, fazendo com que fosse o momento mais marcante de sua carreira: “Ainda hoje quando olho para trás, me dou conta que nada teria conseguido se não fosse uma grande equipe de colaboradores. Aliás, se algum sucesso tive na vida como gestor, deve-se principalmente a escolha de pessoas certas e estimuladas no trabalho de equipe”.
Depois desse período, Teixeira atuou como presidente da assessora financeira Brasilpar entre os anos de 1980 e 1996 (pioneira na área de Venture Capital no Brasil). Além disso, foi também responsável por fundar o CEBRI – Centro Brasileiro de Relações Internacionais.
Como se já não bastasse ter tido uma carreira marcante e notória, Roberto Teixeira da Costa dedicou parte de sua carreira a escrita. Para o economista, ensinar aquilo que sabia a geração do momento valeria tanto quanto ter atuado no segmento financeiro.
De fato, a trajetória de Roberto Teixeira da Costa foi marcante e inspiradora. Hoje, completando 90 anos de idade, ele ainda se dedica na escrita de livros e artigos e na realização de cursos. Muitos economistas buscam referências e pedem seus conselhos sempre que precisam.
Para realizar a entrevista a seguir, convidamos nomes de destaque do nosso Mercado de Capitais, para formularem perguntas à esse nosso ícone do mercado, incluindo: ex-presidentes da CVM, economistas, presidentes de empresas e entidades, conselheiros de administração, executivos e profissionais de relações com investidores. Acompanhe a entrevista.
RONNIE NOGUEIRA, diretor editorial da Revista RI: Com uma rica e longeva trajetória profissional, de quase sete décadas, ligada - direta ou indiretamente - ao Mercado de Capitais, você pode nos relatar, os principais momentos e desafios que vivenciou nessa caminhada até aqui, agora que está completando “inacreditáveis” 90 anos?
Roberto Teixeira da Costa: Dividiria essa trajetória em "pré-CVM" e "pós-CVM". A fase anterior a sua criação teve como fato marcante a chamada Lei do Mercado de Capitais (Lei no. 4728, de 1965), que destaco os seguintes pontos: 1) isenção de imposto na fonte dos dividendos pagos pelas sociedades anônimas de capital aberto, às ações nominativas ou ao portador, quando identificadas; 2) isenção de imposto de renda nas distribuições de resultados tributáveis feitas pelos fundos em condomínios e sociedades de investimentos até o limite de duzentos mil cruzeiros (moeda da época) anuais; e 3) permissão para descontar da renda bruta das pessoas físicas até 30% das aplicações feitas em Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional e de subscrições de ações nominativas de sociedades anônimas de capital aberto e na percentagem de 15% das importâncias líquidas efetivamente pagas para a aquisição de quotas ou certificados de participação de fundos em condomínio ou ações de sociedades de investimentos criadas na Lei. Quanto aos novos instrumentos e instituições colocados à disposição, das empresas e dos investidores, podemos mencionar: 1) os Bancos privados de investimentos; 2) as debêntures reajustáveis e conversíveis em ações; 3) sociedades anônimas de capital autorizado, sem vinculação com o capital subscrito da sociedade; 4) fundos de investimento sob a forma de sociedade anônima de capital autorizado com as mesmas características fiscais dos fundos até então existentes, que operavam sob a forma condominial; 5) Ações nominativas endossáveis; 6) sociedades corretoras que viriam aumentar o número de entidades autorizadas a comprar e vender títulos em Bolsa; e 7) obrigações reajustáveis com um ano de prazo. O Decreto Lei 157, também de 1965, criou um poderoso incentivo ao investimento em fundos de investimento. Ainda na fase pré-CVM, tivemos uma grande crise no mercado com uma bolha especulativa que trouxe consequências para o mercado que seguiu por vários anos a partir de 1971, com um mercado polarizado. Constatou-se: Regulação precária ou inexistente; Intermediários financeiros despreparados; Disclosure insuficiente; Emissões colocadas acima dos valores registrados; IPOs privilegiavam insiders e aqueles que tinham ligações com emissores/distribuidores; Legislação societária desatualizada. O Governo Geisel, tendo Mario Henrique Simonsen como Ministro da Fazenda, constatou a necessidade de uma reforma da Lei das S/A (a legislação então existente estava desatualizada – Lei 2627 de 1940) e a necessidade de criação de um órgão regulador independente (essas informações estão detalhadas no estudo feito pela FIPE/USP sobre a evolução do capitalismo popular). Tivemos também a crescente institucionalização do mercado (uma das primeiras decisões da CVM foi obrigar os fundos de pensão a aplicar 25% de seu patrimônio em ações) e exigir uma maior profissionalização do mercado com investidores estrangeiros marcando maior presença e analistas financeiros institucionalizados. Avanço na governança corporativa também foi uma característica que marcou a atuação da CVM.
