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26º ENCONTRO INTERNACIONAL DE RELAÇÕES COM INVESTIDORES E MERCADO DE CAPITAIS

Evento destaca papel do RI na construção de valor e reputação das companhias
Durante os dois dias do evento, profissionais e especialistas de mercado abordaram temas como o financiamento das companhias, o fortalecimento do mercado de capitais, e o uso de inteligência artificial e de dados na prática de Relações com Investidores.

“A atuação em RI deixou de ser uma função de suporte para se tornar um eixo fundamental na construção de valor e reputação das companhias. E com base nesse contexto, este Encontro foi pensado para refletir não apenas os desafios atuais, mas também antecipar movimentos que já começam a redesenhar o futuro de nossa atuação”, enfatizou Renata Oliva Battiferro, presidente do Conselho de Administração do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores), na abertura da 26ª edição do Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais.

Promovido anualmente pelo IBRI em parceria com a ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas), o evento aconteceu nos dias 23 e 24 de junho de 2025, no Teatro B32, em São Paulo (SP).

“Sabemos que as relações entre as companhias e seus públicos estratégicos estão passando por mudanças estruturais, e o profissional de RI assume, nesse cenário, um papel cada vez mais central e estratégico”, declarou Renata Oliva.

“Este encontro representa muito mais que uma agenda técnica, ele simboliza a construção conjunta de caminhos, ideias e soluções, refletindo o amadurecimento contínuo do nosso ecossistema. Reunimos aqui profissionais de RI, especialistas de mercado, representantes de companhias abertas, de fundos de investimento, reguladores e demais agentes comprometidos com o fortalecimento do mercado de capitais brasileiro”, destacou.

Segundo ela, “acompanhou-se, nos últimos anos, transformações significativas no ambiente regulatório, nas expectativas dos investidores, na busca por transparência e na integração de temas como sustentabilidade, governança e digitalização às rotinas corporativas”. A presidente do Conselho de Administração do IBRI agradeceu a confiança dos patrocinadores e apoiadores para mais uma edição do evento e enalteceu a parceria de sucesso com a ABRASCA.

“Esta comunidade é um elo importantíssimo para construirmos um sistema de sustentabilidade. Somos um grupo que quer construir um país melhor e empresas mais competitivas”, afirmou Pablo Cesário, presidente executivo da ABRASCA. Ele fez referência ao momento desafiador, inclusive com o ambiente internacional bastante complexo e “cada um de nós aqui terá a responsabilidade de fazer acontecer a relação entre nossas companhias, nossos investidores, nossas comunidades e nossas equipes internas”.

O presidente executivo da ABRASCA fez reflexões sobre os desafios “que como comunidade somos chamados a enfrentar”. Ele citou a votação do PL (Projeto de Lei) 2925/2023, que objetiva alinhar a legislação brasileira aos padrões internacionais de Governança Corporativa, bem como a mudanças nas regras no segmento de listagem Novo Mercado.

“Temos um desafio enorme quando falamos de impostos. Temos hoje uma taxa básica de juros da economia de 15% ao ano. As nossas empresas aqui financiam-se, na melhor das hipóteses, com 23% ao ano e é muito difícil sobreviver nesse ambiente, quando se fala em aumento de impostos como é o caso do IOF”, ressaltou. “Um cenário de bons ventos foi o crescimento do mercado de crédito corporativo, que tem sido onde encontramos a maior parte dos financiamentos que as nossas companhias precisam”, concluiu Pablo Cesário.

João Pedro Nascimento, presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), na época, ressaltou que existem 420 empresas listadas na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) e, no entanto, esse número ultrapassa 600 quando se observa o número de companhias registradas nas categorias A e B da autarquia. “Existe uma quantidade expressiva de empresas aguardando o momento adequado para fazer sua Oferta Pública Inicial”, declarou.

Ele fez menção ao tripé regulatório que a CVM está trabalhando para trazer as pequenas e médias empresas para o mercado de capitais. O primeiro é o FÁCIL que objetiva desburocratizar o acesso dessas companhias ao mercado de capitais.

Além do FÁCIL, João Pedro Nascimento elencou “dois conjuntos de regras que bem trabalhados também auxiliam nesse esforço de promover uma aproximação das pequenas e médias empresas com o mercado de capitais”. “A segunda perna do tripé é a reforma do FIP (Fundo de Investimentos em Participações) e para fechar o tripé, a Resolução CVM 88 de regras para crowdfunding, que também está sujeita a algumas melhorias”, concluiu.

Homenagem à Rodrigo Luz
Logo após a abertura do Encontro de RI, houve homenagem do IBRI e da ABRASCA a Rodrigo Lopes da Luz, que faleceu em 22 de maio de 2025.

Renata Oliva Battiferro, presidente do Conselho do IBRI; Pablo Cesário, presidente executivo da ABRASCA; Luiz Roberto Cardoso, diretor-presidente do IBRI; participaram da homenagem. Paula Barhum Macedo, que trabalhou por diversos anos com Rodrigo Luz, recebeu a homenagem em nome da família.

“Nos pegou de surpresa sua partida. Quero deixar registrado seu legado no mercado de capitais”, enfatizou Luiz Roberto Cardoso, diretor-presidente do IBRI.

“Rodrigo Luz entrou em contato com o IBRI quando assumiu a área de Relações com Investidores da Eternit e a partir de então começou a participar ativamente do Instituto”, lembrou Cardoso. “Rodrigo Luz foi o idealizador do Programa de Mentoring e da Semana do RI. Ele participou ativamente no processo de registro da profissão de RI na CBO (Classificação Brasileira de Ocupações), onde a profissão foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho, em 2015”, observou Luiz Cardoso.