FÁBIO COELHO, presidente-executivo da Amec: Como mencionou a divisão de sua trajetória em "pré-CVM" e "pós-CVM", quais aprendizados mais marcantes dessa transição entre o setor privado e o público?
Roberto Teixeira da Costa: Ponto crucial. Quando Mario Henrique Simonsen me convidou para organizar e presidir o primeiro colegiado da CVM, o que mais me aterrorizava era como lidar com a coisa pública. Alinhei esse aspecto como fundamental para a não aceitação do cargo, mas que não sensibilizou o Ministro. Tive sorte em buscar uma pessoa com vivência e larga experiência, Antônio Milão, que foi fator determinante para enfrentar meus temores no setor público sem grandes turbulências. Foi também importante o espírito público com as pessoas escolhidas para o preenchimento das funções executivas souberam dar o melhor de si para alcançar nossos objetivos.
RICARDO AMORIM, economista: Você foi um dos responsáveis por montar o que são os pilares da estrutura que, em grande medida, ainda definem o funcionamento do mercado de capitais no Brasil. Ao longo dessas últimas décadas, houve importantes transformações da economia brasileira e dos próprios mercados de capitais mundiais. Neste sentido, quais são as transformações importantes que precisam acontecer, olhando para essa próxima década do mercado de capitais no Brasil?
Roberto Teixeira da Costa: Você tocou num ponto importante, qual sejam as mudanças na estrutura mundial e, consequentemente, maior fluidez de capitais, os investimentos diretos venceram fronteiras e todos os países em desenvolvimento criaram mecanismos para atração de capitais para seus mercados. Criou-se uma grande concorrência na atração de capitais. Nesse contexto, a vertente inflacionária, não só nos países em desenvolvimento, criou uma variável na decisão dos investidores sobre onde alocar seu capital. A variável cambial passou a ser um componente importante e, obviamente, nas taxas de juros praticadas nos Estados Unidos. Creio que para a próxima década, os desdobramentos e consequências dos conflitos mundiais em que estão envolvidas Rússia, Ucrânia, Israel, Hamas e Hezbollah, serão variáveis relevantes. Não podemos menosprezar as consequências da eleição de Donald Trump e as políticas que vierem a ser adotadas. Suas consequências poderão ter um peso decisivo na alocação de recursos nos mercados mundiais.
JOÃO PEDRO NASCIMENTO, presidente da CVM: Costumo dizer que é importante “respeitar o passado, honrar o presente e construir o futuro”. Com os olhos voltados para o desenvolvimento do Mercado de Capitais, como você observa esse trinômio, em especial, no que diz respeito aos desafios do segmento regulado pela nossa CVM?
Roberto Teixeira da Costa: Continuamos presenciando e constatando um grande desequilíbrio nas alocações de recursos para os mercados de renda fixa (lactu sensu) e os destinados aos títulos de renda variável, ações e fundos direcionados. Portanto, é fundamental que as taxas de juros venham a ser fixadas em níveis que permitam uma concorrência saudável. Hoje, essa concorrência é injusta. Apesar das sensíveis mudanças vividas nos últimos 50 anos no órgão regulado pela CVM, os desafios seguem sendo os mesmos. Zelar pela quantidade e qualidade das informações, combater o insider trading, incentivar a autorregulação e instituir a CVM com pessoal técnico capacitado, para vencer os desafios de mercado cada vez mais sofisticado. Acelerar processos administrativos para guardar relação com o fator gerador.
MARCELO TRINDADE, advogado: Entre tantas decisões que tomou, no período inicial da CVM, quais você considera que tenham sido mais importantes para a formação da cultura da casa?
Roberto Teixeira da Costa: Creio que os princípios que norteiam a criação da CVM e sua atuação continuam válidos. Importante mencionar as três brochuras lançadas: 1) CVM - O que é, estrutura, objetivos, como atuam, e quem é quem; 2) CVM - Regulação do mercado de valores mobiliários, fundamentos e princípios; e 3) CVM - Política de divulgação de informações. Pelo depoimento recebido da velha guarda da CVM, esses princípios continuam sendo o cerne de sua atuação.
ALFREDO SETUBAL, presidente da Itaúsa: Qual foi a maior dificuldade encontrada para colocar o projeto de criar a CVM para funcionar?