“Rodrigo além de ser um executivo exemplar, era um amigo. Perdemos um amigo e um profissional brilhante. Seu legado permanecerá para sempre. Fica aqui a saudade”, destacou Renata Oliva.

“Em nome da família do Rodrigo, vim agradecer esta homenagem. Ele foi um grande incentivador e um profissional que deixou grandes marcas”, concluiu Paula Macedo.

PAINEL 1: Instrumento de dívida e mercado de dívida
O primeiro painel do evento foi moderado por Leandro Almeida, coordenador executivo da ABRASCA, e contou com as apresentações de Caio de Luca Simões, debt capital markets do Bank of America; Luiza de Vasconcellos, debt capital markets do Itaú BBA; e Janaina Storti, head de RI do Banco do Brasil e conselheira de Administração do IBRI. “Nosso painel vai tratar das circunstâncias muito difíceis dos juros no Brasil e dados os acontecimentos internacionais com taxas voláteis”, anunciou Almeida.

Ao falar sobre os principais instrumentos de dívida utilizados no mercado financeiro e como eles diferem em termos de risco e retorno, Caio de Luca Simões argumentou que é preciso não ficar limitado a certos produtos. “Todo mundo tem feito um pouco do que consegue. Então, temos visto operações com um ângulo de ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance; em português, ASG – Ambiental, Social e Governança) para tentar atrair outros investidores”, exemplificou.

Segundo ele, o segmento de private capital cresceu bastante tanto no mercado local quando no exterior. “Acredito que a mensagem é de que há diversos tipos de instrumentos e para cada perfil de empresa. É só chacoalhar a árvore e ver qual é o melhor tipo de perfil e de produto para caber em cada um dos negócios”, apontou.

Na visão de Luiza de Vasconcellos, o mercado de crédito privado cresceu “muito no Brasil”. “Quando os nossos clientes querem falar de captação, eles olham de diversas formas, envolvendo o clássico setor bancário, mas também o mercado de capitais nacional e internacional. Para fazer essa avaliação, diversos fatores são levados em consideração como taxa de juros local e lá fora; perspectivas macroeconômicas; dentre outros assuntos. Ao longo desse processo, a importância do mercado local tem crescido bastante”, disse.

Para a executiva do Itaú BBA, a partir do momento que a empresa não se relaciona apenas com bancos, mas também investidores de renda fixa local e internacional, é preciso ter uma área dedicada para o relacionamento com os investidores que não seja apenas a área financeira que, de maneira clássica, já se relaciona com os bancos. Ela ressaltou a contribuição da área de Relações com Investidores nesse cenário.

Janaina Storti comentou sobre a entrega de valor do profissional de RI e o seu papel na escolha dos instrumentos de dívida. “A escolha de um título vai sempre ser vinculada à estratégia da companhia. Então, o que ela vai financiar, qual é o momento, qual é o custo estimado, trazendo a visão de alocação de maneira eficiente. Mas ela não é só uma discussão financeira, ela é estratégica também e, portanto, o RI tem esse papel de ser ponte entre a empresa e o mercado”, enfatizou.

Em sua opinião, a escolha de um instrumento de dívida não comunica apenas a necessidade e decisão de funding, mas também a visão de futuro da empresa. “O Banco do Brasil, por exemplo, quando opta por trazer o elemento ESG para suas emissões ele comunica e passa uma mensagem de que tem o compromisso com o retorno financeiro, mas além disso temos, também, o compromisso com a geração de valor e a criação de externalidades socioambientais positivas e isso repercute naquela operação”, detalhou Janaina Storti.

PAINEL 2: Estratégias para reduzir o custo de captação das companhias no cenário atual
O segundo painel foi moderado por Luciana Oliveti, gerente de Relações com Investidores da Vale; tendo participação de Luiz Felipe Figueiredo de Andrade, diretor de Finanças e RI da Caixa Econômica Federal; e Phillipe Casale, diretor de RI da Raízen. “Este é um tema bastante árido e cheio de oportunidades”, destacou Luciana Oliveti no início do painel. Ela lembrou que cenários mais voláteis e incertos também resultam em oportunidades que podem ser mais bem aproveitadas pelas companhias.

Os participantes compartilharam suas experiências na Caixa e na Raízen, bem como abordaram questões relacionadas às perspectivas e estratégias para se reduzir o custo de captação. Para Luiz Felipe, falar de captação envolve um olhar multidisciplinar, “pois temos um papel duplo sob a ótica de ajudar nossos clientes em uma captação numa melhor taxa e mais acessível, bem como também olhar para a nossa estrutura de captação e ver a melhor oportunidade de mix para poder rodar as nossas operações”.

De acordo com ele, enquanto instituição financeira a Caixa tem oportunidades de captação, de forma geral, via varejo com produtos tradicionais de captação, “mas também sob um viés de atacado temos operações estruturadas no mercado de capitais local e internacional”. “Na CAIXA, temos avançado de forma consistente no fortalecimento da área de Relações com Investidores, com foco em transparência, geração de valor e reputação. Acreditamos que o RI desempenha um papel estratégico na interlocução com o mercado, apoiando a tomada de decisões e contribuindo para a sustentabilidade financeira e institucional da empresa”, afirmou.

Phillipe Casale comentou que desde o IPO (em inglês, Initial Public Offering, em português, Oferta Pública Inicial), em 2021, a Raízen tem buscado gerar valor para o acionista. “Isso não é trivial num cenário em que as taxas de juros saíram do patamar de um dígito para 15% ao ano agora. Isso traz ainda mais desafios para essa agenda”, pontuou.

Os executivos falaram sobre o desafio da comunicação com diferentes fontes de captação e o papel do RI nesse contexto. Para Casale, “o RI é fundamental para o mercado. A transparência tem sempre que estar presente”.

Já Luiz Felipe enfatizou a importância da consistência no relacionamento com o investidor. “As peças de comunicação têm que ter o DNA da companhia, fazendo toda a diferença para a captação”, concluiu.

PAINEL 3: Apresentação da pesquisa Deloitte e IBRI – Evolução nas Relações com Investidores: Normas Regulatórias e Tecnologias Emergentes impulsionam o papel do RI
O terceiro painel do evento apresentou os resultados da pesquisa Deloitte IBRI – Evolução nas Relações com Investidores: Normas Regulatórias e Tecnologias Emergentes impulsionam o papel do RI. “A parceria Deloitte-IBRI nos permite acompanhar por diversos anos a evolução e as tendências nas Relações com Investidores.

Este ano temos a 18ª edição da pesquisa e gostaria de agradecer a todos que participaram. A parceria dos RIs é fundamental para realizarmos anualmente este estudo”, declarou Alessandra Gadelha, vice-presidente do Conselho de Administração e coordenadora da Comissão de Educação e Inovação do IBRI, no início do painel.

Reinaldo Oliari, sócio de Audit & Assurance da Deloitte, compartilhou os principais desafios atuais da área de RI e como tem sido a dinâmica dessa área em um cenário mais desafiador para o mercado acionário brasileiro com as altas taxas de juros e incertezas globais. “Estamos em uma secura de abertura de capital, algumas empresas, inclusive, estão fechando o capital. A taxa de juros está alta, mas nenhuma empresa fica sem capital, então, o RI acabou se adaptando e ele tem papel fundamental em saber se comunicar com investidores”, destacou.

A pesquisa “Evolução nas Relações com Investidores” foi elaborada com base em questionário on-line, aplicado entre fevereiro e maio de 2025. Participaram do estudo 34 empresas, das quais 50% estão listadas somente na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), 18% listadas tanto na B3 quando no exterior e 3% somente no exterior. Um terço (34%) tem receita líquida anual superior a R$ 7,5 bilhões. Entre os respondentes, 40% ocupam cargos executivos e 6% são membros de Conselhos de Administração. Quanto à área de atuação, 64% pertencem a Relações com Investidores e 21% a áreas Financeiras.

O levantamento contempla empresas de diversos setores da economia nacional, com destaque para os segmentos de Serviços Financeiros (37%), Infraestrutura (21%), Serviços (12%), Tecnologia da Informação e Telecomunicações (9%), Agronegócio (6%), Bens de Consumo (6%), Comércio (6%) e Mineração, Petróleo e Gás (3%).

A pesquisa identificou que as empresas brasileiras estão intensificando esforços para alinhar relatórios financeiros e de sustentabilidade – especialmente a obrigatoriedade das normas internacionais de sustentabilidade IFRS S1 (CBPS 1) e IFRS S2 (CBPS 2), que entram em vigor em 2026; ao mesmo tempo em que adotam tecnologias emergentes, como a IA (Inteligência Artificial), com foco em melhoria e personalização de conteúdo.

O estudo contou com a participação de empresas de diferentes portes e setores com ações listadas em Bolsa. Dos participantes, 84% esperam impactos significativos das novas normas (IFRS S1 e S2), enquanto 45% já observam a conformidade com os requerimentos dessas normas como o maior desafio da área de RI. Paralelamente, 62% utilizam ou planejam implementar IA na área até 2026, com foco em eficiência e ganho estratégico.

“A agenda de sustentabilidade e a transformação digital já são indissociáveis da atuação do profissional de RI. O levantamento evidencia que a inteligência artificial e as novas normas regulatórias estão na nova realidade, que exigem preparo técnico, visão estratégica e atualização contínua. Nesse contexto, capacitação e integração são fundamentais para fortalecer a comunicação com o mercado e gerar valor de forma consistente”, reforça Alessandra Gadelha.

Prioridades e desafios da área
Entre as prioridades das companhias para as áreas de RI nos próximos dois anos, destacam-se a maior governança corporativa (50%), melhoria na divulgação de informações com qualidade e tempestividade (41%) e incorporação de novas tecnologias, incluindo inteligência artificial (41%). Já entre os desafios enfrentados pela área de RI, estão o atendimento a normas de sustentabilidade IFRS S1 e S2 (45%), paralelamente, 32% das empresas continuam focadas em aprimorar suas estratégias de comunicação e, igualmente, em reestruturar a área de RI – implementando melhorias em procedimentos, políticas e na definição de papéis e responsabilidades, incorporar processos tecnológicos às atividades e intensificar a interação com investidores.

Adaptação às normas IFRS S1 e S2
A maioria das empresas (64%) ainda prevê iniciar a adequação apenas a partir de 2026, o que indica que a transição será acelerada e exigirá investimentos consistentes em um curto prazo.

Entre os principais desafios apontados estão: a necessidade de alinhar os relatórios de sustentabilidade e financeiros, adequar os sistemas internos e cumprir os prazos estabelecidos para padronização das informações. Para lidar com isso, 60% das empresas pretendem contratar consultorias especializadas e 53% planejam capacitar seus executivos e profissionais. A implementação de comitês internos, a contratação de auditorias externas para a asseguração razoável e o investimento em tecnologia complementam esse movimento.