Roberto Teixeira da Costa: Independência do Banco Central. Apesar de inicialmente o Bacen entender que um órgão regulador independente era fundamental, na prática se tornou mais complexo. Outro problema foi disciplinar as empresas estatais negociadas em Bolsa a respeitar as regras do jogo e sem tratamento diferenciado.
ANDRÉ VASCONCELLOS, vice-presidente do Conselho do IBRI: Como você avalia a evolução do mercado de capitais brasileiro desde a criação da CVM, e quais seriam as prioridades que o órgão regulador deveria adotar hoje para continuar fortalecendo a confiança dos investidores e impulsionando o desenvolvimento econômico sustentável?
Roberto Teixeira da Costa: Em uma versão histórica, e para alguém que começou na Deltec em 1958, os progressos alcançados foram sensíveis. A percepção da relevância do mercado de capitais como instrumento para o desenvolvimento do país foi assimilada. Acho que estamos às portas de uma nova fase que apresentará grandes e novos desafios e que podemos chamar de um capitalismo responsável. Ou seja, como buscar o equilíbrio entre os interesses dos acionistas (basicamente com rentabilidade) dos princípios que regem um corporativismo sadio, respeito ao meio ambiente olhando o interesse dos stakeholders com peso relevante na gestão corporativa.
ROBERTO FALDINI, Conselheiro de Administração: Neste momento de grandes mudanças globais, como crise do clima, guerras localizadas, desdolarização, inteligência artificial, como manter integridade e confiança nas relações com investidores, sendo que cada grupo de stakeholders puxa para um lado?
Roberto Teixeira da Costa: De certa forma, a resposta anterior responde essa pergunta. Realmente, os desafios que teremos pela frente são de grande escala. Realisticamente temos que entender que não são exclusivamente nossos e, portanto, precisamos ter o saber de vencê-los, equacionando nossas necessidades num contexto mais amplo onde prevalecerá um maior protecionismo.
ELIANE LUSTOSA, economista: Considerando a sua vasta experiência em mercado de capitais, como você avalia a evolução das práticas de governança corporativa no Brasil - desde a criação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até os dias atuais - e quais desafios ainda precisam ser superados para fortalecer a confiança dos investidores no mercado brasileiro?
Roberto Teixeira da Costa: Os mercados locais, e principalmente externos, tomaram uma nova dimensão, com novos produtos e players. Mas na essência os desafios seguem sendo os mesmos. O respeito a ética não se alterou e infelizmente ainda continuamos buscando fazer prevalecer o certo sobre o errado. Em dúvida, os princípios éticos devem prevalecer. Não estar previsto não implica que pode ser feito. O bom senso e a ética de fazer o que é certo devem sempre prevalecer.
RONNIE NOGUEIRA: Ao longo das últimas décadas, o Brasil e o mundo passaram (e ainda passam) por várias crises - econômicas, financeiras e políticas. Qual ou quais mais afetaram – e ainda podem afetar - o nosso mercado?
Roberto Teixeira da Costa: Creio que as taxas de juros praticadas nos Estados Unidos é fator determinante de como os recursos vem sendo alocados com desvantagem para países em desenvolvimento,
ELIANE LUSTOSA: No quesito mercado de capitais brasileiro, no início dos anos 2000, um dos argumentos para as negociações da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) serem transferidas para a atual B3 seria a tendência de centralização e consolidação do mercado de capitais brasileiro, visando maior eficiência e liquidez nas negociações. Nesse contexto qual é a sua perspectiva sobre o impacto da anunciada nova bolsa do Rio: “Base Exchange”, na dinâmica do nosso mercado, especialmente em termos de concorrência com a B3 e oportunidades para empresas e investidores?
Roberto Teixeira da Costa: Se existe um paradigma, que não existe dúvida, é que a concorrência é sempre saudável e deve ser estimulada. Precisamos entender, ou melhor, compreender, o papel das Bolsas para o mercado. Ele deixou de ser um meeting point onde compradores e vendedores se encontram para determinar preço dos ativos. O pregão não existe mais e, portanto, a nova Bolsa vai ter que superar a B3 oferecendo qualidade e sofisticação de serviços e nas negociações que a possa distinguir. Obviamente, o fator custo será determinante e temos agora essa nova variável que é a que certamente terá grande peso na fixação de preços nas Bolsas.
TOMAS ZINNER, economista: Quais são seus planos para os próximos 10 anos?
Roberto Teixeira da Costa: Por maior que seja meu otimismo, não me vejo atualmente depois dos 90 anos. Quero ser um velho saudável e não ser um “objeto” no final de minha existência. Este ano devo terminar mais um livro que de certa forma será uma continuação do livro publicado em 2023: “Crises Financeiras: Brasil e Mundo (1929-2023)”. Neste iremos analisar o perfil dos envolvidos nas grandes crises.
MARCO ANTONIO MOREIRA LEITE, economista: Para finalizar, como bom “tricolor de coração”, se convidado, você aceitaria o desafio de assumir a presidência do Fluminense?
Roberto Teixeira da Costa: Não tenho mais a energia de anos atrás para enfrentar um desafio desse porte. Certamente temos pessoas mais bem qualificadas. Sou favorável ao SAC que creio poderá ser de grande relevância para o Fluminense.
SOBRE MINHA TRAJETÓRIA
Meus muitos anos profissionais, direta ou indiretamente ligados ao mercado de capitais, gradualmente me conectaram aos mercados financeiros internacionais, particularmente aqueles dos países desenvolvidos, e foram fonte de conhecimento importante para a gestão de carteira de investimentos onde iniciei minhas atividades. Em 1958, aceitei o cargo de analista financeiro na Deltec, após atuar como estagiário durante 2 anos no Citibank, na época o maior banco estrangeiro em operação no país.
A Deltec, fundada por Claurence Dauphinot Jr. e Pierce Archer, era então pouco conhecida, e ambos, após sucessivas viagens ao país, vendendo bonds de empresas americanas, vislumbraram o potencial que nosso país representava. Depois, o mesmo ocorreu em outros países da região para o desenvolvimento de seus mercados financeiros, principalmente para equities e, na sequência, também títulos de dívida. Quando de sua entrada no país, tiveram dificuldades e foram obrigados a comercializar produtos importados, mas, posteriormente, em associação com importantes grupos financeiros locais, concentraram sua atuação na área de investimentos, principalmente como ‘underwriters’ de companhias nacionais para lançamento público. Criaram uma companhia de crédito, financiamento e investimento. Tornou-se mais conhecida com o lançamento de ações da Willys Overland do Brasil que se estabeleceu no Brasil para lançamentos do Jeep e mais tarde do Rural Willys.
Posteriormente, em 1966, após reforma do mercado de capitais pela Lei 4728 de 1965, que facultou a operação de bancos de investimento, a Deltec associou-se ao Banco Moreira Salles, formando o BIB, que mais tarde, com a conglomeração dos mercados, passou a operar como parte do Grupo Unibanco.
A área de investimentos, pela qual passei a responder, estava fundamentalmente ligada à economia do país, mas considerando o tamanho dos mercados no exterior, e a disponibilidade dos recursos existentes, antecipávamos que, gradualmente, esse fato nos obrigaria a olhar não exclusivamente nosso mercado e, sim, o comportamento externo. Diferentemente do setor industrial, historicamente muito fechado e protecionista, as instituições financeiras foram gradualmente obrigadas a olhar os mercados externos como geradores de produtos financeiros, e como canalizadores de poupança, com investidores em potencial para o nosso mercado, além de aportar técnicas de gestão de ativos devido a um elenco de profissionais mais experientes.
Quando comecei em 1958, ainda eram poucos aqueles que olhavam o potencial do país no mercado internacional. Eu mesmo, como analista financeiro (formado em economia em 1960 na Faculdade Nacional de Ciências Econômicas no Rio de Janeiro) e gestor de fundo de investimento, tomava decisões centradas nas variáveis internas, seja do setor empresarial, financeiro ou político. Progressivamente essa situação foi se alterando e, considerando que nossos principais executivos eram norte-americanos, fui estimulado a olhar o que se passava ao redor do mundo com suas possíveis repercussões.
Ademais, com o patrocínio da Deltec, fiz várias viagens ao exterior e pude assim adquirir gradualmente conhecimento de como os mercados se entrelaçavam e de como a poupança externa poderia ser componente relevante para o nosso desenvolvimento econômico.
As reuniões anuais da Deltec, realizadas em Nassau, eram momentos únicos para entender como as finanças e o fluxo de recursos desempenhavam papel crucial quando e se as barreiras que dificultavam ou impediam a livre movimentação de capitais fossem abolidas ou mitigadas. Marcante nessas viagens foi um período de estágio em Los Angeles, em 1962, junto ao Capital Group, na época uma das maiores gestoras de fundos de investimentos. No retorno, passei por Nova Iorque, visitando a New York Securities Exchange – NYSE, e algumas instituições financeiras de porte. Tive a oportunidade de participar de uma reunião no New York Security Analistys, quando constatei como as empresas de capital aberto participavam dessas reuniões para comentar seus resultados e discutir projeções, fato esse até então inédito no Brasil. Isso me motivou, a pioneiramente organizar as primeiras reuniões de empresas abertas com os analistas, e depois de lançar a importante semente para a criação da Abamec - Associação Brasileira de Analistas do Mercado de Capitais que, posteriormente, passou a coordenar esses encontros e apresentações.