“A convergência entre tecnologia e regulação está redefinindo o papel do profissional de RI. A adoção da IA e a adaptação às normas de divulgação de sustentabilidade e clima, IFRS S1 e S2, exigem não apenas conhecimento técnico, mas também visão estratégica e capacidade de articulação com diferentes áreas da empresa. O mercado está em busca de lideranças de RI que aliem pensamento crítico, transparência e domínio tecnológico”, afirma Reinaldo Oliari.

Sobre os desafios dos profissionais de RI, Reinaldo Oliari foi enfático: “participem dos projetos IFRS S1 e S2 porque o público-alvo dessas normas é o seu público, os investidores”, recomendou. Alessandra Gadelha complementou afirmando que as empresas menos maduras estão mais focadas no básico de RI que é estruturar a área, fazer reuniões com investidores, entre outros assuntos. Já aquelas que estão em estágio mais maduro estão focadas em temas relevantes como inteligência artificial e as normas IFRS S1 e S2.

A coordenadora da Comissão de Educação e Inovação do IBRI anunciou que o IBRI está preparando um curso de IFRS S1 e S2 para RIs.

IA cresce como aliada estratégica
A inteligência artificial tem se consolidado como uma ferramenta estratégica para a área de RI, sendo que 62% das empresas já estão utilizando ou planejando adotá-la até 2026. Entre os respondentes, 81% afirmam já ter passado por treinamentos sobre o tema, o que demonstra o interesse crescente por qualificação tecnológica.

As aplicações mais comuns da IA estão na produção e revisão de relatórios financeiros, elaboração de fatos relevantes e press releases, análise de dados, uso de chatbots internos e leitura automatizada de documentos. No entanto, apesar do avanço, o uso pleno ainda encontra barreiras significativas: 88% das empresas apontam a dificuldade de interpretação de dados financeiros complexos como o principal entrave, seguido por preocupações com governança e segurança de dados, transparência dos algoritmos e escassez de profissionais capacitados.

Apesar de 41% considerarem a incorporação de novas tecnologias, como a IA, uma prioridade estratégica, apenas 17% acreditam que ela tem alto impacto na prática para a área de RI, enquanto 43% avaliam seu impacto como médio. “Isso revela uma percepção ainda moderada sobre o potencial transformador da tecnologia, com tendência a aumentar à medida que cresce a incorporação da tecnologia no dia a dia das atividades da área”, avalia Oliari.

Estratégias ESG ganham força, mas ainda enfrentam desafios de robustez
A consolidação de práticas ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance; em português, ASG – Ambiental, Social e Governança) é apontada como um passo essencial para o cumprimento de divulgação das normas IFRS (do inglês, International Financial Reporting Standards; em português, Normas Internacionais de Relatórios Financeiros) de Sustentabilidade, oferecendo maior transparência aos investidores na tomada de decisão, incluindo a avaliação da estratégia de negócios mais sustentável e resiliente, mas ainda há lacunas a preencher. Mais da metade das empresas (55%) já criou métricas específicas de desempenho relacionadas a ESG. No entanto, apenas 31% vinculam esses indicadores à remuneração dos executivos, o que ainda limita o engajamento estratégico com o tema.

Além disso, ações como diagnósticos internos para avaliar o estágio atual da empresa, planos para aprimorar ratings ESG e medidas de prevenção ao greenwashing ainda são adotadas de forma pontual. No tema de diversidade, 78% das empresas afirmam ter líderes de grupos minorizados e 59% promovem ações de diversidade, equidade e inclusão.

O papel do profissional de RI evolui e exige perfil multidisciplinar
O profissional de RI tem ampliado sua atuação para além da relação com investidores, assumindo responsabilidades em áreas como finanças, governança e comunicação – realidade de 53% dos entrevistados. Essa atuação transversal favorece a integração entre relatórios financeiros e de sustentabilidade, cada vez mais demandada pelo mercado.

A pesquisa mostra que o maior desafio da área, citado por 84% dos respondentes, é justamente a necessidade de conhecimento multidisciplinar – nesse sentido, as formações mais procuradas para contratação incluem administração, economia, contabilidade, engenharia, entre outros. Entre as competências mais valorizadas para o futuro estão o pensamento crítico, comunicação interpessoal, análise financeira, inteligência emocional e liderança de equipes.

Comunicação com o mercado: entre a tradição e a inovação
Embora os canais tradicionais — como websites institucionais, e-mails e eventos como o Investor Day — ainda sejam os mais utilizados, cresce a percepção da importância de formas mais modernas de engajamento. Para 32% das empresas, desenvolver uma comunicação com investidores inovadora, disruptiva e diferenciada é uma prioridade.

A retomada de evento presencial também ganha força: 44% das empresas estão ampliando a realização de encontros ao vivo com o mercado, buscando maior proximidade com investidores institucionais e minoritários.