Com essa introdução busquei marcar como, de forma crescente, construí uma percepção da importância das diferentes variáveis externas no desenvolvimento da economia e do mercado de capitais. Com o tempo, os investidores brasileiros buscaram diversificar seus negócios e participações no mundo, nos chamados mercados desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos.
DEPOIMENTOS SOBRE ROBERTO TEIXEIRA DA COSTA
“Roberto Teixeira da Costa é uma lenda do mercado de capitais. Iniciou sua carreira nos anos 1950 como administrador dos Fundos Crescinco, os primeiros criados no Brasil. Nos anos 1960 participou da criação do Banco BIB de investimentos, ligado ao Unibanco, numa época que o mercado de capitais ainda engatinhava no país, ainda sob supervisão do Banco Central do Brasil. Por essas experiências acumuladas e sua sólida base técnica foi convidado para ser o primeiro presidente da CVM. Lá pode produzir as bases do mercado de capitais depois da crise das bolsas na primeira metade dos anos 1970. À partir daí, criou a BRASILPAR, sendo também pioneiro em investimentos de private equity no Brasil. Tudo isso já bastava para colocá-lo como maior colaborador para o desenvolvimento do mercado de capitais no Brasil. Mas Roberto é incansável e continuou participando de entidades de classe e conselhos de administração de diversas empresas abertas. Dentre elas, participou do Conselho de Administração do Itaú à convite de meu pai Olavo Setubal por quem nutriam admiração mútua. Sua contribuição foi grande. Sempre questionador e participante, contribuiu para o crescimento do banco. Ate hoje Roberto não para. Escrevendo artigos para a mídia, fazendo provocações, para levar o mercado para as melhores práticas internacionais. Fora os diversos livros para debater e contar a história do mercado de capitais no Brasil e exterior, com sua vasta experiência. Após o falecimento de meu pai, tenho o privilégio de manter contato regular com Roberto através das redes sociais e pessoalmente. Tenho certeza que meu pai gostaria de ver como desenvolvemos nossa relação nesses anos todos. Tenho muito orgulho de ser seu amigo e continuar apoiando suas iniciativas e usufruindo dos seus profundos conhecimentos. Vida longa Roberto!.” - Alfredo Egydio Setubal, presidente da Itaúsa.
“Roberto Teixeira da Costa é um visionário que abriu caminhos para a maturidade do mercado de capitais no Brasil. Seu legado transcende a regulação, sendo alicerce de confiança e transparência em tempos de transformação econômica. Com ética, firmeza e pensamento crítico, desenhou as bases para o fortalecimento da governança corporativa, ampliando o horizonte para investidores e empresas. Sua visão inovadora inspira gerações, consolidando o papel essencial da CVM no desenvolvimento do nosso país. Seu impacto ecoa como exemplo de liderança comprometida com o progresso sustentável e o fortalecimento institucional.” - André Vasconcellos, diretor de Estratégia, Planejamento e RI da Fictor Alimentos e vice-presidente do Conselho de Administração do IBRI.
“Falar sobre o Roberto Teixeira da Costa é relembrarmos esse jovem, que aos 90 anos, continua exercendo sua inteligência em prol do melhoramento do País, dentro seu campo de interesse multifacetário. Será trazermos para o presente todo o seu esforço e sucesso no desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro e da inserção do Brasil no contexto internacional. O primeiro ocorre com sua designação para presidir a recém-criada Comissão de Valores Mobiliários a convite do Ministro Simonsen, enfrentando todas as consequências do ciúme incontido do Banco Central, pela perda dessa competência da então Diretoria do Mercado de Capitais. O segundo floresce quando funda o Centro Brasileiro de Relações Internacionais. Esses dois feitos são mero aperitivo de suas grandes contribuições para nós brasileiros. Vida longa Roberto!” – Ary Oswaldo Mattos Filho, advogado, ex-presidente da CVM.
“Ao longo da minha carreira, tive a oportunidade de interagir com Roberto Teixeira da Costa em diversos contextos, como painéis sobre mercado de capitais, governança corporativa e reuniões variadas. Suas contribuições sempre se destacaram pela ampla cultura, domínio impecável do português e bom senso - qualidades escassas no ambiente corporativo. Recentemente, como membro da CAM (Câmara do Mercado – Arbitragem), foi inspirador observar sua condução das reuniões, sempre promovendo debates produtivos e destacando-se como economista em ambiente majoritariamente jurídico. Além disso, sua sensibilidade no trato pessoal é admirável. Que venham os próximos anos desse verdadeiro “construtor de pontes”!” - Eliane Lustosa, economista e Conselheira de Administração de empresas e entidades.
“Roberto Teixeira da Costa é uma verdadeira lenda viva do mercado de capitais brasileiro, com uma trajetória marcada por visão e inovação. Como primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ele não apenas liderou a criação de uma autarquia crucial para o desenvolvimento do país, mas também construiu um legado que transcende gerações. Em sua própria fala durante as comemorações de 47 anos da CVM, Roberto destacou que seu trabalho na instituição dividiu sua trajetória profissional em "pré" e "pós-CVM", tamanha a relevância desse marco. Sua visão transformadora foi evidente durante toda sua carreira, com passagens pela Deltec e depois como vice-presidente executivo do Unibanco, até a implementação de práticas pioneiras na CVM, como o blind trust e a introdução de audiências públicas. Momentos como a crise de 1971 ilustram sua habilidade em navegar desafios, conciliando interesses do setor público e privado para modernizar e institucionalizar o mercado. Em recente entrevista à AMEC, Roberto lembrou que “precisamos continuar vigilantes”, uma declaração que reflete seu compromisso contínuo em fortalecer o mercado de capitais. Ao completar 90 anos, ele segue inspirador e construtor de pontes no mercado de capitais brasileiro.” - Fábio Coelho, presidente-executivo da Amec.
“Ao longo de sua carreira, Roberto Teixeira da Costa se destacou não apenas pela sua visão inovadora, mas também pela sua habilidade em articular entre diferentes participantes do setor financeiro e de capitais. Com sua energia infinita e uma disciplina exemplar, ajudou a construir e aperfeiçoar o ambiente de investimentos no Brasil, tornando-o mais seguro e acessível. Além de suas inúmeras realizações profissionais, Dr. Roberto é um exemplo de integridade e generosidade. Sempre acreditou na importância de retribuir à sociedade, participando de diversas iniciativas sociais e educacionais. Sua paixão pela justiça e pela ética nos negócios reflete seu compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Parabéns pelos 90 anos e vida longa ao meu amigo tricolor carioca! Rumo aos 120!” – Gilson Finkelsztain, presidente da B3
“Integridade, Transparência e Visão de Futuro são características do Mercado de Capitais que poderiam, facilmente, ser características voltadas ao Roberto Teixeira da Costa. Primeiro presidente da nossa CVM, ele desempenhou um papel fundamental na estruturação e consolidação do sistema de regulação e fiscalização do segmento. Sob sua liderança visionária, a CVM estabeleceu diretrizes e normas que promoveram a confiança dos investidores e contribuíram para gerar solidez no Mercado. Fico feliz em, hoje, estar sentado na cadeira que foi de Roberto Teixeira da Costa na fundação da Autarquia.” - João Pedro Nascimento, presidente da CVM - desde julho de 2022
“É emblemático que no ano em que Roberto Teixeira da Costa completa 90 anos, o prêmio Nobel de economia tenha sido concedido a três estudiosos sobre a formação das instituições e como elas afetam a prosperidade dos países. Roberto construiu do zero a Comissão de Valores Mobiliários, uma das poucas instituições brasileiras nunca vista em “boca de Matilde”. Boa parte desse êxito se deve a decisões centrais tomadas por Roberto, há quase 50 anos, que formaram uma cultura tão sólida a ponto de resistir, até hoje, aos problemas que a cercam. Mais que celebrar Roberto, o Brasil deveria aprender com ele.” - Marcelo Trindade, advogado, ex-presidente da CVM
“Conheci o Roberto na Faculdade de Economia. Era meu calouro, compartilhando uma turma com grandes amigos, meus e dele. Minha turma se formou em 1959 e a dele em 1960. Tempos depois, em 1973, ambos morando em São Paulo, ele me convidou para trabalhar com ele no BIB – Banco de Investimentos do Brasil, onde era Vice-Presidente de Investimentos. Convivo, portanto, com Roberto há mais de 60 anos, como amigo e companheiro de trabalho. No início de 1977, ao ser convidado pelo Ministro Mário Henrique Simonsen para ser o primeiro presidente da CVM, convidou-me para acompanhá-lo no desafio de criar essa autarquia federal do zero. Creio que essa experiência foi uma das mais importantes na minha vida profissional, como deve ter sido também na dele. Diz ele, que fui a primeira pessoa de quem se lembrou de convidar, que participei de todas as decisões importantes da CVM, e que fui seu companheiro de todas as horas. O