Para mais informações, basta acessar: https://www.ibri.com.br/pt-br/conhecimento/pesquisa-ibri-delloite/

MESAS-REDONDAS: bate-papo com especialistas
Nesta edição do Encontro de RI, houve uma atividade paralela durante o horário do almoço com mesas-redondas simultâneas. Foram promovidas mesas-redondas sobre diversos temas, a saber: ESG S1 e S2, com Alexsandro de Lima Tavares, presidente da CANC – Comissão de Auditoria e Normas Contábeis da ABRASCA; Listagem no Brasil categoria B e categoria A dicas de como começar o processo, com Gustavo Carrijo, coordenador da Comissão Técnica do IBRI; Listagem no Brasil categoria B e categoria A dicas de como começar o processo, com Leonardo Resende, superintendente de Relacionamento com Empresas e Estruturador de Ofertas da B3; Relacionamento com o investidor institucional, principalmente com o estrangeiro, com Gustavo Lopes Rodrigues, diretor de Relações com Investidores do Itaú Unibanco Holding; Avaliação das áreas de RI - definição de metas, com Ian Nunes Costa e Costa, gerente executivo de Relações com Investidores da Tegma Gestão Logística; Relacionamento com o investidor pessoa física, com Lícia Rosa, gerente de RI da Itaúsa; Como elaborar um relatório vencedor, com Victor Becker Tavares, coordenador de Sustentabilidade – Diretoria de Riscos e Controles Internos da Rede D’Or; Formador de Mercado, com Rodrigo Ribas, equities sales do BTG Pactual; e Política de negociação de valores mobiliários da companhia (Resolução CVM 44/2021) – controles e melhores práticas e Documentos de comunicação do RI, com Emerson Drigo, sócio do escritório VDV advogados e diretor jurídico do IBRI.

PAINEL 4: Transformação digital e dados no RI
O quarto painel do evento promoveu debate acerca da transformação digital e os dados no RI e foi moderado por PH Zabisky, CEO da MZ; e contou com as apresentações de Daniel Dias, manager of Solution Consulting da Workiva; Maiara Madureira, sócia das áreas das Companhias Abertas, Mercado de Capitais, Fusões e Aquisições e Societário do escritório Demarest Advogados; Juan Wiegand, superintendente de Market Data na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão); e Chris Blake, executive director of Advisory, Innovation & Technology da S&P Global.

“Vamos explorar um pouco temas como inteligência artificial, automação e como os dados estão mexendo com o dia a dia do profissional de Relações com Investidores. Acredito que o RI não é apenas a ponte com o mercado, mas é um contador de histórias, é um agente estratégico que vai mexer com reputação e criação de valor”, ressaltou PH Zabisky.

PH Zabisky resumiu os principais temas debatidos durante a conferência do NIRI (National Investor Relations Institute) como a evolução e perspectivas para a IA (Inteligência Artificial) Generativa nos próximos oito anos, a ascensão da inteligência artificial nas Relações com Investidores, a transformação no mercado de sell side com a inteligência artificial, dentre outros assuntos. “Primeiro atendimento, depois no marketing e agora em finanças. A inteligência artificial está mudando como as decisões estão sendo tomadas”, declarou o CEO da MZ.

Daniel Dias falou sobre o que vê de maior impacto da IA no dia a dia do profissional de RI. “A inteligência artificial consegue alavancar o trabalho do profissional de Relações com Investidores, portanto, estamos falando de agilidade, precisão e escala. Agora inteligência artificial ainda não consegue atuar tão bem quanto o RI humano quando falamos de contexto, sensibilidade política, percepção do momento do mercado e tomadas de decisões estratégicas”, destacou. De acordo com ele, a inteligência artificial desempenha o papel de “sensor analítico e o profissional de RI acaba sendo o intérprete desse sensor”.

“Acredito que a decisão de investimento ser realizada por um humano será substituída pela IA, mas vai demorar um tempinho. Em certos setores já está acontecendo”, disse Juan Wiegand. Para ele, há dois pontos principais nessa questão, o primeiro é preciso oferecer dados para a inteligência artificial e saber se comunicar com uma linguagem clara, ou seja, “saber se comunicar de maneira adequada com alguém que vai criar algo para você é muito importante”, complementou.

“Saber calibrar a ferramenta é tão importante quanto ter dados de muito boa qualidade, de forma a atingir os resultados desejados”, afirmou Wiegand, “Tem que ter uma constância, ou seja, monitorar e corrigir e assim sucessivamente. Este é o caminho”, mencionou.

Chris Blake discorreu sobre como a inteligência artificial pode impactar a decisão de investimento. “A inteligência artificial realmente está mudando não apenas o dia a dia do profissional de Relações com Investidores com a eficiência de tarefas manuais, mas as equipes de RI têm que estar alertas com relação a como os analistas buy side estão incorporando a IA em seus trabalhos e o que isso significa em termos de informação e como ela pode ser interpretada”, destacou.

Maiara Madureira discorreu sobre a responsabilidade de riscos e foi questionada se em um cenário em que as decisões são tomadas com o apoio da IA como na comunicação com investidores, no caso de haver erros quem deve responder legalmente. “Infelizmente vai ser sempre o Diretor de Relações com Investidores o responsável pelos dados transmitidos pelas empresas. Isso não muda e não vai mudar. Temos uma discussão jurídica que mal permite responsabilização de pessoa jurídica que dirá responsabilizar uma máquina”, alertou.

Ao falar sobre os cuidados que o profissional de RI deve ter, Maiara Madureira lembrou a Lei nº 6.404/1976, conhecida como Lei das Sociedades por Ações ou Lei das S.A., ou seja, “ainda estamos falando de deveres fiduciários dos administradores e ainda continuaremos apontando o dever de diligência, mas tem uma boa notícia, tudo tem uma certa limitação”.

Segundo ela, há decisões da CVM levando em consideração “a possibilidade de se confiar na decisão de terceiros e poderemos começar enxergar a IA como um terceiro”.

Maiara Madureira ressaltou ser preciso ter uma diligência prévia, ou seja, “que ferramenta está sendo utilizada? Ela é confiável? Tem uma base de dados confiável? Mudamos um pouco a perspectiva do RI que começa a ganhar outras responsabilidades, quando falamos de IA”, concluiu.

PAINEL 5: Dupla listagem – ADR BDR, como explorar outros mercados, por que duas listagens, como escolher a Bolsa onde listar e como fazê-lo?
O quinto painel do primeiro dia do evento foi moderado por Paula Derrico, vice-presidente sênior do BNY Mellon; e apresentações de Maria Carolina de Freitas Gonçalves, gerente de Relações com Investidores da Vitru Educação; e Pedro Jardim, gerente Jurídico da Petrobras.

“Nos últimos anos, observamos um grande movimento das empresas brasileiras buscando uma listagem nos Estados Unidos, seja uma listagem secundária com listagem primária na B3 e uma listagem secundária no mercado norte-americano com ADR (American Depositary Receipt). Vimos também um movimento grande a partir de 2020, de empresas buscando listagem única nos Estados Unidos. Esses são alguns dos modelos que existem e há uma tendência de evolução sobre qual estrutura a ser buscada no momento de uma listagem, de um IPO”, destacou Paula Derrico no início do painel.

Os participantes exploraram quais são os principais benefícios de cada uma dessas estruturas, quais são os principais desafios que elas trazem e comentaram se um único modelo serve para todas as empresas. “A decisão de fazer um IPO e onde listar a companhia encontra alguns obstáculos. Qual é o tamanho dessa oferta? Ela é primária ou secundária? Qual é o meu produto/serviço? Quanto espero de free float com essa oferta? A partir disso, deve-se olhar os fundamentos de Bolsa, mas em alguns casos temos que colocar a governança corporativa e a história dessa companhia junto para equilibrar esses pratinhos”, disse Maria Carolina de Freitas Gonçalves.

Pedro Jardim ressaltou que é importante não só compreender as regras do sistema jurídico do lugar em que se fará a segunda listagem, mas entender como as normas se dão na prática, “assim é possível mapear os riscos e os custos de observância e levar isso em consideração na hora de decidir onde se listar, em que base e formato”, acrescentou. Para ele, deve-se entender se naquele mercado há um excesso de litigiosidade, bem como se comporta o regulador do mercado, para assim minimizar riscos e erros.

PAINEL 6: Geração de valor para o Programa de Relações com Investidores – Insigths com as companhias que aumentaram liquidez no último ano
O sexto painel do Encontro de RI foi moderado por Fabiane Goldstein, CEO da FG-IR; e as participações de Hemerson Souza, diretor de Negócios, M&A, RI da Frasle Mobility; e Mariana Gimenez, head de Relações com Investidores da Eletromidia. “O aumento de liquidez é um assunto bastante relevante para todas as companhias. Tive a felicidade de encontrar dois panelistas que vão contar histórias interessantíssimas, complementares e relevantes. Eles vão trazer bastante cor para o painel”, ressaltou Fabiane Goldstein.

Mariana Gimenez compartilhou a história da Eletromidia de aumento significativo de liquidez. “Tive muito espaço dentro da empresa para criar. Sempre fui muito próxima do Conselho de Administração e argumentei que deveríamos tornar a empresa conhecida. Nos tornamos presentes em todas as conferências mesmo de instituições financeiras que não nos cobriam, mapeamos todos os eventos, todos os canais de RI e sempre tentando trazer o nome da Eletromidia para todos os lugares”, disse.

A jornada da Frasle Mobility foi diferente da Eletromidia, como contou Hemerson Souza. “A abertura de capital da Fras-le ocorreu em 1971 e sempre foi muito bem definida em termos de posições e controle”, disse. No ano de 1996, quando a Randon comprou o controle da Fras-le decidiu manter a companhia listada, mas sempre houve uma discussão no mercado se ela fecharia ou não. “Essas incertezas jogavam a liquidez da companhia para um patamar muito baixo”, disse.

Segundo ele, a organização definiu que a companhia continuaria listada, bem como haveria promoção de seu reconhecimento no mercado. “Em 2014, devido a condições macroeconômicas desfavoráveis, a Fras-le desistiu de realizar IPO. Mas o exercício de preparar a companhia permitiu realizar posteriormente follow-on (oferta subsequente de ações) e ampliar a liquidez”, concluiu.

PAINEL 7: Construindo a estratégia ESG
O sétimo painel foi conduzido por Jennifer Almeida, jornalista e subcoordenadora da Comissão ESG do IBRI; e contou com as participações de Isis Batista, gerente de ESG (práticas ambientais, sociais e de governança corporativa) e SSO (saúde e segurança ocupacional) do Grupo Tauá de Hotéis e Resorts; Marcel Vedrossi, gerente de marketing e de Relações com Investidores da Oliveira Trust; Marcus Thieme, CEO da Caramuru Alimentos; e Joanes Ribas, presidente da Comissão ESG da ABRASCA e diretora de Sustentabilidade da Vivo. Os participantes abordaram seus cases na adoção da jornada ESG e comentaram os desafios e principais dúvidas que surgiram ao longo dessa jornada.

 “Em fevereiro de 2025, o IBRI lançou o ‘Guia IBRI: Construindo a estratégia ESG’. A ideia de fazer o Guia surgiu em uma das reuniões mensais da Comissão em que conversávamos sobre a falta de material a respeito de como adotar a estratégia ESG. Hoje trouxemos alguns cases das empresas que participaram do Guia com um plus do case da Vivo”, disse Jennifer Almeida.