que dizer mais do Roberto? Tenho o privilégio de sua amizade. Ele tem um grande número de amigos. No Brasil e no exterior. Fazer amigos e conservá-los é uma segunda natureza do Roberto. Gostaria, neste depoimento, compartilhar um pouco do que foi nossa experiência com a CVM, relacionando algumas das coisas que fizemos. Antes de tudo, é preciso registrar que ao chegar no desafio CVM ele já tinha feito escala e escola na Deltec e no BIB – Banco de Investimentos do Brasil. A Deltec, segundo ele: “abriu-lhe as portas para um novo universo, especialmente sobre a importância do mercado de capitais para o crescimento das economias em países desenvolvidos ou em desenvolvimento”. Posteriormente, a Deltec foi absorvida no coração do BIB, um dos primeiros bancos de investimento do país. Roberto, como Vice-Presidente de Investimentos estruturou uma grande área de investimentos, com excelentes profissionais, que logo alcançou uma posição de liderança no mercado de capitais, realizando operações de abertura de capitais, gestão de carteiras de grandes fundos de investimentos (Fundo Crescinco), administração da área de análise de empresas e investimentos, administração de uma corretora de valores e de uma grande rede de agentes autônomos, etc. Assim, Governo não podia ter escolhido, senão o melhor do mercado para a CVM. O início da CVM foi como dirigir um carro em uma estrada cheia de neblina. Nenhum de nós tinha experiência no serviço público e os primeiros companheiros que chegavam, também não. A “neblina” só começou a se dissipar quando ingressou na equipe, o Antonio Milão, que vinha do alto escalão da Receita Federal (nosso amigo até hoje). Segundo a Lei 6385/76, que criou a CVM, ela seria gerada por um Colegiado integrado por 1 Presidente e 4 Diretores, o modelo inspirado na SEC - Securities and Exchange Commission, americana. Assim, uma das primeiras providências do Roberto foi formar o colegiado. O que fez, criando uma equipe multidisciplinar, o que era pouco usual na época. Um advogado de empresas, um diretor-financeiro de Cia. Aberta e um corretor da Bolsa do Rio. Com a venda do Milão, da Receita, formou-se o 1º time da CVM. Tomamos muitas decisões. Algumas, a meu ver, impactam a CVM até hoje, passados 48 anos daquele início. Por exemplo: O organograma que formatamos para a CVM dividido em “atividades-fim” e “atividades-meio”, inovou, estreitando as “atividades-fim” de acordo com o conceito “marketing oriented” (orientado para o mercado) à saber. Uma Superintendência de Relações com as Empresas, outra de Relações com o Mercado e Intermediários e a terceira de Relações com os Investidores. Roberto sabe trabalhar em equipe. Sua liderança profissional é afável, o que gera um ambiente de trabalho descontraído e fraterno, que perpassa toda a organização. Roberto tem “escuta” e, frequentemente, emite sua opinião após ouvir as dos demais. Essa maneira de trabalhar impacta fortemente o “clima” da organização. Roberto é um gestor orientado para pessoas. Tempo, debates, reflexões foram dedicadas para fornecer para a CVM uma política de RH estruturada. Enfim o primeiro e o segundo ano da CVM, realizamos em dois dias da semana uma reunião de Planejamento Estratégico com a participação do colegiado, das Superintendências e dos gabinetes, de modo a congregar esforços conscientes de toda a equipe em prol de objetivos comuns. Até a CVM ter condições de estruturar e promover um Concurso Público para formar seu quadro de pessoal, tivemos que contratar pessoas nos mercado. Por decisão do Roberto conseguimos fazê-lo sem concessões ao empreguismo, através da contratação de um especialista em seleção de executivos. Após o laudo desse especialista, os aprovados ainda tinham que ser escolhidos por consenso de todo o Colegiado. Se bem me lembro formam mais de 400 funcionários admitidos por este critério. Conseguimos montar uma organização com base no mérito. Destaque especial deve ser dado a política de Comunicação Institucional da CVM. O Roberto se conscientizou de que a comunicação da CVM deveria ser proativa. Isto é, queríamos que o mercado percebesse a CVM como ela era na realidade e nos esforçaríamos para passar uma imagem real de que éramos. Só comunicaríamos o que percebêssemos como a nossa verdade. Assim, Roberto e eu, procuramos os principais nomes de propaganda do Brasil, à época, para que nos dissessem qual