Marcel Vedrossi, gerente de Relações com Investidores da Oliveira Trust, contou quais foram os primeiros passos da empresa para adotar a estratégia ESG. “Quando cheguei à empresa há quatro anos, a Oliveira Trust estava finalizando o registro de companhia aberta. Eu falei que precisávamos estruturar algumas ações que eu via dentro da companhia que já fazíamos desde o carbon free, envolvendo a maneira que utilizávamos a energia e incentivos a projetos sociais. Sabia que seria demandado pelo mercado sobre isso”, explicou.

Vedrossi relatou que o desafio foi estruturar um programa (passo a passo) com um fluxo operacional para apresentar à diretoria e colocar em prática. “A maneira que comecei a vencer este desafio foi conversando com RIs e verificar o que era preciso ser feito. A primeira fase foi realizar a matriz de materialidade e, depois disso, ficou claro que era muito interessante contratar uma consultoria para me ajudar, já que eu não teria um time de sustentabilidade. E o processo de contratação da consultoria me ensinou muito”, afirmou.

Marcus Thieme ingressou na Caramuru Alimentos em 2021 para preparar a companhia para o IPO e um dos bancos que liderou o processo era estrangeiro. Por ser uma empresa do agronegócio, havia um profissional desse banco responsável pela área de sustentabilidade para verificar como a Caramuru estava fazendo a rastreabilidade dos grãos e “se nós não auditássemos a rastreabilidade esse banco não poderia participar da oferta pública inicial. E a auditoria da rastreabilidade estava perfeita e o que aconteceu foi que o mercado fechou e não realizamos o IPO, mas registramos a companhia na CVM para prepará-la para o mercado de capitais”, declarou.

De acordo com Thieme, como o mercado não estava favorável para equity, a empresa optou por emissão de dívidas e uma dessas opções era CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) verdes, “mas para fazer isso era preciso estruturar toda a área de reporte de ESG e começamos dessa forma. Chamei nossos diretores e mostrei como nossos competidores estavam fazendo. Engaje sua alta liderança e o Conselho, pois quando vem de cima para baixo fica tudo mais fácil do que quando vai de baixo para cima”, comentou.

Jennifer Almeida solicitou a Joanes Ribas relatar a experiência da Vivo com o Plano de Ação Climática e o Programa de Carbono da Cadeia de Fornecedores. “Sustentabilidade está na pauta da Vivo há pelo menos 28 anos, somos uma empresa do Grupo Telefônica (europeia) que segue as melhores práticas. “Em 2021, já sabíamos que a nossa trajetória para combater as mudanças climáticas estava muito próxima de uma redução de 90% das emissões. Quando se fala em combater as mudanças climáticas muito se fala das emissões de escopo 1 e 2 e pouco se fala do escopo 3 que é o maior desafio não só da Vivo, mas de qualquer setor. Ou seja, como você move a sua cadeia para reduzir as emissões. Desenhamos um plano olhando no diagnóstico interno mais de 1.200 fornecedores e fizemos um recorte que chegou nos 125 fornecedores mais intensos em carbono”, detalhou.

Segundo Joanes Ribas, ali se iniciou uma jornada com os fornecedores para que eles também atuem na redução de suas emissões. “Esse é um dos programas que temos e ele faz parte do Plano de Negócios Responsáveis, um plano estratégico do Grupo Telefônica em que reportamos todos os indicadores”, explicou.

Isis Batista do Grupo Tauá compartilhou com a plateia como o Tauá conseguiu em um curto espaço de tempo (2021-2023) incorporar as práticas ESG à estratégia do negócio e se tornar o primeiro resort do Brasil a neutralizar as emissões escopo 1 e 2. Em 2021, como ela contou, houve a medição da maturidade das suas boas práticas. “Foi o primeiro cenário para vermos quais eram os indicadores e as evidências atreladas às iniciativas”, pontuou.

“Não somente identificar o cenário, foi interessante verificar a opinião dos stakeholders conectada ao negócio com a matriz de materialidade. Identificamos 11 temas materiais, 4 deles prioritários que regem hoje a agenda de desenvolvimento sustentável do Grupo Tauá. Um dos temas materiais refere-se a mudanças climáticas e emissões e por isso fizemos a nossa jornada de descarbonização”, concluiu Isis Batista.

O “Guia IBRI: Construindo a estratégia ESG” é gratuito e está disponível no site no IBRI: https://www.ibri.com.br/pt-br/conhecimento/guia-esg/

Perspectivas Macroeconômicas
“A commodity mais importante no mercado financeiro é a confiança. Quem estabelece a confiança são vocês. Ao fazerem um bom trabalho de Relações com Investidores, vocês conseguem baixar o custo de captação de uma empresa, num país de taxa de juros alta como o Brasil”, enfatizou Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset Management, gestora de fundos de investimentos do Itaú Unibanco.

Wu destacou as incertezas internacionais elevadas e o problema crônico do Brasil, “que é o grande tamanho do setor público”. “Nossa carga tributária é 38% do PIB e tenho a impressão de que dá para gastar melhor esses 38%”, concluiu.