imagem pública deveríamos construir e como? Foi um “turnaround” muito rico para nós. Dele trouxemos, por exemplo, como uma contribuição, o conceito de Autorregulação que buscamos repassar aos diversos agentes e instituições do mercado como Abrasca, BVRJ, BVSP, etc. Estruturamos uma aula de comunicação, contratamos um jornalista experimentado para dirigi-la, criamos uma sala de imprensa e até treinamento sobre o mercado para jornalistas, fazíamos regularmente. Nenhuma decisão ou ato da CVM era promulgado sem ampla divulgação ao mercado. Também passamos a fazer audiências públicas antes das medidas que deveríamos tomar. Peço desculpas por me estender, mas a lista não termina. A CVM está ai até hoje. Um órgão do Governo que é respeitado na área em que atua. Esse respeito não caiu do céu. É fruto de trabalho profissional, dedicação, entusiasmo pelos seus objetivos e integridade. Esta é a palavra chave do que o mestre Roberto Teixeira da Costa quis legar.” – Marco Antonio Moreira Leite, economista, consultor de gestão de empresas, negócios e governança
“Algumas pessoas causam impactos desproporcionais nas áreas em que atuam. Quando a gente pensa no Mercado de Capitais Brasileiro, Roberto Teixeira da Costa é definitivamente, uma dessas pessoas que conseguiu realizar um importante e significativo legado!” – Ricardo Amorim, economista, CEO da Ricam Consultoria
“Aos 90 anos, saber e vigor definem Roberto Teixeira da Costa. Notei isso ao conhecê-lo, quando se iniciavam os anos 70, época que abrimos o capital da Metal Leve e participei do famoso seminário no México da Delta Investimentos, presidida por ele. Mário Henrique Simonsen, em 1976, chamou-o para fundar a CVM, que Roberto presidiu até 1979. Em 1992 tive essa honraria, convidado por Marcílio Marques Moreira. Em 1995, presidindo a Abrasca, tive apoio da CVM, Roberto e Simonsen para aprovar o sistema JCP (Juros sobre Capital Próprio), ainda vigente. Alegra-me estar no CEAL (Conselho de Empresários da América Latina) desde os anos 80, quando Roberto era presidente do conselho, e ser árbitro na CAM (Câmara de Arbitragem da B3), que presidiu até recentemente.” – Roberto Faldini, Conselheiro de Administração, ex-presidente da CVM
“Conheço Roberto Teixeira da Costa desde os tempos da Deltec e depois Unibanco. Sempre foi criativo em temas do mercado de capitais, se destacando por seu pioneirismo como primeiro presidente da CVM. Realizamos juntos em 1981 o primeiro seminário internacional sobre Venture Capital na ACRJ e na FIESP. Anos depois, quando fui presidente da CVM, regulamentei o Fundo de Investimentos em Empresas Emergentes, para apoiar a capitalização das PMEs, que iniciaram o ciclo de "startups" e fundos de venture capital.” – Thomas Tosta de Sá, presidente do Codemec, ex-presidente da CVM
“Não tenho muitos grandes amigos. O Roberto Teixeira da Costa é um deles. Nos conhecemos na faculdade de economia, atual UFRJ, onde nos formamos em 1960, quando nossos caminhos se separaram. Roberto iniciou sua carreira na Deltec, que após diversas transformações e mudanças acionárias, passou a ser Banco de Investimentos do Brasil (BIB) e depois Unibanco. Quando terminei a pós-graduação, Roberto me estimulou para me juntar a Deltec, uma multinacional especializada em Merchant Banking, com operações na América Latina e sede nas Bahamas. E assim nos reencontramos e desenvolvemos nossa rica amizade pessoal e profissional. Nos separamos quando, em 1977, Roberto foi nomeado o primeiro presidente da CVM, onde com seu talento e criatividade deu grande impulso ao incipiente mercado de capitais. Roberto é um pesquisador e escritor compulsivo. Seu interesse cobrindo vários assuntos, mas sempre procurando ressaltar os aspectos positivos do Brasil. Sua obra é extensa e importante. “Mercado de Capitais: uma trajetória de 50 anos” é um livro que não pode faltar em nenhuma estante dos estudiosos do mercado. Mais recentemente concluiu “O Brasil tem medo do mundo? Ou o Mundo tem medo do Brasil?”, obra desafiadora que mostra todo o conhecimento que tem da potencialidade e problemas do Brasil. Esse livro teve o privilégio de ser traduzido para o inglês e editado na Inglaterra em 2024. Curiosamente nossos caminhos profissionais voltaram a se encontrar no CEBRI, onde Roberto foi um dos fundadores.” – Tomas Zinner, economista, Conselheiro do CEBRI, ex-presidente do Unibanco.