PAINEL 8: ISSB S1 e S2
O oitavo painel do evento foi moderado por Fernanda Montorfano, membro da Comissão Jurídica do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores), e contou com a apresentação de Virgínia Nicolau Gonçalves, superintendente de Sustentabilidade da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), e Rafael Vieira de Lima, gerente da GEA-5 (Gerência de Acompanhamento de Empresas – 5) da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Os participantes debateram sobre desafios e dúvidas, bem como o papel do profissional de Relações com Investidores no momento de adaptação às normas

“Tem-se falado muito de IFRS S1 e S2 e dos desafios das companhias. Estamos vivendo um momento diferente e, assim que o IFRS foi lançado, os profissionais de sustentabilidade, contabilidade, RI e outros envolvidos na pauta tiveram que entender a norma. Foi um momento de conhecimento. Hoje vejo uma nova era que vou chamar de execução. Precisamos sair dessa fase de entendimento e começar a fazer esses relatórios, só aprendemos fazendo”, afirmou Virgínia Nicolau Gonçalves no início do painel.

Entre os desafios e dúvidas da norma, Virgínia citou pontos como o mapeamento dos riscos e oportunidades materiais do ponto de vista financeiro, especialmente as oportunidades. “Boa parte das vezes, as áreas de gestão de riscos já têm um processo de avaliação de impacto e probabilidade de risco, mas nem sempre é feito da visão de oportunidades”, elencou. O segundo ponto, conforme informou, é a mensuração financeira do impacto dos riscos e oportunidades, ou seja, a conexão entre finanças e sustentabilidade é sem dúvida um desafio.

“Por fim, há a questão dos controles que com a asseguração razoável traz a necessidade de patamar de controle de rastreabilidade do dado”, observou.

Do ponto de vista da CVM, Rafael Vieira de Lima complementou a fala de Virgínia e disse que o grande desafio é a articulação entre a experiência que as companhias têm de reporte de sustentabilidade com as informações econômico-financeiras. Ao falar sobre o papel do RI nesse momento fundamental de adaptação às normas, ele informou que na maioria das vezes o primeiro contato da Superintendência de Relações com Empresas da CVM é feito com o departamento de Relações com Investidores das empresas.

“No que diz respeito às normas IFRS S1 e S2, acredito que se enquadre dentro da normalidade da interação da CVM com as companhias, que é por meio do departamento de RI. Se dentro da companhia essa atribuição será direcionada a uma outra estrutura ou se a área de RI terá uma participação não tão grande, essa questão depende de cada companhia. Mas em um primeiro momento a interação da CVM será com o departamento de RI”, concluiu Rafael Vieira de Lima.

CRSFN: Função e Estrutura
Antes do encerramento do evento, houve apresentação de Gryecos Attom Valente Loureiro, vice-presidente do CRSFN (Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional). Gryecos Loureiro estava acompanhado de Luiz Fernando Rolla, membro titular do CRSFN representando o segmento de Companhias Abertas e outros emissores de valores mobiliários, e Emerson Drigo, diretor Jurídico do IBRI.

Gryecos Loureiro discorreu sobre o funcionamento do CRSFN; quem são os envolvidos no julgamento; as etapas do processo de julgamento; dentre outros assuntos. “Por ser a última instância recursal nos processos administrativos sancionadores do SFN (Sistema Financeiro Nacional), o CRSFN é responsável por promover a harmonização na aplicação das sanções pelos diversos órgãos supervisores, tornando-se assim, o ‘guardião’ dessa conformidade no âmbito da política de PLD (Prevenção à Lavagem de Dinheiro) e Combate ao FTP (Financiamento ao Terrorismo), estabelecida pela Lei nº 9.613 de 1998, objetivando impedir a utilização do sistema financeiro e de outras áreas para a prática de crimes de lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo. “A lei estabelece mecanismos e obrigações para instituições e pessoas sujeitas a ela, com o objetivo de prevenir e combater essas atividades criminosas”, concluiu.

Encerramento
Luiz Roberto Cardoso, diretor-presidente do IBRI, destacou na mensagem de encerramento a participação de profissionais de outros Estados brasileiros no evento. “Participo da Comissão Organizadora do Encontro de Relações com Investidores e Mercado de Capitais desde a primeira edição e sempre é um prazer verificar a evolução do evento e conhecer novos profissionais, agradecendo a parceria com a ABRASCA, patrocinadores, apoiadores e equipe da organização”, destacou Luiz Cardoso.

Pablo Cesário, presidente executivo da ABRASCA, desejou que a parceria com o IBRI dure “muitos e muitos anos”. Ele ressaltou “a necessidade de se diminuir o custo de financiamento das companhias brasileiras e buscar uma sociedade mais próspera e sustentável”.

A 27ª edição do Encontro de RI e Mercado de capitais acontecerá nos dias 24 e 25 de agosto de 2026.

O 26º Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais contou com os seguintes patrocinadores: Diamante – Itaú Unibanco; Ouro – Banco do Brasil; blendON - ESG Services; Bradesco; BTG Pactual; Petrobras e Valor Econômico S/A; e Prata – B3 (Brasil, Bolsa, Balcão); Deloitte; Demarest Advogados; MZ Group; Netshow.me; Sando Video Service; TheMediaGroup; e Vale. Apoio especial: Cescon Barrieu Advogados; Fitch Ratings; SUMAQ; e Workiva. Parceiros de Mídia: Portal Acionista e Revista RI. Organização: SB Eventos.

Além disso, houve o apoio institucional das seguintes entidades: Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (ABRAPP); Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais do Brasil (APIMEC BRASIL); Fundação de Apoio aos Comitês de Pronunciamentos Contábeis e de Sustentabilidade (FACPCS); Instituto de Auditoria Independente do Brasil (IBRACON); e Instituto Brasileiro de Direito Empresarial (IBRADEMP).

Para mais informações, basta acessar: https://encontroderi.com.br


Continua...